Coração Verde e Branco
Devido aos inúmeros compromissos profissionais de fechamento de ano, infelizmente não estou tendo muito tempo para acompanhar os meninos Alviverdes no Brasileirão Sub-20, mas mesmo assim, tenho procurado me interar do que ocorre, assistir ao menos a um tempo da partida e, claro, aos famosos VTs. Além disso, o amigo aqui do Consulado de Santos, Alex Petreca, sempre me avisa das partidas e dos lances. Valeu, parceiro!
Particularmente, estou muito satisfeito com o time. O técnico Zé Carlos conseguiu dar uma cara madura ao time. Os piás do Alto da Glória estão entrosados, pois estão juntos há um bom tempo, muito deles inclusive já conquistaram a Dallas Cup recentemente, mas quatro destas novas promessas estão me enchendo os olhos: Guaraci, José Rafael, Rafael Silva e Raphael Lucas, sendo que todos estes já constaram no site do Coritiba no elenco principal, porém, apenas Rafael Silva segue por lá.
O fato de haver algumas pepitas a serem lapidadas que podem nos dar muitas alegrias no futuro não significa que isso vá efetivamente ocorrer. Quem se lembra do elenco que conquistou a Taça BH de 2010? Dos diversos atletas do elenco, sobraram o goleiro Rafael Martins , que não me lembro de ter tido oportunidades no time de cima, Bonfim e Luccas Claro, que inclusive atuaram por diversas vezes como titulares, Djair, que teve algumas poucas chances e Wallison que, sem espaço, será emprestado em 2013. Muito pouco para um elenco campeão em 2010. O que houve com Rafael Kneif, Tatuí, Andrezinho e Jânio? Do time que venceu a Dallas Cup, temos Thiago Primão, que teve destaque em 2012 no time principal e Alex, que ainda não emplacou, mas segue como opção.
Na semana passada, o COXAnautas trouxe ao leitor uma excelente entrevista com o homem forte do futebol do Coritiba, Felipe Ximenes, realizada por Gibran Mendes, Ricardo Honório e Rodrigo Sibut Vieira. Nesta entrevista, o supervisor de futebol do Coxa explicou que a promoção de um atleta para a equipe profissional é um processo que leva cerca de 5 anos para ser concretizado, prazo que me causou grande surpresa, afinal, não foi o que observamos no Coritiba com nossas últimas revelações. Rafinha, Keirrison, Adriano, Henrique, Marcel e outros foram lançados e, em cerca de uma ano, já estavam dando alegrias à Nação Alviverde. Keirrison então foi ainda mais imediato, saiu da Copa SP de Futebol JR direto para a titularidade e marcando gols, resolvendo nosso problema na época. Marcel teve um período maior de adaptação, marcou seu primeiro gol como profissional contra o Paraná Clube e voltou somente no ano seguinte para tomar a camisa 9 do badalado Marco Brito, que devido às grandes atuações do tanque, ficou com a reserva da cria da casa.
Não entendo de futebol tanto quanto Ximenes, mas é claro para mim que a função da base é a de revelar atletas para o elenco profissional, porém, com custo mais baixo. Não estou aqui levantando a bandeira de que todo o ano temos que ter 2 ou 3 jogadores vindos do Sub-20 ou Sub-23, afinal, existem as “safras”, as exceções, ou seja, os jogadores brilhantes e os que, infelizmente, apesar da expectativa, "não dão jogador”.
Quem tem mais de 30 anos vai lembrar da famosa frase: “vendemos Alex porque temos Castor”. Pois é, vendemos Alex a preço de banana, que posteriormente foi vendido ao Parma da Itália a um bom preço e Castor... bem, Castor infelizmente não passou de promessa, ou seja, “não deu jogador”. Outro caso típico foi Ricardo Malzoni. Jogador de boa família, chegou a Seleção Brasileira Sub-17, onde simplesmente arrebentava, juntamente com Marcel, mas algo deu errado. Independentemente de tudo que eu ou você tenhamos ouvido, o que ficou foi que “não deu jogador”. A última vez que ouvi falar dele, estava na Itália, na quarta divisão, isso depois de disputar o Campeonato Paranaense pelo Rio Branco e ter um ano terrível por lá.
Há alguns meses atrás, ouvi uma entrevista do mestre René Simões, que na época fazia parte da comissão técnica do São Paulo, o qual apresentava o projeto do time paulista de em 4 anos ter cerca 5 ou 6 atletas da base como titulares no elenco principal. René saiu do São Paulo por motivos que sua elegância, educação e profissionalismo manterão como particulares, mas o fato de uma grande equipe do eixo contratar um profissional renomado para capitanear um projeto como este mostra a importância com que a base deve ser tratada. É este carinho e esta atenção que espero que sejam dados à nossas promessas. Esses meninos em geral acabam se identificando com a torcida e, em campo, quando recebem uma chance, dão o sangue, vejamos o exemplo de Willian, volante Coxa, que saiu direto da arquibancada para o gramado, uma espécie de linha direta entre torcida e vestiário.
Outro ponto importante em se avaliar nas categorias de base é que atualmente um atleta assina seu primeiro contrato como profissional aos 16 anos. Com esta idade, já possuem um empresário, o qual sempre acha que ele será um gênio e tentará sempre um negócio fantástico para o jogador dele. Neste ponto, o atleta já tem nome de boleiro, formado geralmente por nome e sobrenome e um visual característico, muitos parecem até um time de "boy bands". Aqui em Santos é muito mais fácil visualizar isso. Todo mês sai a notícia de um futuro Neymar, o qual inclusive usa o mesmo penteado. O mais peculiar deles foi um tal de Jean Chera que, indignado por não receber tão bem quanto Neymar, pediu para ir embora. Em um ano, ele já passou por Genoa e Flamengo e, em minha opinião, tem todas as chances de virar apenas uma promessa de grande jogador, simplesmente por ser mal assessorado. Acredito que o grande trunfo de Neymar, além do indiscutível talento, é o excelente apoio dado pelo pai. Muitas vezes, porém, não é necessário ser craque, existem vários casos em que um bom empresário coloca o atleta até na Inter de Milão, na Seleção Brasileira, em grandes clubes do eixo e, se o cara tiver sorte, quando descobrirem que ele sempre foi uma fraude, poderá trabalhar como comentarista de TV apenas concordando com o dono do horário.
Somente para finalizar, uma história embaraçosa: no ano de um de nossos recentes rebaixamentos, havia um zagueiro proveniente da base que marcava alguns gols, mas eu realmente não gostava do cara. Digamos que era “minha anta” do ano, o cara que eu criticava, como foi o Ângelo e como é o Chico hoje. Após uma partida, um amigo desavisado resolveu me apresentar o cara, que estava com o pai, que também era seu empresário. Meu amigo chegou e disse: “João esse aqui é o fulano, que marcou o gol hoje” e eu,muito bravo, rebati: “Sim, e que fez três pixotadas que nos custaram três gols e nossa derrota de virada. Faça um favor para mim cara, aproveite que você é novo e volte a estudar, faça um curso técnico ou algo assim, qualquer coisa, porque para futebol você não serve”. Obviamente o tempo fechou, e a turma do deixa disso teve que entrar em ação. O fato é que esse super zagueiro se transferiu para um time mediano do eixo e depois nunca mais se ouviu falar dele.
Piazada Alviverde, força contra o Cruzeiro! Estaremos todos na torcida por mais essa taça. Todo o sucesso para vocês e espero ver todos vocês muito em breve no elenco principal.
Saudações Sempre Alviverdes.
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