Confabolando
Quando criança, lá em Pato Branco, a violência era praticamente zero. Raras exceções quebravam a regra, coisa apenas de desentendimentos juvenis que acabam em algumas pequenas trocas de tapas. Nada grave. Fatos, que inclusive, algumas vezes decorriam justamente das brincadeiras de rua. Medo näo havia e em meu bairro o movimento de carros era pequeno, o que possibilitava jogos na rua em diversos horários.
Um dos meus preferidos era o famoso “Bets”. Quatro pessoas, duas de cada lado, dois tacos (que normalmente eram pedaços de madeira), uma bolinha e duas casinhas (de latinhas ou feitas com pequenos pauzinhos apoiados entre si) para serem derrubadas. Diversas tardes rebatendo, correndo e cruzando os bets com amigos como o Fabrício Carraro e o André Bagatini.
Largar os bets, nunca largamos. Nem mesmo a bola perdida desistíamos de procurar. Cachorro brabo do vizinho, uma ladeira para descer na corrida e acompanhar o caminho solitário e voador da bola. Suor e joelho ralado do asfalto. As vezes, até a “tampa” do dedão do pé nos abandonava, deixando uma marca contínua e vermelha, que coloria o tom cinza do asfalto. Mas, largar os bets, nunca.
A situação complicada do nosso Coxa trouxe recentemente às nossas fileiras uma onda de desabafos, perfeitamente normais e compreensíveis. Alguns, mais chateados, lamentam:
- Dá vontade de largar os bets....
Este desabafo, que tornou-se um pouco mais comum do que costumamos ouvir, nada mais é do que uma lamentação momentânea. Ninguém consegue se afastar do Coritiba, pois é uma tradição centenária e histórica. Para muitos, atávica. A preocupação, comum e compreensível, a partir de hoje deve ser superada e substituída por muita força e coragem. Mas largar os bets, nunca.
Novamente a torcida que nunca abandona terá durante toda a semana uma grande responsabilidade. Mobilizar familiares, colegas e amigos da importância de uma corrente positiva em busca da permanência na Série A.
Como que atento ao asfalto e olhando a pequena bola vindo em sua direção, pronto para rebate-la de primeira e ver sua viagem pelo céu enquanto se corre para cruzar os bets e uma troca de abraços. Assim os jogadores têm a obrigação de jogar e vencer o Fluminense e os torcedores de cantar alto, para Curitiba inteira ouvir.
A vitória torna-se imprescíndivel na medida em que a torcida, que tanto sofreu este ano, merece comemorar um último resultado positivo em um período em que não se pode largar os bets.
A última batalha é agora e a guerra é nossa.
Domingo, 6 de dezembro, todos os caminhos levam ao Alto da Glória.
Vamos, vamos meu Verdão. Vamos não para de lutar. Vamos em busca da vitória eu vim te apoiar.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)