Confabolando
Como vocês bem sabem meu nome é Gibran. O sobrenome Mendes, de origem portuguesa, talvez esconda um pouco as raízes árabes. O Gibran é devido ao fato de meu pai, de origem também libanesa, gostar de Gibran Khalil Gibran, grande escritor e com belas obras publicadas. Minha esposa diz que um dos momentos mais perceptíveis desta minha ascendência é a hora de negociar. "Corre sangue turco nestas veias", ela costuma repetir a cada desconto conseguido.
Pois bem, apropriado desta fama digo que o Coritiba fez um grande negócio ao contratar o nosso camisa 37, Ariel Nahuelpan. Digo isso não é de agora. O retorno financeiro virá mais adiante, contudo outros retornos não materiais já aparecem. Os gols do nosso gringo aparecem em momentos decisivos. Lembro do primeiro golaço de Ariel, na Copa do Brasil, quando com muita calma cortou o zagueiro de letra dentro da área e tocou no contra-pé do goleiro. Depois veio o belo gol contra o Inter e a pintura contra o São Paulo. Infelizmente uma lesão interrompeu sua série de gols. Mas ele voltou.
No jogo contra o Goiás, Ariel marcou sem dúvida o seu mais belo gol com a camisa que ele tanto preza e faz questão de cultivar devoção, raça e amor. Aí está outro valor intrínseco que dinheiro algum no mundo pode comprar, o que por si só já justifica o lucro Coxa-Branca. Amor e raça não se compram. A identificação instantânea do nosso camisa 37 com a massa Alviverde também não. O seu comprometimento leva, ou pelo menos deveria levar, seus companheiros a buscar total devoção a esta centenária instituição. Ariel já é Coxa e faz parte de nossa história. Com direito, inclusive, a "ArielMania", como diz nosso querido Dr. X.
Nunca imaginei ir até um estádio e ver um jogador chutar uma bola de primeira e mandar a bola para o segundo anel e ter seu nome gritado, idolatrado e salvo de qualquer critíca. Como retribuição cada gol seu é comemorado como se fosse o último, o mais importante e sempre ao lado da torcida. Esta é relação de Ariel com a torcida que nunca abandona. Um jogador guerreiro e que nunca desiste. Estes são os lucros, que dinheiro algum pode comprar, que o Coritiba já teve com sua contratação. Vida longa ao Ariel no Couto Pereira. Que muitas camisas 37 ainda sejam vendidas e vistas pelas ruas e que a principal, dentro do gramado, continue sendo sinônimo de gols e golaços importantes para o nosso Cori.
Falando em camisa 37, minha sogra, Gládis, que mora em Porto Alegre veio passar o feriado conosco em Curitiba. Colorada apaixonada, ela compartilha um carinho muito grande com o Coritiba. Bem como sua filha que eu importei para a capital das araucárias. Ela faz apenas uma ressalva: "Eu torço para o Coxa, só não contra o meu Inter". Ambas, por osmose deste humilde escriba, aprenderam a respeitar e seguir o Coxa. No sábado minha esposa, Letania, a levou até o Couto Pereira. Tinha uma missão importante, levar Gládis até o Monumental para que ela comprasse um presente para mim. Voltou com uma camisa número 37 com o nome do Ariel. Que belo custo benefício teve minha sogra. Eu o que o diga...
7 de setembro
Se para muitos brasileiro o 7 de setembro é marcado pela independência do País frente à coroa Portuguesa, para mim esta data para sempre será a data da coroa alemã. Explico, esta é a data do aniversário de minha querida mãe. Hoje ela fez 60 anos e e com tudo para seguir com muita paz, saúde e garra que sempre demonstrou. Mais que um exemplo de vida, Dona Ieda é parte fundamental do que sou hoje e de onde cheguei.
Infelizmente, por problemas de saúde, não pude ir até Pato Branco para lhe dar um abraço apertado. Mas ela sabe que todas as energias positivas possíveis são enviadas com um lote de urgência para a capital do sudoeste. Espero que para ela o custo/benefício do meu nascimento também tenha valido a pena.
Para fechar, deixo para ela a letra de uma música que sempre que a ouço lembro de dona Ieda:
Poema
Composição: Cazuza / Frejat
Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo
Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim
De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás
Parabéns Mãe e que logo possamos comemorar teus aniversários aqui em Curitiba.
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