Confabolando
A platéia sentada aguarda ansiosamente a retirada do papel que está no envelope, sobretudo os três indicados. Milhões de pessoas ao redor do mundo acompanham pela TV. O lacre vermelho é retirado e lentamente o bilhete é revelado e lá está o nome do ator. Ele vibra por levar o prêmio de melhor ator coadjuvante. Grandes nomes do cinema tiveram seu momento de glória ao levar o oscar nesta categoria.
O último deles foi Christoph Waltz interpretando um dos melhores vilões da história do cinema, o Coronel Hans Landa, em Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino. O que este início de texto tem a ver com o futebol e com o Coritiba? O que tem Christoph Waltz de semelhança com o Coritiba? Muita coisa...
Há alguns anos leio de especialistas que as divisões econômicas no futebol brasileiro, acentuada por novas medidas como as injustas distribuições de cotas de televisão e do sistema pague-para-ver, tendem a aumentar ano após ano, formando um abismo ainda maior do que já é visto na Europa. Ora, vejamos: na Alemanha o Bayern de Munique reina absoluto, com um ou outro ano de intervalo de títulos na bundesliga. O tradicional futebol italiano, cujo calccio é um dos mais disputados campeonatos do mundo, está enfraquecendo. Inter, Milan e Juventus são os clubes com mais possibilidades, muito embora os dois últimos atravessem um período de crise. Na França, o Lyon reina absoluto e pouco há que se falar do Campeonato Espanhol, com Barcelona e Real Madrid polarizando a disputa.
O Brasil, ao contrário de outras grandes potências do futebol, sempre se notabilizou pela razoabilidade na disputa do campeonato nacional. Os favoritos sempre existiram, mas havia espaço para que um ou outro clube médio pudesse se destacar em uma temporada. Mas esta margem está cada vez menor, inclusive pela divisão desigual dos direitos televisivos (tema para outra coluna) e outro novo panorama, os investidores que se aproximam de equipes tradicionais do nosso futebol.
O Corinthians, que já tem Ronaldo e Roberto Carlos, agora corre atrás de Luís Fabiano. Ronaldinho Gaúcho assinou com o Flamengo. O Internacional tem um excelente elenco com jogadores acima da média como o argentino D'Alessandro e o paranaense Giuliano, do lado azul o Grêmio está com um bom elenco e tem o artilheiro do Brasil, o Jonas. O Santos é uma das promessas de futebol bonito e eficiente. Somente Paulo Henrique Ganso já faz toda a diferença e o que dizer se ele vier acompanhado do fantástico e polêmico Neymar e outros bons jogadores como está fazendo o alvinegro praiano? Há ainda o sempre forte São Paulo, que quase tornou-se o Lyon tupiniquim e o atual campeão Fluminense, de Conca e Muricy Ramalho. Isso sem contar o Cruzeiro de Montillo.
Estes são apenas alguns exemplos que vieram em minha cabeça em um momento, outros sem dúvida existem. Mas aonde quero chegar com toda esta dissertação? Que salvo alguma grande zebra, os principais postulantes ao título de Campeão Brasileiro de 2011 já estão definidos meses antes do campeonato começar. Clubes médios como Coritiba, Vasco, Botafogo e Bahia terão que suar muito para ficar no meio da tabela no campeonato deste ano. Até mesmo o Atlético Mineiro, de Alexandre Kalil com o apoio do BMG, está muito reforçado para esta temporada.
No Coxa a situação é ainda mais delicada. Com uma grande quebra de receita em 2010 e um ano totalmente deficitário em 2009, a aposta do time é a manutenção da base campeã da Série B do ano passado. Por isso é necessário avaliar conscientemente as reais probabilidades dentro do campeonato, traçando um planejamento real e não prometendo o que não se pode cumprir.
Em 2011 conquistar uma vaga para Libertadores de 2012 é uma missão quase impossível para qualquer time de médio porte, inclusive o Coritiba. Mas uma boa colocação na tabela, entre os oito primeiros, garantiria uma vaga na Sul-Americana, a nossa taça UEFA, valorizando o trabalho desenvolvido ao longo do ano. Seria uma espécie de oscar de melhor time coadjuvante. Eu estaria mais do que feliz com esta meta. Ser o melhor entre os coadjuvantes. Agora é trabalho dentro e fora de campo e torcida nas arquibancadas enquanto o bilhete com o nome do vencedor não é retirado do envelope.
And the oscar goes to....
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