Coração Verde e Branco
Fazia tempo que não me sentava a frente do velho computador para escrever sobre meu grande amor. As apresentações em campo, os resultados pífios, as bizarrices de Marcelo Oliveira, as aberrações da Coxa Maior (Desastre), tudo isso me levava a texto repetitivos e realmente isso me frustrou a vontade de escrever.
Pois bem, aqui estamos novamente, com um novo e jovem presidente, que carrega nos ombros a esperança não somente dos 38% que votaram nele, mas de toda a Nação Coxa Branca.
A eleição de Samir Namur foi apertada, como eu já havia comentado com amigos, o rebaixamento, anunciado por mim a 3 anos com a eleição da Coxa Maior, fez o jogo virar e deu gás a João Carlos Vialle, cartola experiente, mas que assim como Pedro de Castro acabou pecando na formação da chapa, e o que era para ser apoio se tornou uma âncora.
Tendo como principais bandeiras o controle e respeito ao orçamento e utilização da base, a chapa Coritiba do Futuro arrebanhou jovens visionários para compor sua chapa, saiu na frente em termos de organização, apresentou uma campanha muito bem estruturada e solidez nas entrevistas. Na teoria, tudo perfeito, agora começa a parte mais difícil, colocar em prática tudo o que foi falado.
Pelas entrevistas que acompanhei, o novo Presidente não é nenhum bobo, sabe das dificuldades que enfrentará e começou muito bem; sua atitude de convidar ex-presidentes para sentar a mesa, abrir as portas e se mostrar disposto em receber ajuda foi muito inteligente. Na chapa eleita ninguém possui experiência com futebol profissional, e o auxílio para caminhar no verdadeiro “labirinto” que é o Couto Pereira pode facilitar muito a nova gestão. Entenda-se como labirinto, os tortuosos caminhos formados por interesseiros, puxa-sacos, adeptos do quanto pior melhor e falsos facilitadores que seguem por lá, conhecer cada corredor em sua verdadeira imagem, sem hologramas, ajudará muito. Outro fator a ser considerado é que ele terá 62% do conselho formado por opositores de campanha, se conseguir apoio dos antigos lideres, sua vida ficará mais fácil, ou melhor dizendo, menos difícil.
O início
Após a confirmação da chapa eleita, Samir começou a trabalhar, e seguindo exatamente o que havia dito em sua campanha, promoveu Sandro Forner a treinador do time profissional, trouxe de volta Tcheco para ser seu auxiliar técnico. Devemos ter ainda Augusto de Oliveira como Gerente de Futebol, mas que também pode assumir a diretoria.
Considero Augusto um pouco verde para uma diretoria, mas não seria nada fora do perfil proposto pela Coritiba do Futuro. O que se sabe é que ainda devemos ter um profissional para fazer o “meio de campo” entre vestiário e administração, e que esse profissional PODERÁ ser o ex-zagueiro Pereira.
Em minha opinião deveríamos ter um diretor de futebol e um CEO, alguém acostumado a administrar futebol e com experiência em grandes contas.
E a grana?
A definição de um orçamento para o futebol de apenas R$ 1,3M me preocupa, em especial porque temos no elenco jogadores como Kleber, Werley e o eterno encosto, João Paulo, os quais possuem altos salários, isso sem contar Willian Matheus e Wilson, que não possuem salários baixos. A comparação com a folha do Paraná Clube ou do América Mineiro é perigosa, visto que estes não possuíam jogadores com salários elevados e são clubes nanicos, que não sofrem 10% da pressão do Coritiba. Desculpem os 3 ou 4 torcedores do Paraná, mas a verdade é esta. Lembrando que neste valor não estão sendo considerados os encargos sociais.
Obviamente não poderíamos manter uma folha salarial de R$ 4M, até porque com nosso rebaixamento somos penalizados com redução de verbas de patrocínio, publicidade, propaganda, desinteresse de atletas e abandono de torcedores no plano de sócios. Sad but true.
A força que vem da base
Uma das principais bandeiras da Coritiba do Futuro foi a utilização das categorias de base, afirmando que 30% do elenco seria formado por jogadores formados na casa, mas que somente subiria quem assinasse contrato de 3 anos.
Aqui começam as minhas dúvidas: sempre falei que futebol de base é praticamente outro esporte. No profissional os treinamentos são diferentes, a equiparação de idades e experiências desaparece e surge um detalhe chamado pressão, e é a capacidade de se lidar com a soma de todos estes fatores que faz com que uma promessa se torne uma realidade ou uma decepção, e os exemplos não são poucos: de Ricardo Malzzoni, Dirceu, Castor e Guaraci a Keirrison, Miranda, Rafinha, Adriano e Alex.
