Confabolando
De dentro da noite que me cobre,
Negra como a cova, de ponta a ponta,
Eu agradeço a quaisquer deuses que sejam,
Pela minha alma inconquistável.
Na cruel garra da situação,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.
Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta-se apenas o Horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.
Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.
Nome de filme e poesia, não necessariamente nesta ordem. Nome também da novela Alviverde até o momento. Esta é a semana Invictus no Paraná. O título de meu texto não poderia ser diferente. Tão abrangente e tão preciso...
O Coritiba vem numa série invicta e a brincadeira com as palavras, além de óbvia, foi necessária. Superação, controle, coragem, dignidade e recuperação. Todos estes elementos estão ou no filme ou na poesia, quando não em ambos. Adjetivos que também estão cabendo ao time de Marcelo Oliveira. No Alto da Glória mais um passeio. Sobrou em campo. Marcos Aurélio ilumina o campo com seus passes, sua visão de jogo e chutes cada vez mais certeiros. Ao manter a humildade que vem demonstrando e o compromisso com o trabalho o Coxa deve seguir sem dificuldades no Estadual, podendo embalar ainda mais para a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
A película, dirigida por Clint Eastwood, é um filme biográfico de Nelson Mandela. Independente de outros aspectos, trata-se uma obra prima pelo roteiro e pela vida de um exemplo de cidadania. Uma vida pautada pela busca da plena cidadania para ambos os lados. A ausência do sentimento de vingança e a capacidade de levar em frente um projeto maior sem deixar pequenos sentimentos exterminarem a esperança.
Cabe ao Coxa, pois ao contrário do que se prega, é um time de todas as cores. O primeiro a aceitar negros em suas fileiras, não apenas dentro do campo mas como também em sua direção. A resiliência, a volta por cima e a força para seguir de cabeça em pé.
A poesia reflete estes aspectos, mas cabe perfeitamente ao cartunista Luiz Solda. além da cabeça privilegiada, Solda é Coxa-Branca. Recebeu nesta semana uma bola quadrada. Reduziram mais um de seus geniais trabalhamos a conclusões tolas, precipitadas, agressivas e injustas. Excesso de adjetivos para se aproximar da realidade. Esta que Solda retrata tão bem. Com passagem pelo Pasquim e Jornal do Brasil, o cartunista é um dos exemplos dos paranaenses que se procura e não sei por qual motivo não se acha. As tais referências culturais de nosso Estado estão aqui, em nossa frente.
Banana para eles, Solda. Invictus para você. Do seu Coritiba.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)