Confabolando
Uma das boas lembranças que tenho da minha infância era uma sala que meus pais fizeram para mim. Ali era o lugar de receber meus amigos, ver TV, jogar conversa fora e disputar algumas partidas de videogame. Um sofá e uma estante com televisão. Era a minha alegria. Além do meu quarto, aquele era o meu espaço na casa. Guardo ótimas lembranças daquele local. Lembro como se fosse hoje de programas televisivos, momentos vespertinos com mate doce e pipoca vendo sessão da tarde, partidas de futebol e algumas propagandas que marcaram a geração de crianças na década de 80. Uma delas sem dúvida era a do "Gelol".
Como esquecer daquela cena em que o menino, machucado após uma partida de futebol, tinha a ajuda do pai que lhe passava o mágico produto resolvendo sua aflição instantaneamente após forte dor ocasionada por uma pancada, seguida da famosa frase: "Não basta ser pai, tem que participar". Em seguida me lembro da imagem do meu pai, lá em Pato Branco, ouvindo os jogos do Coxa narrados pelo Lombardi Jr. Sempre que podia me dizia: "Não basta ser Coxa, tem que participar", curiosamente sem nenhuma alusão a propaganda...
Levei a cabo esta história de participar. Procuro sempre participar das coisas que gosto e acho importante. Não basta reclamar, elogiar ou algo que o valha. É preciso de uma maneira ou outra estar inserido dentro do contexto. Ir até um jogo do Coxa é participar de sua história. Reunir informações e as socializar, é dividir a história. Reclamar, elogiar, contestar e contextualizar também. Não abandonar é não deixar de participar.
No noite de 24 de julho de 2007 uma forte chuva caia em Curitiba. Mas 5,2 mil Coxas-Brancas contabilizado no público pagante resolveram participar. O Verdão enfrentaria a mesma Ponte Preta que está frente a frente conosco na próxima terça-feira às 20h30 no Alto de tantas Glórias. Naquele momento, a Macaca era tida como um dos times a serem batidos na série B, situação semelhante com a atual, onde a equipe campineira soma 11 jogos de invencibilidade.
Nem a chuva, nem o frio e nem o gol aos 11 minutos do primeiro tempo que colocou o Coxa em desvantagem no marcador, esfriaram a torcida. Ainda que perdendo, os gritos de "Cooooooxxaaaaa" não paravam de ecoar em um Monumental que se não tinha um grande público, tinha uma grande torcida. O resultado foi a virada, por 2x1 e a vitória de um time guerreiro e uma torcida participativa. Henrique aos 37 e Keirrison aos 48 fizeram o resultado que no final do campeonato também ajudaria a conquista do título daquele ano.
Terça-feira, 19 de maio, é dia dos Coxas participarem mais uma vez para garantir um resultado. Cantar, gritar, apoiar, ficar rouco e louco pelo Cori. Na arquibancada garantir no grito a classificação e no gramado determinação e raça para fazer o resultado dentro de campo. Mais uma vez a Ponte Preta, em uma terça-feira com o time precisando de apoio. Mais uma vez a torcida do Coritiba participará.
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