Coração Verde e Branco
Neste 2 de agosto minha filha completa seu primeiro ano de vida, ela nasceu um dia após o aniversário de nossa conquista mais importante até aqui, o Campeonato Brasileiro de 1985, título quando eu tinha 6 anos.
Não me lembro de muitas coisas, mas me recordo de algumas partidas que presenciei com meu pai, hoje com quase 70 anos.
As memórias que melhor me vem à mente são uma em que durante a partida, me lembro de um gol, mas depois, quando tudo já estava chato, o que representava o fim do jogo, todos cantavam, torciam muito, o estádio estava muito cheio, naquela época ficávamos sentados durante a partida, mas naquela em especial estávamos todos em pé, e de repente houve uma gritaria muito grande, uma não, na verdade foram duas, a primeira foi um gol marcado aos 45 minutos do segundo tempo, a segunda logo em seguida é ainda mais clara para mim, eu lembro claramente de perguntar a meu pai se havia saído outro gol e ele me olhou e disse que não, que o jogo havia acabado e que nós havíamos ganho (Coritiba 2 x 1 Santos).
Existe ainda uma outra partida que me solta muito clara as retinas, lembro de meu pai chegando em casa mais cedo e reclamando com minha mãe: “mas ele ainda não está pronto? Cadê a camisetinha do Coritiba dele? Como ele vai ao jogo sem a camisetinha do Coritiba? Tem que colocar”. Sempre chegávamos ou tarde ou em cima do laço aos jogos, era sempre complicado conseguir lugar. Depois de vencer mais uma (na minha cabeça a gente sempre ganhava), houve uma festa muito grande, voltamos para casa buzinando, todo mundo estava buzinando, então eu podia buzinar também (Coritiba 1 x 0 a. Mineiro).
Acredito que nada me marcou mais do que a partida da final, novamente meu pai chegou mais cedo, mas não iríamos ao estádio, o jogo desta vez era na TV, mas o rádio ficava sempre ligado, meu pai gostava do narrador que gritava “ESTREMECE ESSE GIGANTE DE CONCRETO ARMADO”, depois vinha uma musiquinha muito legal que eu gostava de cantar (... é gol, que felicidade, é gol, o meu time é a alegria da cidade ...), lembro do meu pai nervoso, de um jogo que não acabava, e no fim uma festa muito grande, foguetes por toda parte, carros buzinando e a gente gritando na sacada de casa, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO, É CAMPEÃO...
No outro dia saiu no jornal uma foto muito bonita com os jogadores, meu pai guardou, mas acabamos perdendo anos mais tarde, até hoje tento compensar isso com uma foto do time, mas nunca fica bom o suficiente.
Nesse aniversário de título, gostaria de convidar os mais novos a se aprofundarem um pouco na história desta conquista, deixando um pouco de lado a frieza dos números e os comentários pejorativos e invejosos de uma imprensa tendenciosa e autofagista. Busquem conhecer a história de cada partida, de cada jogador, ou melhor, de cada heróis. Tínhamos sim um elenco maravilhoso, um treinador top de linha e um goleiro, bem, o que falar de Rafael Cammarota, nossa maior estrela da época? Somente que ele foi muito injustiçado em não estar na Copa de 1986 porque ele estava pegando até pensamento, digo isso baseado em vídeos da época porque com 6 ou 7 anos eu nem minha roupa saberia decidir sozinho.
Está na hora de valorizarmos mais essa conquista, esse título tem sim que ser celebrado, enaltecido, lembrado e reforçado para as novas gerações, não deixemos que as cabecinhas e corações de nossos coxinhas brancas sejam contaminados com mentiras.
Esta noite durante minhas orações, pedirei apenas para que Deus me de a oportunidade de um dia poder levar minha filha a partidas incríveis e quem sabe importantes como as que tive oportunidade de assistir, e quem sabe, com 35 anos, 29 anos após as partidas ela possa me dar um abraço, um beijo e agradecer pela oportunidade.
Saudações Sempre Alviverdes.
P.S. no próximo texto a gente conversa sobre o momento atual, este fim de semana é de festa.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)