Confabolando
A bola só rolará para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil daqui quatro anos. Mas o clima do mundial mais famoso dos esportes já está no ar de todas as cidades apontadas como sede pela CBF e pela FIFA. As páginas esportivas dividem atenção com a editoria política, muitas vezes se misturando, tornando a viabilização da Copa do Mundo em Curitiba uma das pautas desta eleição.
Tudo bem, tudo normal, se não fosse um pequeno detalhe. A viabilidade financeira da Arena da Baixada depende de investimento público. A humilde opinião, mesmo que as vezes distorcida, deste escriba é simples e clara. Contra o investimento público em qualquer estádio no Brasil. Não apenas no Paraná, não apenas em Curitiba, não apenas no do A. Paranaense. Se há um esporte que não necessita de dinheiro público, é o futebol. Os atletas olímpicos que o digam.
Mas seria tolice qualquer pessoa dizer o contrário de que por merecimento, quem deveria sediar a Copa do Mundo em Curitiba, não é a Arena da Baixada. O time capitaneado pelo então presidente do A. Paranaense, Mário Celso Petraglia, pensou nisso muito antes do que qualquer clube. Contra os méritos, não há sofisma que possa ser colocado.
Mas diante dos direitos, sempre vêm os deveres. Coisa simples: aprendemos ainda antes de entrar na escola. O que não se pode é imputar o direito para um ente e o dever para toda a sociedade, inclusive os que não gostam de futebol. Isso vale para a Arena da Baixada, uma possível Arena ParaTiba, Arena do Operário, Arena do Triste ou Arena do Corinthians. Os fatos não mudam e não podem mudar de acordo com o sujeito da frase.
Diante disso tudo um dos aspectos mais preocupantes é que a rivalidade burra, como gostam de dizer, pode acabar se tornando um catalisador de violência nos estádios. Como? Simples. Hoje, procura-se fazer uma divisão, inclusive de certos homens públicos, de quem está a favor do Paraná com a Copa do Mundo em Curitiba e quem está contra, seja por inveja, como gostam tanto de pregar, ou simplesmente por uma questão de princípio, como faço questão de esclarecer.
Não respeitar a opinião alheia, forçar situações em que a rivalidade que deveria ser sadia se torna uma disputa de interesses, inclusive econômicos, além de vender uma ilusão de que Copa do Mundo de 2014 é a salvação para os problemas econômicos, sociais e inclusive esportivos que o Estado enfrenta, além de ser ridículo é perigoso.
Percebo que a discussão, cada vez mais acalorada, já atingiu a violência verbal e que dentro de pouco tempo poderá se transformar em violência física que será facilmente percebida em clássicos estaduais ou até mesmo em eventuais e esporádicos encontros de torcida pelos bairros e no centro da capital.
Parar de dividir a população, ou os torcedores, entre grupos a favor do Paraná e contra o Estado, ou ainda dos “progressistas” e dos “invejosos” e até mesmo dos “aproveitadores” e dos “probos” torna-se uma obrigação individual de torcedores de todos os times. Caso contrário podemos voltar a presenciar cenas de violência, como em um passado recente, e aí de nada adiantará chorar o leite derramado.
É preciso que fique clara a responsabilidade individual de cada formador de opinião, do Juca Kfouri, colunista da Folha de São Paulo ao blogueiro independente. Depois não adiantará escrever textos pedindo paz e criticando a violência nos estádios, quando mesmo que indiretamente, se incita a violência tornando rivais esportivos em inimigos figadais.
Foi ao ar uma entrevista feita com este modesto escriba no excelente blog Meu Time de Botão, do Ricardo Drago. Para quem quiser conferir, basta clicar aqui.
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