Confabolando
Marcos Aurélio, atacante do Coritiba. Nelson Rosa, funcionário público. São os dois homens de tiro longo que conheço no Paraná.
O atacante Coxa tem assumido, cada vez mais, a missão de bater as faltas para o Coritiba. Confesso: me causava indignação ver um time que durante anos ficou sem ter um grande batedor de faltas. A infração, próxima da área, deve obrigatoriamente levar medo ao adversário. Deixar a jogada correr ou arriscar uma falta na entrada da área? Esta deve ser a dúvida do zagueiro ao ver o avante adversário entrando em boas condições de gol. Não era o que ocorria no Coritiba.
Em 2007, com Anderson Lima, o Coritiba ainda levava certo perigo nestas jogadas. Em 2008 o Coxa marcou apenas quatro gols de falta e no ano passado apenas dois, um de Renatinho e outro de Marcelinho Paraíba.
Mesmo quando tivemos jogadores tidos como bons cobradores de faltas, no Coritiba, por um motivo ou outro, não demonstravam a mesma pontaria certeira que em outros clubes. Até que Marcos Aurélio resolveu iniciar a mudança deste paradigma.
Contra o A. Paranaense, no estadual deste ano, empatou o clássico em uma linda cobrança de falta na Baixada. O goleiro adversário nada pode fazer a não ser ver o gol novamente no replay para ter a certeza de que sua presença naquele lance era meramente figurativa. Os artistas principais eram a bola e Marcos Aurélio.
Vieram também dois gols de falta contra o Iraty no estadual. Marquinhos, voltando de contusão, marcou outro golaço de falta contra o Vila Nova. Um tirambaço, de longe, o famoso tiro longo. Na partida contra o São Caetano, um novo golaço.
Na minha conta já são cinco, mais do que no ano passado inteiro. Que Marcos Aurélio continue assim, fazendo gols de falta e obrigando os zagueiros adversários a pensar duas vezes antes fazer uma infração.
Enquanto isso, uma das figuras mais antigas do mundo, o Nelson Rosa, também revelou-se um homem de tiro longo. Reza a lenda que Nelson foi o primeiro marujo a embarcar na Arca de Noé e o responsável pela extinção do Quizurumbim, espécie de mamífero que deixou de levar até a arca. Teria sido também o escriba que esculpiu as tábuas dos 10 mandamentos e muito mais que isso: quando Deus disse: “Faça-se a Luz”, há quem diga que Nelson foi o primeiro engenheiro elétrico do mundo a fazer todas as ligações necessárias.
Pois bem, Nelson revelou-se o homem de tiro longo de uma forma diferente de Marcos Aurélio. Ao contar parte de sua infância, em Abatiá, no Norte Pioneiro do Estado, lembrou de passagens curiosas como a chegada do sabão em pó, do fogão a gás e da panela de pressão. Relembrou também como seu usava o banheiro naquela época, quando uma casinha era colocada do lado de fora da residência e sem saneamento básico, um buraco era responsável pelo acolhimento dos dejetos humanos. “Quando íamos até o banheiro, mandávamos um ‘tiro longo’”, resumiu.
Vida longa ao bi-centenário Nelson Rosa e ao torpedo Marcos Aurélio. Os dois homens de tiro longo do Paraná.
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