Confabolando
Embora não seja novidade, o futebol brasileiro tem registrado um fato interessante. Uma nova leva de ídolos, não se sabe por quanto tempo, está sendo criada. Não são atacantes cujo menino grita o nome ao marcar um gol na pelada, nem os meias criativos que decidem um jogo. Nem Neymar e tampouco Lucas. São os dirigentes ídolos.
Não se questiona o mérito daquele ou de outro dirigente. É preciso ter muitos acertos para transformar em elogios o que normalmente são críticas, principalmente quando falamos de torcedores.
No Santos, Luís Álvaro, fez o não ocorria desde a década de 70, quando o mesmo Peixe segurou Pelé das investidas estrangeiras. O bom momento econômico brasileiro ajuda, é verdade, mas a ousadia do Santos foi certeira e agradou não apenas o torcedor santista, mas também quem gosta do bom futebol.
Ainda temos no Vasco o ídolo dentro de campo e agora fora dele, Roberto Dinamite. O ex-atacante assumiu o comando de um Vasco da Gama combalido, rumo à segunda divisão. Muito embora pesem denúncias contra sua administração, hoje o time é a sensação do País. Campeão da Copa do Brasil e faz brilhante campanha na Série A. Recentemente Fernando Carvalho no Inter e Mário Celso Petraglia, no rival.
Agora chegou a vez do Coritiba. Presidente de fato e agora também de direito, Vilson Ribeiro de Andrade foi alçado a um status que há muito tempo não se via no Coritiba. O principal dirigente do clube, hoje, talvez seja o maior ídolo de sua torcida.
São dois lados distintos. O primeiro, que isso pode ser maravilhoso. Pois mostra um trabalho de recuperação fantástico de um clube que praticamente estava condenado ao ostracismo durante anos, culpa de uma péssima administração da qual Vilson também não pode se dissociar totalmente. Mas fato é que o clube está em recuperação.
Contudo, também há um risco muito grande. Para todos estes dirigentes, inclusive para Vilson. A relação de torcedores com seus ídolos, e a recíproca costuma ser verdadeira, é volátil. É preciso lembrar que todos eles são passíveis de erros, pois são homens comuns, embora as vezes possam posar de super-heróis.
O nosso, por exemplo, peca na falta de transparência em coisas básicas, como a ausência de uma prestação de contas sistemática ou resposta aos sócios em questões simples, como a venda de ingressos para o AtleTiba, que extra-oficialmente, ficou conhecido como a farra dos conselheiros. Alguns deles cantavam em verso e prosa como conseguiram seus bilhetes, de forma adiantada para si e alguns dos seus familiares. Isso tudo na fila com quem ainda tinha uma madrugada inteira pela frente.
O perigo, também mora, no fato de que o dirigente em questão passe a julgar-se maior que o clube. Fruto de tantas e reiteradas homenagens, apelos, elogios e ratificações.
Hoje, Vilson é sem dúvida um ícone do Coritiba. É a cara da atual gestão que tirou o clube de um futuro desconhecido e temerário para encher de esperança os corações alviverdes. Este é o cenário do clube que ostenta a maior série de vitórias consecutivas do mundo conquistada por um time que pode ficar marcado, também, por ser o time do quase...
Mas para todos estes cenários temos, no mínimo mais dois anos pela frente. Vilson decidirá o futuro do Coritiba e de seus milhares de seguidores. Assim como escreverá seu nome no clube, como fizeram Evangelino e Jair Cirino, cada um ao seu jeito. Mas escreveram e nunca mais será apagado
O ano do Coritiba está terminando, mas 2012 já está começando. O fim de uma temporada do quase, poderá ser quase apagado com duas hipóteses. A primeira é a conquista da Libertadores da América, que também passa por última fatídica, e possível, histórica partida. Desta forma o ânimo da torcida para o próximo ano também poderá ser desenhado por apenas um jogo. Muito injusto. Mas o futebol as coisas são assim. O último jogo do campeonato brasileiro será decisivo para como esse time será lembrado e como será o início da primeira gestão de Vilson Ribeiro de Andrade como presidente do Coritiba, de fato e de direito.
Identificação + raça + comprometimento = reconhecimento.
Essa é a fórmula matemática de Tcheco em seu retorno ao Coritiba. Tanto é assim que o grande Coxa-Branca Jonny Berica iniciou uma campanha no Facebook pedindo a renovação do meia para a próxima temporada. Para conhecer o movimento, que já conta com mais de 1.600 adeptos, clique aqui.
Assino contigo, Johny.
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Me despeço deste texto deixando alguns abraços. Vão para o Fernando e Ricardo Guerra, empresários pato-branquenses, que além de investirem no Coxa transmitem todos os jogos que podem em sua emissora de rádio no sudoeste. Coisa incomum para um local que se hoje começa a ter mais torcedores de times do Paraná, vivera durante bom tempos da rivalidade grenal. Ricardo, inclusive, é dono da maior coleção de camisas do Coritiba. Coisa linda de se ver, praticamente um memorial Coxa-Branca.
Abraços também aos advogados Paulo Cesar Aguiar Beraldo Filho e Marina Kalluf, grandes Coxas e que tem que aguentar um colega atleticano, que apesar de gente boa, é chato pra caramba.
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