Coração Verde e Branco
Antes de começar a ler, abra sua mente, a ideia é simples, mas a aceitação é complicada e podem apostar que foi muito difícil escrever sobre este tema. Por isso, demorei tanto para colocar no papel.
Benchmarking ocorre quando um empresa busca em outra da mesma área de atuação ou com serviços similares uma maneira de melhorar seus processos e procedimentos. Não é espionagem, mas uma espécie de “cola”, uma espiadinha para ver como seu concorrente faz e comparar com seu modo de fazer.
Não sei se isso existe ou existia no futebol, mas vale a pena comparar a realidade do futebol do nosso estado.
Em 2013, 99,99% da torcida do Coritiba, dentre os quais me incluo, bradava que a conquista do tetracampeonato paranaense seria uma obrigação. A alegação mais comum era o fato de nosso principal rival estar desprezando o fraco campeonato, utilizando um time alternativo, poupando seu time tido como titular para a disputa do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Aqui tenho que abrir uma bifurcação no raciocínio:
Nosso campeonato estadual já é tecnicamente fraco por natureza. As rendas não são expressivas, mesmo nos clássicos, mas é a única agenda que a grande maioria dos clubes do interior possuem e, sendo assim, a única chance de sobrevivência destes clubes.
Por outro lado, investir altos recursos em um campeonato deficitário mostra-se a cada ano uma decisão mais e mais errada, onde o pouco de dinheiro que temos é desperdiçado em um torneio longo e caro.
Falando especificamente sobre 2013, mesmo utilizando nosso time principal, enfrentamos problemas, e após sermos derrotados no segundo turno,tivemos que jogar a final em duas partidas para nos sagrarmos campeões.
Avançando para o Campeonato Brasileiro, vimos um Coritiba iniciando o torneio de modo convincente, mantendo-se invicto por 10 rodadas e chegando à liderança, cenário completamente diferente do nosso rival, que lutava contra o rebaixamento. Tenho que admitir que eu acreditava piamente que lutaríamos por voos mais altos e que nosso rival iria ser rebaixado. Ledo engano. O final do campeonato mostrou exatamente o contrário de minhas expectativas, e pior, com um time que deveria custar no mínimo quatro vezes menos que o nosso. O time das terras baixas estava jogando muito mais que nós.
O fato é que quando nós já tínhamos disputado 43 partidas, a turma lá de baixo havia disputado somente 19. Aqui estou considerando somente estadual e o brasileiro. Esse abismo de jogos lá na frente faz uma diferença absurda, vide as exigências da turma do bom senso.
Não sei quem montou o time das terras baixas, não sei quem foi buscar o Ederson, um cara que tinha sido artilheiro no ABC de Natal e do Ceará nos campeonatos Potiguar, Cearense e na Série C, ou ainda, o Everton, atleta pertencente ao Tigres do México e que não tinha dado certo em lugar nenhum. O mesmo para Dellatore, outro jogador com estigma de fracassado e que deu muito certo com eles.
É horrível escrever isso, mas neste ano, eles foram mais eficientes que nós. Montaram um time mesclado com bons valores da base, como o caso de Marcelo, revelação do campeonato, e Manoel, o qual apesar de eu o considerar um zagueiro sujo e desleal fez um bom campeonato, fizeram contratações acertadas e contaram com o ótimo ano de Paulo Baier, 39 anos, mas que eu sempre considerei um baita jogador, e que agora, por uma divergência de interesses, está desempregado, devendo acertar com o Criciúma. Repito, eu não sei quem montou esse time, mas quem o fez, o fez muito bem.
