Confabolando
Em meio a toda a confusão gerada pela entrega ou não do troféu ao Coritiba caso ele vença ou empate a partida e se torne, já neste domingo (24), Campeão Paranaense de 2011 recebo o e-mail que publico abaixo.
Trata-se de uma história curiosa, engraçada e que mostra que as cores que nos levam para lados opostos, não impedem que outros laços fraternais sejam mantidos e as vezes até desenvolvidos.
Quando há violência a culpa nunca é de X ou Y, mas de toda uma coletividade que extrapola o limite das torcidas e times.
Mas, por enquanto, melhor ficar com o texto do Eduardo Reinert.
Eu queria, através dessa minha história, extravasar e dividir um pouco do meu amor e orgulho de ser coxa-branca.
Comecemos então.
Eu nasci no já longínquo ano de 1981, e o futebol nunca foi muito comentado na minha família. As lembranças mais antigas são de meu pai enaltecendo a seleção de 82 e me falando um pouco mais do grande mestre Telê. Mas o velho nunca me falava do futebol do Paraná. Por conta disso, até os meus 11,12 anos eu não tinha um time do coração. Some-se a isso o fato residir por vários anos em Cuiabá-MT, onde o futebol praticamente inexiste.
Mas o assunto aqui é o Verdão!
Com 12 anos voltei pra Curitiba e um cunhado da minha mãe (ou meu tio, se preferirem) começa a me falar de um tal de Coritiba. E me contar histórias. Me falou de Aladin, Jairo, Rafael e outros. Eu começo e me interessar, me apaixonar e um dia chego em casa com a minha primeira camisa do Glorioso.
Meu pai quase infarta! Durante a bronca descubro que o velho torcia pro Trétis! Ao ser questionado como eu podia ter "me virado pro lado errado", respondo que ele nunca tinha me falado nada e ficamos nessa. Eu verde e branco e meu pai tentando me convencer do contrário.
Preciso dizer que até então eu NUNCA, repito NUNCA tinha pisado em um estádio de futebol.
Por conta disso, rolava uma "crise de consciência", em meio que achava errado ir contra meu velho pai.
Até que o dia chegou. Eu não lembro exatamente a data, mas lembro do jogo. Coritiba e Portuguesa. O Verdão tinha tomado um fumo lá no estádio deles e eles vieram pra Capital precisando de um empate. Meu tio (aqueeeeeeele de uns parágrafos atrás,lembra?) me disse:
Hoje você vai pro estádio e EU PAGO! E me deu a minha segunda camisa, que eu tenho até hoje! Patrocínio da SANYO.
O resultado do jogo não foi dos melhores, empate (3 a 3, eu acho) e fomos eliminados.Mas eu NUNCA me esqueci daquela massa gritando, empurrando e sofrendo junto. Dos cantos da torcida (fiquei sem voz naquele dia), dos fogos antes do jogo e da explosão na hora do gol.
Naquela noite, meu pai veio tentar me por pra baixo por conta da eliminação, mas eu respondi:
Pai! Hoje eu vi o que é ter ORGULHO de uma nação! Aprendi o sentimento de se sentir parte da algo maior, intocável. Hoje eu me tornei COXA BRANCA! E não tem nada que o Sr diga ou faça que vai mudar isso.
Desde então a gente se respeita, mas se zoa um bocado também.
Lamentavelmente estive no Couto Pereira para a compra de ingressos para o clássico. Minhas impressões sobre tudo o que ocorreu serão publicadas na próxima semana. O texto está pronto. Escrevi tão logo cheguei em casa por volta das 10h da manhã desta quinta-feira. Aguardarei pois até domingo o foco é o clássico, sobretudo dentro de campo. Depois publicarei minhas impressões.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)