Confabolando
Era fevereiro de 1992. Eu ainda não tinha sequer completado 10 anos, mas lembro muito bem do meu ritual com pai. Jogo do Coxa, sem a possibilidade de transmissão na TV, significava que sentaríamos em uma mesa na sala de jantar. Ele na ponta, com seu motorádio e eu ao seu lado. A voz de Lombardi Júnior era quem desenhava os jogadores em nossas mentes.
Final de um jogo chato. O Coxa empatava com o Joinville em 0x0 no Couto Pereira pelo Campeonato Brasileiro da segunda divisão. Não conseguia identificar na expressão de meu pai qual era seu real sentimento. Tristeza, angústia, raiva, resiliência.... Parecia uma mistura de todos eles. Após esbravejar um pouco após o apito final ele, talvez com receio de que seu filho seguisse o caminho de outras cores, começou a me contar histórias e mais histórias.
- Filho, na década de 70 o Coxa era uma beleza. Nós íamos até o estádio apenas para saber de quanto iríamos ganhar.
Falou aquilo com um tom de firmeza misturado com saudades. Talvez até um ponto de receio de que épocas semelhantes não voltassem a ocorrer. Desde então, já se vão quase 20 anos. O Coxa teve suas fases boas, outras ruins e até as péssimas. 2006 e 2009 que o digam....
Mas após série de vitórias do Coxa não há como não lembrar do meu pai, que hoje com os privilégios das transmissões televisivas, deixou o velho motorádio de lado e acompanha o Coxa pela TV.
Os torcedores Alviverdes novamente tem o privilégio de ir ao Couto Pereira apenas esperando saber qual será o placar da vitória. Este momento é tão especial que leva meu pai a lembrar-se da década de 70. Leva torcedores como eu deixar de viver um passado em que nunca esteve presente e lega aos mais jovens lembranças que poderão ser contadas para as próximas gerações.
Hoje, o Coritiba está construindo seu futuro. Não há dúvidas de que isso não significa o mais importante de tudo: títulos. Nem a certeza de uma boa campanha no Campeonato Brasileiro. Mas está resgatando um sentimento de orgulho nos torcedores. Orgulho ferido por tantos e tantos anos.
Já nos primeiros meses de 2011, a nova geração de Coxas está tendo histórias para contar.
O outro lado
A vitória por 3x1 sobre o Atlético Goianense foi atípica neste ano. Atípica justamente pelo fato de que o Cori não foi o melhor durante o jogo. Aliás, chegou a ser dominado em boa parte da segunda etapa.
Se os grandes nomes do Coxa estavam do meio para a frente do campo, ontem, ele voltou a aparecer quando foi preciso. Edson Bastos, o Aranha.
Suas defesas garantiram o resultado quando foi preciso. Disse no começo do ano que meu trio no Coxa é Edson Bastos, Leandro Donizete e Marcos Aurélio.
Nos piores e nos melhores momentos, ele esteve lá. Mesmo que no banco de reservas, como foi na reta final do campeonato brasileiro mais vergonhoso da história do Coritiba, em 2009. Saiu e voltou de cabeça erguida.
Edson Bastos, a você, meu eterno respeito.
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