Confabolando
A palavra raça, em um dos seus significados, diz respeito a uma categoria social. Isto, mesmo que biologiciamente, não haja evidencia de grupos raciais humanos. Para tanto, ela serve para que os grupos sociais utilizem categorias para se definirem, se compreenderem, além da própria organização social. O que não pode, de maneira alguma, é utilizar isso como preceito de qualquer tipo de preconceito. Em suma, esta é a explicação encontrada na Wikipédia para "raça". Eu, você, todos nós somos da raça "Coxa-Branca". Mas esta palavra remete à outro conceito, que nos remete ao Coxa. A raça como garra, como persistência e comprometimento.
Em 1955 o Coritiba já era assim. Acostumados com jogadores de boa técnica, os torcedores viram grandes jogadores desfilar toques de classes e jogadas bem construídas. Mas sempre exigiu raça para aqueles que representavam a raça Coxa-Branca. Hoje não é diferente, com o passar do tempo a torcida passou a exigir cada vez mais comprometimento com o manto Alviverde. O estádio Orestes Thá recebeu um AtleTiba neste ano. O Coxa saiu atrás, mas logo empatou. O placar apontava 1x1 quando três gols seguidos do rival, antes do final do primeiro tempo, jogaram alguns baldes de água fria no Campeonissímo. Para piorar ainda mais a situação, a primeira etapa da partida se encerrava 4x1 com o Coritiba com dois jogadores expulsos. Duílio, artilheiro do Verdão e Araújo receberam o cartão vermelho deixaram o campo mais cedo.
Na saída para o intervalo, naturalmente o Coxa saia abatido. Os jogadores cabisbaixos e na chegada ao vestiário o clima era próprio de um "guardamento". O Coxa precisava vencer para seguir vivo no campeonato. De repente, não mais que de repente, Miltinho rasgou o silêncio e tratou de levantar a moral do grupo. Outros jogadores entraram na onda e o time foi rapidamente reorganizado por conta da circunstância de dois jogadores a menos. O meia direita do Verdão entrou voando e logo mostrou que a garra coritibana não era falácia, já naquela época. Ele diminuiu e o Coxa empurrou o adversário, com dois jogadores a mais, para seu campo. Renatinho marcou mais e o Coxa ficava a um gol de um resultado histórico. Miltinho, ele de novo, dominou pela direita e avançou. O meia cruzou a bola e William mergulhou para escrever mais um capítulo "das raças" Coxa-Branca.
Cinquenta e quatro anos depois o Coritiba busca sua reafirmação no cenário nacional. Um clube que representa uma nação, que já foi gigante e busca reencontrar sua grandeza. Contudo, as duas raças Coxa-Branca começam pela sua torcida. O time tem sinalizado que também terá a mesma alma guerreira. Terça-feira será escrito mais um capítulo das nossas raças. Cada obstáculo é uma lição e entre o sonho e a sobrevivência há um grande abismo. A escolha é nossa. Raça para nossa raça. É o começo de tudo.
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