Confabolando
Maria do Socorro, comissária de bordo de uma companhia área. Pessoa dócil, agradável, gentil e de bem com a vida. Alagoana, mas cidadã do mundo. Assim que veio para Curitiba, logo tratou de procurar emprego. Com sua simpatia e presteza, não teve dificuldade em conseguir a vaga para o emprego que tem hoje.
Sua simpatia e bom humor logo cativaram todos os colegas. Passou a ser referência para todos que conviviam com ela. Entretanto, começou a ter um grande problema, ocasionado pela sua valiosa mamãe, que lhe deu esse lindo nome, mas que atrapalhava sua atividade profissional.
Cada vez que o comissário chefe ou o comandante da aeronave precisava lhe chamar, anunciava pelo serviço de som do avião: “Socorro”. Aí o desespero tomava conta dos passageiros. Mulheres agarravam seus maridos, crianças desatavam a chorar e as velinhas sacavam seus terços e iniciavam as orações. Um caos.
Era impossível a situação permanecer assim. Eles não podiam continuar gerando estes transtornos, mas também não podiam ficar sem Maria do Socorro. Diante desta situação, o gerente de atendimento da companhia área tomou uma sábia decisão. Rebatizou Maria do Socorro, que passou a chamar-se Mary Help. Todos acataram de imediato, inclusive ela própria, que até hoje conta com bom-humor essa história.
Faço todo esse prólogo para falar que de fato nosso novo técnico, o Coxa-Branca René Simões, também não pode atender por Socorro. Definitivamente.
René tem uma história linda no Coritiba. Com a mercantilização do esporte, sobretudo do futebol, a identificação de profissionais com as agremiações é cada vez mais rara. O que dizer, hoje em dia, de uma história como essa? Um carioca assume um clube em crise, mas com uma torcida maravilhosa. Contudo ela é atuante e incisiva. Este técnico torna-se Coxa-Branca e faz uma campanha emocionante, envolvendo não apenas nós, os Coxas, mas várias outras pessoas.
Um exemplo é minha esposa, gaúcha e que há pouco tinha vindo para Curitiba. Apesar de já saber para que time não torcer, ainda estava em dúvida entre o P. Clube e o Coritiba. Com uma campanha como aquela, não tive dificuldades. Hoje é presença certa no monumental a cada jogo. E assim o grupo comandado por René fez com que novos torcedores surgissem. Resgatou a alegria Coxa e novos torcedores, crianças, saíram do chão e vestiram a camisa do Verdão.
Mas não podemos esperar que ele seja o Socorro que nos faltava. René vai acalmar os ânimos, dar estrutura emocional para um grupo que parecia abatido, unir forças e motivar a todos. Mas não pode fazer milagre. Acredito que haja, sim, uma magia envolvendo Coritiba, René Simões e a torcida. Encontros marcantes comprovam isso. O AtleTiba foi um deles. Mas o Sobrenatural de Almeida, em que pese suas boas interferências a favor do Cori, não é capaz de nos ajudar sempre.
René precisa de ajuda. Não apenas da torcida, que certamente fará a sua parte como sempre faz. Mas também dos jogadores e principalmente da direção do clube. Esta precisará apoiá-lo, e o novo gerente de futebol terá que dividir e aguentar a pressão, além de agregar bons reforços para o grupo. Feito isso, nosso Mastermind poderá novamente ser pleno.
Mas, de qualquer forma, aconteça o que acontecer, René estará sempre me nossos corações. Sua nova passagem por aqui, no caso de sucesso, só agregará mais coisas boas em nossas histórias. Mas caso contrário, continuaremos com as boas lembranças e com a admiração e René, certamente, continuará Coxa-Branca. René caminha para mais uma bela história no Coxa, mas definitivamente, não pode ser chamado por Socorro.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)