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Gibran Mendes06/06/09, 12h07
Confabolando

Inferno verde

Dizem que o diabo costuma enganar as pessoas. Se ele existe, é fato que mente. Na quarta-feira, 3 de junho de 2009, eis uma prova incontestável. A foto que você vê acima, retirada do blog da Torcida que Nunca Abandona, de Luiz Carlos Betenhouser Jr, não deixa dúvidas. Que vermelho que nada, o Inferno é verde. Coincidência ou não, times com esta cor costumam dançar abraçados com o capeta Alviverde. Esta imagem diz tudo. Foram mais de 90 minutos infernais para o adversário. Uma noite gelada, mas com o clima infernal no Major Antônio Couto Pereira. A fumaça é resultado da chama de mais de 34 mil guerreiros que fizeram história nesta fria noite de junho.

Dizem que quem faz história não sabe disso naquele momento. Eu, sinceramente, não imaginava fazer parte de um dos espetáculos mais belos já presenciados em campos brasileiros. A minha frente apenas fumaça e luz, era tudo o que eu via. A torcida Coxa-Branca transformou o Monumental do Alto da Glória de vez no Inferno Verde. Esta foto nos remete a algo grandioso, fantástico e praticamente imaginário. Só poderia ser a centenária instituição Coritiba e sua torcida que nunca abandona.



Renè Simões conta que antes de uma partida na busca do Cori pela volta à Série A passou uma estória para o grupo. Tratava-se, em resumo, de uma pessoa que foi conhecer o inferno e o céu. No primeiro, um grupo triste, com fome e um grande caldeirão de alimentos em sua frente. Eles também tinha colheres, contudo eram compridas demais para alcançarem as próprias bocas. Já no céu, a cena era praticamente a mesma, pessoas com as tais colheres. A diferença é que estavam todas felizes, pois alimentavam umas as outras. Mas aqui, no Coxa, as histórias se invertem.



O Inferno Verde é solidário. É um povo unido e com um ideal em comum.Foi solicitado a um torcedor que tirasse o casaco vermelho que usava. Ele prontamente atendeu, contudo certamente passaria frio. Estava na reta da Mauá. Eis que um outro Coxa-Branca, do segundo anel, lhe jogou um agasalho sobressalente que carregava. Pouco depois vi a distribuição de sinalizadores, que em mais um ato solidário, fez com que a festa fosse tão bonita quanto estas fotografias foram capazes de eternizar.



Eu ainda acredito. Acho que o nosso Coritiba, com a torcida que nunca abandona, um time de alma guerreira e jogando no Inferno Verde pode ir muito longe. Claro, cabe aos responsáveis reforçar a I Dinastia Paraíba. Mas o caminho está sendo traçado. Claro que a torcida precisa esquentar o Inferno verde. Mas se cada lado fizer a sua parte, a Sul Americana é um bom trajeto para o nosso Coxa, que pode lutar para conquistar, em seu centenário, a América e levar para nossa sala de troféus a Copa da Uefa latina.

Eu ainda acredito.

Sempre ao teu lado Coritiba

Gibran Mendes

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