Confabolando
"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te"
Friederich Nietzsche
Costumam dizer que a televisão mente. Bem, o aparelho obviamente não tem esta capacidade. É um mero reprodutor de bla, bla, bla inventados por seres humanos. Figura de linguagem. Um exemplo disso é a moça do tempo que equivocou-se.
Disse ela, claramente, com todas as palavras que este seria um sábado de sol. Não foi. O calor, sim, misteriosamente é de matar. Mas o Sol, o novo Sol, não apareceu. Ele desceu a serra e me deixou aqui, em Curitiba, sozinho. Quando o novo Sol poderá novamente brilhar no Alto da Glória?
Que saudades das tardes de sábado, ou domingo. As noites de quarta-feira. O programa certo, definido, irremediável e inegociável. O Couto Pereira. Neste sábado, seis de fevereiro, dois meses sem o Sol brilhar no Alto da Glória. Tempestades, clima chuvoso, nublado, qualquer coisa que seja. Menos o novo Sol brilhando.
Enquanto isso outros estádios, com condições infinitamente inferiores, continuam por aí. Alimentando sonhos mesquinhos de empresários, dirigentes e iludindo torcedores comuns. Mas o Coxa continua proíbido de frequentar sua casa. Neste sábado, seis de fevereiro, completamos dois meses de férias indesejadas.
A pressa para o primeiro julgamento transformou-se em morosidade. O calor do assunto travestiu-se da frieza da paciência. Enquanto isso, o Coritiba segue tendo gastos, prejuízos e a torcida Coxa-Branca, a que é a menos culpada, paga o ônus da violência de meia dúzia de vândalos e da falta de preparo na segurança no dia da crônica da tragédia anunciada. O sol transformou-se em nuvens.
Nas férias os adolescentes vivem seus amores de verão, que reza a lenda, não sobem a serra. Enquanto isso, os torcedores do Coritiba sentem o frio da geladeira dos homens que dão as cartas no futebol brasileiro. Ainda têm que descer a serra para ver seu time jogar. Priva-se do Green Hell, da bateria no estádio, de cantar, de entoar hinos de amor e de manifestar-se culturalmente.
Mas a mentira segue sendo contada. Ninguém mais acredita. Faz frio em Curitiba.
"O Diabo pode citar as escrituras quando isso lhe convém"
William Shakespeare
Ps: Este texto é dedicado ao meu pai, Ademir Mendes, que não entende como faz tanto frio em Pato Branco em pleno fevereiro.
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