Confabolando
No texto de hoje poderia falar de duas coisas, emoção e imagens. Não vejo como possa falar de emoção como foi a deste clássico. Seria pretensioso e desnecessário. Portanto, fico com a segunda opção.
A partida deste domingo, que tem tudo para ser lembrando durante um bom tempo, por torcedores de ambas as equipes foi um jogo de diversas imagens. Escolhi sete para ilustrar o que vi do jogo.
A primeira: Cantos e fumaça. A festa da torcida na entrada de campo foi extraordinária. A estreia do Green Hell diurno. Faça frio ou faça calor, seja noite ou seja dia, o Couto Pereira é um Inferno Verde, fato. O pulmão da torcida também fica fortalecido a cada jogo que passa. É de arrepiar.
A segunda: A jogadeira. ao abaixar a fumaça verde promovida pela torcida, vi a "jogadeira do centenário". Não sou muito adepto de estreia de camisas em clássico, sim, sei que é superstição. Mas ao ver a nossa camisa listrada em verde e branco algo me disse que o jogo seria nosso.
A terceira: A vontade e a raça da maioria esmagadora dos atletas. Marcelinho, Ariel, Jaílton, Jeci, Marcos Aurélio e vários outros que demonstraram raça ao vestir esta camisa. Marcelinho, por exemplo, tentava organizar o jogo e cobrava seus companheiros. Infelizmente, um de nossos jogadores foi o mesmo de sempre e nem a empolgação do clássico lhe fez correr mais ou ser mais rápido nas jogadas.
Quarta: A festa de Ariel. O artilheiro dos clássicos aliviado ao fazer o gol de empate. Não era justo e os deuses do futebol e Marcelinho se encarregaram de dar a chance ao gringo. Justissímo.
Quinta: O show do gringo. O nosso camisa 37 brincou com a bola dentro da área. Além das diversas embaixadinhas de lambuja ainda deu dois chapéus na defesa. Incendiou a torcida Coxa-Branca. Um lance para ser guardado na memória.
Sexta: Acabou. Após muito festejar com os companheiros no gol de Marcos Aurélio o capitão do Cori, Marcelinho Paraíba, voltou correndo em direção a torcida deles. Os braços faziam vários sinais de "acabou, acabou" e podem ir embora. Fantástico.
Sétima: De joelhos: Este ano o Imperador Adriano caiu de joelhos no Couto Pereira. O plebeu Galatto também. Após a jogada perfeita de Marcelinho e o chute na medida de Marcos Aurélio, o goleiro deles nem tentou. Apenas caiu de joelhos no gramado. Da realeza à plebe, todos se curvam ao time da Alma Guerreira.
Oitava: Queimaram a língua. Enquanto Marcelinho sinalizava para a torcida adversária Marcos Aurélio, autor do belo gol que deu a vitória para time que mais a buscou, passava a mão na língua mostrando que "eles" mais uma vez queimaram a língua.
Nona: Banana. Marcelinho, na saída do campo, correndo em direção aos vestiários e passando pela reta da Mauá. Ao invés da tradicional troca de aplausos entre capitão e torcida, Marcelinho aponta para a torcida deles e faz diversas bananas. Banana para eles. Para nós o recado foi outro e claro: "A partir de hoje sou Coxa-Branca de coração". Palavras de capitão.
Décima: Vergonha. Gostaria de ter parado na anterior, mas como nem tudo é festa não posso deixar de fazer esse registro. Ao ir em direção da torcida do Coritiba para afastar alguns torcedores da divisa que separavam nós deles, um policial que provavelmente é torcedor do time adversário passa como um vândalo tentando arrancar bandeiras, trapos e faixas da torcida. Uma vergonha. O Estado, representando por alguém que tentava destruir patrimônio privado. A corporação da Polícia Militar por toda a sua história não merece "profissionais" como este cidadão.
Estas foram as imagens que marcaram este clássico inesquecível para mim. Registradas em fotografia ou não, elas vão permanecer em minha memória, assim como várias outras vão permanecer no imaginário e na história do clássico. Para a torcida, comemoração até quinta-feira. Para os atletas, apenas no domingo. Segunda-feira é dia de se concentrar para o difícil confronto contra o Sport, em Recife. Enquanto a partida não chega, bananas e mordida de língua durante a semana.
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