
De Torcedor pra Torcedor
Com o término da temporada 2012, a confirmação da permanência na elite do futebol brasileiro e, especialmente, com a chegada do craque Alex, um dos desejos que cada torcedor Coxa-Branca certamente fez na passagem de ano é que 2013 seja marcado por uma conquista expressiva, se possível de um título nacional.
O retorno do "menino de ouro" é um caso à parte. Com ele abriram-se as sessões das mais diversas especulações - grande parte delas de atletas do cenário internacional, como Rafinha (lateral direito), Lugano, Michel Bastos, Leandro Almeida, etc, e outros badalados em solo nacional como Dagoberto, Jorge Henrique, etc.
Nas redes sociais fervilhavam as informações de que o clube estaria negociando com este ou aquele jogador mais conhecido e as expectativas de uma boa parte dos torcedores foram às alturas.
Eis que na última sexta-feira os associados, que optaram por comparecer ao evento que deu início às atividades no futebol Coxa-Branca em 2013, puderam acompanhar a apresentação do lateral direito Patric e do atacante Júlio César - os dois nomes que, ao lado do próprio Alex, compõe o grupo de novidades até aqui apresentado para esta temporada.
Não há dúvida que aqueles que embarcaram nas expectativas mais ousadas saíram do Estádio Couto Pereira frustrados, não só pelo diminuto número das novidades, como dos nomes que não confirmaram aqueles especulados na "entressafra", à exceção do próprio Alex, como dito, um caso à parte.
Infelizmente o retorno do grande craque, por si só, não transformou o caixa do clube a ponto de poder bancar os sonhos da parcela de torcedores mais empolgados.
A realidade é uma só: Alex escolheu vir para o Coritiba - tem os seus motivos e sem dúvida a questão financeira não foi aquela que mais pesou. E os jogadores especulados? Será que aceitariam a proposta do Coritiba mesmo recebendo outras mais vantajosas, o que certamente ocorre no tumultuado mercado da bola?
Não que algum ou alguns destes não possam desembarcar no estádio Alviverde, mas convenhamos, a limitação financeira e o abismo que ela cada vez mais abre em relação aos clubes do eixo, sugere que se mantenha os pés no chão.
É só observar o fenômeno pelo qual passa o atual campeão mundial interclubes. De rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro, o Corinthians ressurgiu como um meteoro, contando com a força de sua marca e as benesses que a grande mídia não hesita em lhe proporcionar.
Ouso afirmar que nenhum outro clube alcançará o patamar que o Corinthians em breve ocupará - especialmente depois de receber de mão beijada do Poder Público um estádio novo e moderno.
Inserido nesta realidade tão díspar, como o Coritiba será capaz de ao menos tentar bater de frente com as potências financeiras do futebol brasileiro?
Só há um caminho: com o apoio maciço e ininterrupto de seus torcedores tanto nas arquibancadas, como, essencialmente, no seu quadro associativo.
Não adianta, não tem mais essa de "montem time que a torcida paga". É simples: sem um planejamento que contemple uma receita certa não há como agir com ousadia além da conta.
O torcedor precisa entender que a recuperação que o Coritiba busca no cenário nacional após ter disputado a famigerada segunda divisão virá em ritmo muito mais lento que aquela que marca um clube de abrangência nacional, como o Alvinegro paulista.
Já não é sem tempo para cessar a oscilação no número de associados que permanecem adimplentes ao longo de todo o ano. As despesas são constantes - as receitas devem acompanhá-las sob pena de não se fecharem as contas.
Dentro da necessidade de bem arrecadar para acertadamente gastar, há que se mencionar também a inexplicável renovação dos contratos de atletas que dentro de campo já demonstraram não se encaixar no projeto de crescimento sustentável do Coritiba.
Ao acompanhar o anúncio dos nomes dos atletas que farão parte do elenco deste ano, não posso deixar de registrar minha contrariedade em face da permanência do lateral esquerdo Eltinho e do volante Chico - uma opinião bastante particular, por certo.
Acredito que o aspecto técnico seja aquele utilizado para balizar a continuidade dos atletas que já tinham contrato com o clube, como é o caso de ambos. Sendo assim, como classificá-lo como suficiente para avalizar as renovações?
É este tipo de decisão que tira a empolgação daquele torcedor que não se sente tentado em deixar seus reais nos cofres do clube o ano todo.
Há que se buscar a otimização do apertado orçamento. Partindo da premissa que não há recurso para trazer aqueles jogadores badalados e almejados pela torcida, não se pode dar ao luxo de dirigir os recursos com atletas que mais uma vez se apresentarão como apostas para a nova temporada.
Aliás, se for para apostar, que se faça com os garotos das categorias de base - ao menos se não emplacarem dentro das quatro linhas não gerarão maiores custos desnecessários.
Neste aspecto, todavia, de parabéns os responsáveis por ter alçado ao elenco principal uma boa quantidade de "pratas-da-casa". Tomando como base alguns atletas que já compunham o grupo profissional em 2012 e aqueles que ora subiram de categoria - apresentados no coquetel aos associados, o treinador Marquinhos Santos terá à sua disposição os goleiros Rafael Martins, Tadeu e Vaná; os zagueiros Bonfim, Luccas Claro e Willian Rodrigues; o lateral esquerdo Dênis Neves; os meias Alex, José Rafael, Rafael Silva e Thiago Primão; os volantes Willian Farias, Djair e Guaraci e os atacantes Keirrison e Rafhael Lucas.
São 16 atletas formados nas categorias de base do Coritiba - sem dúvida um número bastante expressivo, sobretudo pela qualidade técnica que cada um deles dispõe.
E é nesta base de jogadores, que sabem desde pequenos o que o Coritiba representa, que deposito minhas esperanças de um ano bastante vencedor.
Não tenho dúvida que sob a batuta de Alex - o jogador que mais saberá falar a "língua" dos "pratas-da-casa" - estes jovens talentos serão o "sangue novo" tão necessário para os desafios que vêm pela frente.
A mescla da juventude puramente Coxa-Branca e a experiência dos atletas mais rodados tem tudo para dar certo.
Cada qual precisará fazer a sua parte: os mais experientes fazendo a bola rolar, mostrando os "atalhos" e os mais jovens correndo por aqueles que já não consigam mais acompanhar de perto as jogadas adversárias, por exemplo.
Aos jovens talentos: entreguem-se ao máximo nos treinamentos. Não se deixem deslumbrar pelo sucesso que estão atingido. Aproveitem a oportunidade de jogar e aprender com o experiente Alex como se constrói uma carreira vencedora e verdadeiramente profissional. Extraiam o máximo deste aprendizado e sejam humildes ao entender o papel de cada um nesta grande engrenagem.
Aos mais experientes: façam deste elenco aquele "todo homogêneo" tão necessário para alcançar as grandes conquistas almejadas. Tenham paciência e iniciativa de bem orientar aos garotos.
Aqueles que ainda não "ganharam a torcida" : esmerem-se nos treinamentos. Não tenham vergonha de repetir movimentos de fundamento. Mostrem que suas permanências são acertadas e que o mero torcedor como eu - até por não vivenciar o dia-a-dia do clube -, enganou-se ao criticá-los., afinal, todos vestem a mesma camisa - a mais tradicional e vencedora do futebol paranaense.
Que entre erros e acertos da diretoria, comissão técnica e jogadores e entre certezas e desconfianças dos torcedores que optem por "bancar" as conquistas que virão, que o ano de 2013 marque verdadeiramente a história Coxa-Branca.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes.
Percy Goralewski
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