
De Torcedor pra Torcedor
O início de 2013 abriu um sorriso reluzente no rosto de todos os Coxas-Brancas. As perspectivas de "passar por cima" de todo e qualquer time que "ousasse" enfrentar a equipe Alviverde formada por Leandro Almeida, Willian, Alex, Rafinha, Deivid e tantos outros jogadores renomados eram as mais empolgantes.
Passados quase cinco meses o que se vê é um sorriso de canto, amarelo, envergonhado e sem graça.
Não bastasse cumprir um primeiro turno irregular no campeonato paranaense, conquistando-o sem a "folga" que parecia ser senso comum, a equipe Coxa-Branca conseguiu verdadeiras proezas na segunda etapa da competição.
Empatar em casa com o Operário, perder também em casa (depois de 17 anos) para o combalido Paraná Clube, mostrar-se indolente nos empates contra Nacional e Paranavaí (ambos fora de casa) e (a cereja do bolo) perder para um time apenas esforçado vestido com a camisa de seu mais tradicional rival, convenhamos, descrevem um enredo capaz de enervar até mesmo o mais paciente e otimista torcedor.
Inevitável que a desconfiança surja de forma avassaladora e com ela algumas perguntas.
O que está acontecendo? De quem é a culpa? O que fazer para colocar a casa em ordem?
Creio que alguns pontos precisam ser abordados, especialmente ao que se refere à responsabilidade.
Responsabilidade da diretoria:
Inegável que a presença de atletas como Leandro Almeida, Emerson, Bottinelli, Alex, Lincoln, Rafinha, Deivid e Keirrison (citando os maiores expoentes) é um marco positivo na montagem do elenco. Em caminho oposto, as presenças de Patric, Chico, Escudero, Eltinho, Junior Urso, Arthur, Julio César (elencados por amostragem) deflagram uma equivocada sucessão de investimentos, se analisada a fria equação custo x benefício.
Se de um lado o elenco não é tão brilhante como se imaginou no papel, evidente que algumas peças se mostraram com prazo de validade vencido, carecendo de imediata reposição (se o objetivo no campeonato brasileiro for diverso da simples fuga frente ao fantasma do rebaixamento).
Em suma, entre acertos e equívocos ainda é preciso buscar um maior equilíbrio.
Responsabilidade da comissão técnica:
Depois de ser decisivo na campanha que salvou o Coritiba da degola 2012, o treinador Marquinhos Santos se depara com o momento de maior instabilidade e desaprovação. Ônus e bônus naturais do cargo que ocupa num clube com a exigência que o Coritiba comporta.
O torcedor vendo de fora enxerga um time sem padrão de jogo, "perdido", desmotivado em vários momentos e confuso. Informações vindas de dentro do elenco garantem o oposto. Sob a ótica desta visão interna, trata-se de um treinador, embora jovem, extremamente estudioso, estrategista e responsável por várias alternativas táticas apresentadas aos seus jogadores.
No quesito comando as referências são igualmente positivas. Pessoa de diálogo claro, que guarda excelente relação de respeito e subordinação entre seus atletas.
Entre o "achismo" próprio que marca o pensamento do torcedor e as impressões mais próximas da realidade - oriundas de informações internas, prefiro acreditar (neste momento) que sua presença é muito mais positiva do que o contrário. Mesmo assim, é chegada a hora de afinar o discurso, fazer-se entender e exigir o respaldo dos atletas.
Se há "incompreensão" entre o que passa e o que os atletas entendem, que o discurso seja imediatamente afinado, sem mais margem para "dúvidas".
Responsabilidade dos jogadores:
Creio ser este o principal ponto a ser cobrado.
A impressão que se tem desde o amistoso contra o Colón é que basta ligar o "piloto automático" para o time jogar, encantar e vencer - justamente como as expectativas previam.
Até o presente momento não foi possível verificar um completo engajamento de todos os atletas nas partidas até aqui disputadas. O que se viu foi um time burocrático, auto suficiente, quase sem "tesão" na busca por uma vitória convincente.
Se o torcedor cobra deste elenco um melhor rendimento é porque acredita que os atletas que o compõem são capazes de mostrar muito mais. Pra piorar, muitos resultados negativos foram possibilitados por uma entrega maior dos adversários dentro das quatro linhas. As derrotas para os rivais da capital são exemplos perfeitos de que equipes inferiores tecnicamente foram capazes de suplantar a equipe favorita na base da voluntariedade.
Responsabilidade dos torcedores:
Sim, nós também temos nossa parcela de responsabilidade. Mesmo que involuntárias, nossas expectativas nos levaram a acreditar num super time que, em verdade, não saiu do campo teórico. Essa crença nos alçou à condição de a tudo questionar e a tudo criticar desde o primeiro passe errado até os gols perdidos ou tomados.
Mesmo que em escala menor àquela dose que precisa ser assumida pelos jogadores, algumas pitadas de "pés no chão" não farão nada mal neste momento de turbulência.
Aquele time sensacional jamais sairá do papel se o conjunto da obra não trabalhar com a conjugação de humildade/comprometimento/apoio.
Não é vergonha alguma reconhecer que até aqui o time sequer foi a sombra de si mesmo. No entanto, estamos diante dos 270 minutos mais importantes deste primeiro semestre: a reta de chegada na disputa pelo almejado tetracampeonato e a necessidade de descoberta de uma forma consiste para as atuações na Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.
Que cada um assuma a sua responsabilidade. A diretoria que corrija os equívocos no planejamento traçado; a comissão técnica que afine seu discurso e se imponha na busca de se fazer entender; que os torcedores ajudem a transpor as dificuldades, redobrando o apoio neste momento crucial (note-se que não se está propondo isenção de crítica, registre-se) e fundamentalmente que os atletas enxerguem que precisarão fazer por onde para suplantar seus adversários, sejam quais forem.
Se o excesso de confiança, autossuficiência, falta de total entrega ou seja lá o que quer que explique esta quantidade de resultados pífios, os trouxeram até este momento de incertezas, cabe a vocês, atletas, desarmarem a bomba que deixaram cair em seus colos.
O desafio de jogar no Coritiba é assim e é diuturno. Se não forem capazes de bater no peito e "resolver a parada" no campeonato estadual, dificilmente no Brasileiro é que encontrarão tempo para fazê-lo.
Agora é com vocês.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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