Eu concordo que tem que dar chance, testar, usar, colocar a prova. Se servir ótimo, se não der certo... Dar chance e usar a base é muito diferente de enfiar a base goela abaixo,mas este não me parece o caso.
O uso da base é importante para evitar contratações descabidas e caras como os inúteis Léo Santos, Luizão, Filigrana, João Paulo e Edinho; se na base não tiver nada no mesmo nível que esses caras, então temos um problema muito sério lá.
Outro fator importante é que se começarmos a verdadeiramente dar oportunidade a base e trabalharmos ela de modo profissional, os bons e promissores talentos terão interesse em ficar, com isso teremos um elenco mais barato, identificado com nossa camisa e ainda podemos lucrar em negociações futuras. Tem um clube aqui do meu ladinho que trabalha desse jeito e o resultado é bem interessante.
Ainda falando em categoria de base, para cumprir com a promessa de que só jogará no profissional quem tiver contrato de 3 anos, a diretoria terá que rever grande parte das negociações, dentre eles Índio (dezembro 2019) e principalmente Mosquito, novo xodó da torcida, que tem contrato vencendo em setembro de 2018. Este último é um caso bem complicado, o empresário tenta levar ele para a Itália a um bom tempo, mas se eu pudesse dar uma dica, diria para esquecer o empresário e falar com a mãe do “garoto”. Lembrando que agora tem uma esposa no jogo, mas acredito piamente que esta negociação será vista como prioridade pelo novo presidente.
Cuidado com as promessas
Surgiu durante a semana a notícia de que o Coritiba estaria interessado no lateral Lucas Taylor, que pertence ao Palmeiras e teve passagens apagadas por Paraná, Red Bull Brasil e Payssandu, se isso se concretizar, seria a meu ver a primeira bola fora da nova diretoria, voltando a colocar entulhos na prateleira.
O que eu tenho como convicção na montagem de um time é: pega a espinha dorsal, busca na base o que pode ser utilizado, realizar contratações pontuais, mas que venham para ser titulares. Taylor pode ser até barato, mas é fraco, vem apenas para consumir parte de nosso minguado orçamento e tirar espaço da base. De novo, se Marcos Moser ou o lateral do sub-17 forem inferiores a ele, então temos problemas gravíssimos na base (sim, eu sei que temos, e espero que sejam resolvidos). Lembrando que como já falei diversas vezes, jogadores como Kleber ou Wilson não são caros, caro é pagar R$ 50M para um Thiago Real, ou R$ 1,00 que seja para um Léo Santos, Edinho ou Filigrana da vida, visto que o retorno é absolutamente zero. O conceito de caro e barato está no retorno obtido e não apenas na frieza do número.
Retornos
Foi ainda comentado que os jogadores Ruy e Rafhael Lucas estariam voltando ao Coritiba, sendo que o nome do primeiro alegrou a parte da torcida e do segundo fez com que grande parte torcesse o nariz. Do meu lado a situação é exatamente a oposta.
Vejo em Ruy um jogador de time pequeno, sem preparo para vestir nossa camisa e que em Curitiba vai voltar a se encontrar com os velhos amigos e repetir as mesmas cabeçadas.
Sempre gostei de Rafhael Lucas e sempre disse que se ele tivesse sido revelado pela Flamengo ou Corinthians teria sido vendido pra fora por uma boa quantia, mas infelizmente nossa torcida não gosta de bons jogadores, gosta de etiqueta, prefere um ex-jogador como Alecsandro a testar o jovem Índio ou ainda dar outra chance a Rafhael Lucas, que depois de ter sido artilheiro do Campeonato Paranaense foi colocado no meio de campo por Ney Franco para dar espaço a Henrique Almeida. É verdade que depois que saiu do Coritiba, Rafhael Lucas teve campanhas desastrosas com Goiás, Fortaleza e Paraná Clube, não conseguindo se firmar em nenhum dos três, mas sua qualidade para fazer gols é inegável e se bem trabalhado tenho certeza de que pode render, fora que estaria nas mãos certas, afinal, Sandro Former sabe como tratar da base e conhece o jogador.
Para finalizar, gostaria de desejar toda a sorte do mundo não somente ao novo Presidente Samir Namur, mas a todo o seu G5, que Deus lhes conceda a sabedoria necessária para nos levar de volta a primeira divisão e nos colocar nos trilhos para um futuro brilhante.
Aproveito ainda para desejar um Feliz Natal e próspero ano novo a toda a Nação Coxa Branca, que 2018 nos traga muitas alegrias e principalmente um horizonte promissor.
Saudações Sempre Alviverdes
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