E o Coritiba? Bem, o Coxa, que em 2011 teve um ótimo time montado por Felipe Ximenes, em 2012 e 2013 teve sua prateleira preenchida por bondes, jogadores de qualidade duvidosa, contratações equivocadas como Ibérbia, Vítor Júnior e Bill e outras impossíveis de entender,como Silvio “Vou pro Chelsea” e Maiquinho, contratados e enviados para o Marcílio Dias e devolvidos de lá. Isso sem contar com a manutenção de jogadores extremamente caros e de pouca utilidade, como os casos de Lincoln e Bottinelli. A má administração na formação do elenco nos prejudicou financeiramente e os reflexos foram sentidos durante o Campeonato Brasileiro de 2013 e suas sombras seguem até hoje.
Em 2013 apostamos em um técnico jovem, mas muito trabalhador e promissor, no entanto, a pressão por resultados e a cultura burra do fato novo nos trouxe Chamusca, que quase nos afundou, ao contrário do rival, que foi atrás de um técnico que não é um medalhão, mas que teve bons resultados por onde passou.
Existe um filme que gosto muito chamado O homem que virou o jogo. A película trata de baseball, onde um executivo, que seria como um gerente de futebol, busca nas estatísticas de cada atleta a melhor peça para seu time, considerando custo x rendimento, exatamente o que parece ter sido usado pela equipe da Sapolândia, análise que, se utilizada por nós, jamais nos permitiria trazer nenhum dos jogadores que citei acima. Espero que Tcheco e Mazzuco estudem muito e nos brindem com mais Carlinhos e menos tiriças.
O acompanhamento de desempenho é uma garantia de sucesso nas contratações? NÃO, NÃO É. Como já disse inúmeras vezes, Tcheco só jogou bem no Brasil no Coritiba e no Grêmio, tem jogador que só dá certo em um clube, vide Robson (Robgol) e Carlinhos Bala
Antes que alguém cite o galo mineiro e fale de refugos, é importante lembrar que todos aqueles jogadores sempre tiveram números e estatísticas favoráveis.
Cornetada
Todo mundo está sabendo que o Coritiba está negociando com Zé Love, ex-Santos. A meu ver, uma péssima contratação. Aqui em Santos o cara só jogava por ser amigo do Neymar que, no caso, era o dono do time. Tenho um amigo em comum com o Cris, empresário do atleta, e o mesmo assume que o melhor negócio da vida dele foi ter vendido esse cara para o Genoa da Itália. Zé Eduardo está há dois anos na velha senhora, já jogou no Genoa e no Siena e marcou apenas dois gols, após isso foi acometido de grave lesão e não jogou mais.
Mesmo com o clube italiano pagando 3/4 do salário, R$ 100.000 é muito dinheiro para um jogador que não acredito que vá agregar do modo que precisamos.
Ah, mas e se ele vier, bom, aí só me resta fazer o que sempre fiz com todos os jogadores que vestiram a camisa do Coxa com dedicação, raça e respeito, apoiar.
Colocando meu pescoço na corda
Sei que muita gente irá me criticar, mas eu gostaria de ver o Paulo Baier, mesmo com 39 anos, ao lado do Alex, com 36. Não sei como seria, quem jogaria mais avançado, se eles se revezariam, mas acredito que os dois velhinhos podiam dar um baile na “piazada” no Campeonato de 2014, se ele acontecer é claro.
O Uma experiência interessante
O Palmeiras este ano está inovando na negociação de salários dos seus jogadores. Todos terão salário base mais bônus por produtividade. Essa técnica está sendo rejeitada por vários atletas, mas é muito normal na Europa. Quem sabe não podemos fazer um benchmarking nesta ação e implementar no nosso Coxa? Se a ação do Palmeiras der certo, em 2014 esse tipo de negociação deverá ser uma tendência nos campeonatos seguintes. Vamos aguardar.
Não é vergonha assumir que nosso rival fez um trabalho melhor que o nosso, assumir nossos erros é o primeiro passo para evoluir, nós sempre fomos a referência de futebol no nosso estado, nós somos o time grande, mas quando o vizinho faz algo melhor, não há nada de errado em olhar para o lado e ver o que poderia ter sido feito de melhor.
Saudações Sempre Alviverdes.
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