Confabolando
Amigos, como prometido, o texto de Dona Araci sobre a goleada Coxa sobre o Palmeiras:
Dias antes do jogo do Coritiba contra o Palmeiras ouvi uma discussão de meu neto mais novo, Fabinho, com um amiguinho seu, torcedor de outro time. A discussão não poderia ser mais boba. Quem era o verdadeiro Verdão. Como se isso tivesse alguma importância...
Mas fato é que no ano em que nasci, 1939, o Coritiba já completava seus 30 anos de existência e alguns títulos acumulados. O Palmeiras chegava aos 25 anos de existência. Por uma questão de lógica, fica desde então estabelecido quem é o verdadeiro Verdão. O primeiro. Mas deixei ambos naquela discussão, aprimorando os argumentos para o que a vida ainda lhes guarda.
Na manhã de sexta-feira, Fabinho, meu neto, acordou radiante. Colocou uma camisa do Coritiba em sua mochila e foi para a escola. As brincadeiras e provocações aos amiguinhos que torcem para outros times já estavam prontas e ensaiadas. O Felipão era uma das principais vítimas. Merecido. Com aquela idade e aquela experiência não aprendeu um ditado que deve ser comum lá em Passo Fundo: quem fala demais dá bom dia ao cavalo.
Mas o grande alvo de Fabinho seria seu amigo, aquele que disse que o Verdão original era o Palmeiras. Ah, bobinho, falou demais assim como o técnico do seu time. Pouco importa para as datas se um time está no estado mais rico do País. Assim como nada representa para o que acontece dentro de campo o que se fala sobre tradição, que muitas vezes é confundida com história narrada e registrada.
E foi dentro de campo o Coritiba foi mortal. Confundiu até essa senhora idosa com seus toques de bola. A rapidez na troca de passes me deixou completamente tonta, lembrando-me de minha labirintite. Assim como a troca de posição entre jogadores que fizeram Felipão lembrar do alemão. A minha memória também me castigou na hora de contar os gols e mais gols anotados pela equipe solidária do Coritiba, como diz o nosso técnico Marcelo Oliveira. A marcação da defesa do Verdão era maior que a do meu pai sobre Joaquim quando namorávamos.
Uma equipe de meninos. Piás que jogam futebol como se estivessem no campinho ao lado de casa. Que brigam com si mesmos a cada bola perdida. Que comemoram feito crianças a alegria de um gol. Comemoração coletiva, assim como o futebol que jogam. Coisa que parecia ficar perdida e esquecida nos sonhos de guris que jogavam bola pensando em um dia ser jogador de futebol. Coisa que este Coritiba está resgatando.
Ah, o Coritiba. Time que continua me dando felicidades e me faz sentir de novo menina, ao lado de Joaquim. O mesmo Coritiba que semeia sorrisos no rosto do meu neto. O Coritiba, o primeiro e único verdão do Brasil.
O Coxa de todos nós.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)