Confabolando
Ontem, terça-feira, estava indo para um compromisso profissional. O trânsito, simplesmente maluco. O mundo sob minhas costas e centenas de carros em minha volta. Para me distrair, comecei a observar as pessoas. Coisa, que aliás, gosto muito de fazer. Vejo, então, sentado na porta de um modesto hotel, um homem de muletas. Deveria ter no máximo 28 anos. Os seus pés eram, por origem genética, virados para o lado, o que o impossibilitava de andar. Mas o que mais me chamou a atenção foi que da calça, a camisa, o casaco até o gorro, ele vestia Coritiba. Era Coxa. De certo, que muitas de suas dificuldades eram esquecidas a cada gol do Cori. Mas segui em diante.
Ao chegar ao meu trabalho, um auditório lotado. Muita gente. Busquei um local ao fundo, onde pudesse ter uma visão mais ampla do que ocorreria. Por algumas vezes, passou em minha frente, um rapaz. Também jovem, certamente não ultrapassava os 25 anos de idade. Andava em uma cadeira de rodas motorizada. Em um dos momentos em que ele transitou em minha frente, vi pendurado em seu bolso um chaveiro. Ele também era Coxa. E também de certo, para ele, muitas de suas dificuldades eram esquecidas ao gritar um gol do Verdão.
O lendário técnico do Liverpool, Bill Shankly, disse certa vez que o futebol não é uma questão de vida ou morte. É mais importante que tudo isso.
O futebol é a guerra da paz. É o confronto de grupos, de pessoas, de tradições. Quando se confrontam então duas instituições centenárias, a guerra é histórica. A batalha está nas mãos dos nossos guerreiros. O apoio, já partiu para as linhas inimigas. Milhares de Coxas estarão junto com vocês, ao teu lado Coritiba. Lutem, se preciso sangrem, pois estaremos com vocês. E, se de fato, não se faz futebol, política e literatura com bons sentimentos, como disse Nelson Rodrigues, vão até as últimas instâncias, até o limite. Se for para alguma mãe chorar, que chorem a deles...
Que os dois personagens ilustraram o início deste texto, amanhã, tenham ótimos motivos para esquecer, mesmo que por alguns momentos, os seus problemas. Bem como milhares de outros Coritibanos espalhados pelo mundo, até mesmo os loucos e roucos que nos representarão amanhã no Beira-Rio. Tudo, depende de nós. Dos atletas em campo, das vozes das arquibancadas e das energias positivas e força que outros milhares de ânimos enviarão para nosso Cori.
Este mesmo invencível Internacional, com D´alessandro, Alex e Nilmar, já levou quatro gols do Cori em pleno Major Antônio Couto Pereira. Façanha, que muitos consideravam impossível. Mas, nada é impossível para o Coritiba.
Força Coxa. Uma nação depende de vocês. Esta nação somos todos nós.
O Futebol não é uma questão de vida ou morte. É mais importante que tudo isso.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)