Confabolando
Um dos objetivos do Confabolando é abrir o espaço para discussões, elucubrações, histórias e estórias sobre o Coritiba e suas extensões. Quem começa essa história é o arquiteto e fiel Coxa-Branca Edson Abelardino da Silva Neto, que analisa os entraves envolvendo o novo estádio do Coritiba e também a história da construção do Major Antônio Couto Pereira com sua tarimba profissional. Pioneirismo e vanguarda também são marcas registradas do Coxa.
Olá Nação Alviverde,
Gostaria de compartilhar minhas idéias sobre o veto do Secretário de Urbanismo de Curitiba, Luiz Fernando Jamur ao anteprojeto do novo Couto Pereira. Disse ele: “É diferente do estádio, que é aberto em ocasiões eventuais e fora dos horários de pico. Se hoje o sistema viário da região já está sobrecarregado, imagine com todos esses estabelecimentos usados ao mesmo tempo. Não há condições de absorção”.
Confesso que desconheço o anteprojeto em detalhes, mas talvez o que explique o veto do secretário seja a falta de proposta de reformulação ou adaptação do sistema viário no entorno do Couto Pereira. Para um empreendimento desta magnitude é de praxe uma proposta viável de melhoria de circulação tanto para pedestres como para veículos. Tal modificação ficaria a cargo do Coritiba e de seus parceiros para tornar o empreendimento sustentável. Outros empreendimentos aqui como Hipermercados e Shoppings, e até mesmo estádios em outros lugares do mundo já fizeram o mesmo, muitas vezes independente da região em que foram implantados.
É louvável a preocupação do Secretário com o impacto que sofrerá o bairro e a cidade com uma obra desta grandeza (afinal é o trabalho dele). Parece-me que falta a mesma grandeza na hora de propor uma solução mais realista e objetiva.
Sabemos que os interesses de nossos parceiros devem ser respeitados, mas não devemos recuar de maneira que o principal interessado, nosso Glorioso, saia prejudicado. E tampouco deixar passar a euforia que a Copa do Mundo de 2014 causa nos investidores.
A história do Couto Pereira ou de sua construção parece querer nos dizer alguma coisa. Em pesquisa no site oficial do Coritiba eu extraí as seguintes palavras:
“Ao contrário da maioria das grandes construções no país, seja de complexos esportivos ou estádios, a construção do grande estádio no Alto da Glória tem uma história de dedicação de seus torcedores e pessoas apaixonadas pelo Coritiba.
O projeto foi elaborado por Ayrton Lolô Cornelsen, irmão de Aryon Cornelsen, que foi presidente do Coritiba de 1956 a 1963. No entanto, anos antes, em 1943, o projeto foi apresentado ao governo do estado. Emílio Hieges, Secretário da Fazenda do governador Lupion, vetou as obras alegando que destoava do padrão empregado nas construções do estado.
Após 10 anos o projeto foi novamente disponibilizado para construção, porém não houve interesse da sociedade . Os clássicos de Curitiba, que precisavam de um grande estádio, tiveram que esperar mais alguns anos para ver a obra acontecer.
Caberia ao Coritiba o pioneirismo. Depois que Aryon Cornelsen assumiu a presidência do Clube não se mediu esforços para dar início às obras, ocorridas a partir do dia 6 de janeiro de 1958. A partir daí seria necessária muita dedicação, que faria do futuro estádio um orgulho para o povo paranaense e para a nação coxa-branca.”
Penso humildemente que a história se repete e que mais uma vez caberá ao Coritiba o pioneirismo. Se temos hoje um grande empreendimento em nossas mãos então devemos pensar grande. Fazer valer a raça que tanto pedimos em campo e que agora deve sair das quatro linhas. Raça para lutar por um espaço digno de nossas glórias passadas e futuras. Honrar as pessoas que deram ssangue e suor no passado para construir um dos maiores estádios do Brasil. Em um passado onde a tecnologia das construções era bem menos desenvolvida que no dias atuais.
Devemos lutar dentro dos rigores da lei, respeitando o que determina o regulamento urbano, diferentemente de outros estádios que conhecemos.
O novo Couto Pereira deverá continuar sendo um orgulho para nós coritibanos e para toda a cidade. É fundamental uma adaptação na proposta atual que seja compatível com o entorno do Alto da Glória. Um estacionamento amplo (vertical e horizontal), alargamento de vias com novas calcadas, intervenções no sistema viário dos bairros vizinhos se for o caso. Este não é apenas um projeto de arquitetura de um estádio. Quando o novo Couto Pereira ficar pronto ele alterará sim, sensivelmente, o dia-a-dia da cidade. Portanto é cabível propostas de caráter urbanístico.
Curitiba apesar de todos os seus problemas ainda é um exemplo em urbanismo. Vamos nos fazer valer disto. Extrair de órgãos como o IPPUC idéias que nos ajudem a conceber nosso estádio e ainda por cima beneficiar a cidade como um todo. Vamos pensar grande!
Saudações Alviverdes,
Arq. Edson Abelardino da Silva Neto
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