Confabolando
Domingo, Curitiba é verde e branca de um lado, vermelha e preta de outro. Dia de AtleTiba é diferente. Amanhece de outro jeito. O café da manhã é um pouco mais tenso e o papo da família é só um. Camisas de ambos os times desfilam pela feirinha do Largo da Ordem, pela Rua XV e este mar de quatro cores desemboca por toda a cidade. E este clássico, o 345º da história, fez por merecer todo esse suspense e a rotina alterada de seus torcedores.
Foi o clássico do quase e do lugar comum. Quase é aquilo que por pouco, ou quase nada, não aconteceu. É probabilidade do não concreto. Serve como desculpa. Mas também pode servir de alerta com aspecto pedagógico.
Do quase, porque o Coritiba por pouco não deixou uma vitória fácil e que poderia ser histórica escapar pelos dedos. Do lugar comum a falta de atenção na defesa nas bolas por cima. Dois gols de cabeça em jogadas áreas. Assim como tem sido no time deles há pelo menos dois anos.
Mas também do lugar comum as belas jogadas de ambos os lados. A cortesia com o próprio chapéu de Leandro Donizete para Paulo Baier. Mas também a bonita e consciente cabeçada no segundo gol adversário. Mesma beleza da grande defesa de Edson Bastos na falta cobrada pelo mesmo Baier. Mas foi quase e logo depois Bill evitou o "se". Marcou o primeiro do clássico antes de titubear levando este pretenso escritor à loucura.
Entretanto, quase, não poderá aparecer nas desculpas para o resultado. Afinal, Héber Roberto Lopes que assim como seu auxiliar, chegou a ser empurrado por um jogador expulso, em nada alterou o resultado. Muito embora tenha deixado de aplicar um cartão amarelo em Manoel, que comumente acaba perdendo a noção da volúpia em suas tentativas de desarme.
No futebol, o Alviverde abriu o placar de forma rápida. Bill, Jonas e Davi marcaram. Aos 24 minutos o Cori fazia 3x0 no rival. O resultado era lugar comum pelo que apresentavam os dois times. O Cori, aos poucos, foi tirando o pé do acelerador.
Aí quase foi o empate do rival em dois minutos. No último minuto do primeiro tempo e o primeiro da segunda etapa. Na avenida do lado direito da defesa Paulinho cruzou para cabeçada de Nieto. Após a troca de lados, na primeira jogada ofensiva do rival novamente bola área e o argentino completa, em que pese a falha da defesa Alviverde, com uma linda cabeçada.
O lugar comum da galera Coxa, além do Couto Pereira, era um gelo na espinha. A memória do AtleTiba de 4x2 na baixada era no que se agarravam os verdes. Quando o Coritiba parecia perdido em campo, desperdiçando passes normais, Marcos Aurélio bate linda falta para boa defesa do goleiro Silvio. O Coxa parecia voltar ao jogo, tanto é que logo depois Bill teve boa oportunidade mas a conclusão foi uma cabeçada bizonha, com a bola indo para esquerda quando o seu caminho era contrário.
Marquinhos, pouco tempo depois, daria uma linda caneta no zagueiro adversário antes de chutar para fora. Lugar comum para o baixinho que seria substituído para entrada de Marcos Paulo. Gostei da entrada da jovem jogador, mas não da saída do camisa 10 Coxa.
Aos 25 minutos Dona Araci, ao lado do radinho, deu um nó com tanta força em uma das meias para amarrar as pernas de Paulo Baier que chegou a rasgar a velha proteção do pé. Parece que a mandiga foi forte mesmo, afinal o meia saiu reclamando de dores na coxa. Ela também comemorou muito o gol de Davi aos 26 minutos do segundo tempo, que sacramentou a vitória e o lugar comum, pelo menos nos últimos quase três anos. Golaço.
Entretanto, nem lugar comum e nem quase foram os descontroles dentro de campo. Rafinha, que tomou cartão amarelo, por se estranhar com Manoel que não foi advertido. Depois a confusão começada pelo adversário no meio do campo e algum tempo depois a agressão de Guerrón e seus empurrões em quem aparecia na frente, seja jogador de qualquer um dos times ou até mesmo do trio de arbitragem. O exemplo deve vir tanto de fora quanto dentro do gramado.
Quase também foi Bill, que poderia ter se consagrado ao lado de Davi, fazendo mais gols no Atletiba. Aos 36 minutos chutou de perto e depois de longe para duas grandes defesa do Silvio. Lugar comum também foi a entrada de Theco para segurar o jogo, o que fez muito bem.
A vitória Coxa foi o lugar comum neste clássico. Jogou mais e merece. Levou dois gols em duas falhas. Mas jogou mais e fez por merecer a vitória. Agora a torcida Coxa que deu mais um lindo espetáculo no Couto Pereira, faz a festa. O time e a comissão técnica, enquanto isso, trabalharão para fazer o Cori fugir do lugar comum e pensar em voôs mais altos na Copa do Brasil.
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