
De Torcedor pra Torcedor
Considerando que a torcida Coxa-Branca pode deixar o Estádio do Morumbi somente uma hora após o término da primeira partida diante do São Paulo na última quinta-feira, cerca de 104 horas se passaram desde aqueles primeiros metros rumo à capital paranaense, com um único pensamento: vamos dar o troco no placar com juros e correção monetária.
Os cerca de três mil torcedores que estiveram presentes no estádio paulistano - torcida essa que por muitos instantes literalmente calou os cerca de 45 mil sãopaulinos (nos outros momentos eles mesmos se calavam diante do futebol consistente apresentado pelo Verdão) - num misto de incredulidade, satisfação e frustração, tinham uma certeza: a derrota por 1x0, muito embora possa ser considerada injusta pelo futebol praticado pelas duas equipes, será insuficiente para conferir ao time paulista a condição de favorito à classificação para a final.
A incredulidade ficou por conta do domínio territorial imposto pelo Coritiba desde o início da partida - quando imaginávamos sofrer uma enorme pressão. Contando com pelo menos cinco jogadores de seleção brasileira (o que hoje já não significa muito, convenhamos), o time tricolor esbarrou numa equipe muito bem armada pelo treinador Marcelo Oliveira.
Defensivamente, a equipe Alviverde foi quase perfeita, notadamente o goleiro Vanderlei quando acionado se mostrou muito atento e eficaz. O problema residiu no ataque. O time criava, trocava passes, se aproximava da área adversária, invertia o lado das jogadas, voltava a tocar, voltava a trocar o lado das jogadas, enfim, faltava o último passe, o chute final.
À exceção da bomba disparada por Everton Ribeiro que caprichosamente explodiu no travessão, as investidas Alviverdes à meta tricolor eram tímidas tanto quanto raras. Em determinados momentos comentávamos nas arquibancadas: 'A impressão que dá é que o Coxa não faz muita questão de ganhar aqui'!
Contudo, se voltarmos à realidade financeira abissal que separa os dois clubes, não se pode negar que só o fato do Coritiba não sucumbir diante de um adversário recheado de jogadores de excelente qualidade técnica já é motivo para encher-nos de satisfação pelo que produzimos e mais: por aquilo que temos ainda por produzir jogando em casa.
Eis que os sentimentos variando entre a incredulidade inicial e a satisfação por ver o Coritiba jogando de igual para igual com o São Paulo, não se pode negar a frustração provocada pelo chute cruzado de Lucas - um verdadeiro balde de água fria diante de todo o plano estratégico e sua respectiva execução pelos guerreiros Alviverdes.
Com o apito final do árbitro (reconheçamos: uma excelente arbitragem), este sentimento de frustração duramente imposto aos torcedores, sem dúvida tomou cada um dos atletas Coritibanos de forma ainda mais expressiva. Há notícias de jogadores que quase aos prantos, prometerem para si mesmos 'dar a vida' na partida desta quarta-feira, torcendo para que as horas que separam os dois confrontos passassem mais rápido que o habitual.
Como apregoa aquele dito popular: 'Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima', em meio ao baque daquele amargo revés, a frustração deu lugar à esperança e ao voraz espírito de luta - tanto de torcedores, quanto dos jogadores Coxas-Bancas.
Contando com um retrospecto altamente favorável quando enfrenta seus adversários dentro de casa, a coletividade Coritibana sabe que é absolutamente possível reverter esta condição desfavorável. Tal constatação é referendada com o reconhecimento por parte da mídia esportiva nacional ou por qualquer adversário que desembarque em Curitiba acerca da quase impossibilidade de sucumbência da equipe Alviverde jogando em seus domínios.
É neste retrospecto que time e torcida Alviverdes se apegam. Pelo lado técnico, inegável afirmar o quanto é positivo atuar no gramado onde se treina ao menos uma vez por semana. Os chamados 'atalhos do campo' são íntimos dos jogadores que ali atuam semana sim, semana não e num confronto desta magnitude estes pequenos detalhes certamente serão decisivos.
Os torcedores, por sua vez, terão a incumbência de cantar 'por dois' de forma incessante, fazendo a maior pressão que o time paulista tenha visto em sua existência. Faço um parênteses pois não posso deixar de comentar a 'frouxidão' dos torcedores tricolores que compareceram naquela partida. À exceção dos integrantes das duas torcidas organizadas do São Paulo que mais forte foram ouvidos ao pedirem 'raça' ao time paulista, os demais torcedores sãopaulinos mais pareciam estar num teatro do que num estádio de futebol, diante da passividade e silêncio com o qual acompanhavam o desenrolar do jogo. Fui a São Paulo imaginando uma verdadeira 'panela de pressão' e vi um estádio quase sem alma.
E é dessa alma, desse espírito de jogar junto com o time, de deixar o adversário desorientado que a torcida Coxa-Branca é PhD.
Considerando que a capacidade atual do Estádio Couto Pereira é de 37.182 torcedores e que a carga de 10% dos ingressos deve ser destinada aos visitantes, podemos afirmar que teremos pouco menos que 35.000 torcedores Alviverdes no estádio.
Se em outras oportunidades, como em 2009 e 2011, estes torcedores, mesmo fazendo a sua parte nas arquibancadas viram seu time não alcançar o resultado almejado mesmo que por tão poucos detalhes, eis que chegou a hora de cada um cantar por dois, como disse, perfazendo um apoio de 70.000 no Couto!
Caro(a) amigo(a) Alviverde: desde agora peço que poupe a sua voz! Fale o menos possível, com intensidade mínima, comunique-se de forma escrita, enfim, poupe a sua voz - ela será fundamental desde um pouco antes das 21h50 de amanhã!
Somente amanhã você poderá soltá-la a plenos pulmões para deixar o time sãopaulino 'congelado' e o time Alviverde com a 'turbina ligada'. É noite para cantar sem parar, é noite para arrancar a classificação literalmente no grito.
Aliás, se possível, chegue mais cedo ao Alto da Glória e venha participar da segunda edição da 'Rua de Fogo'. Vamos mostrar aos atletas Alviverdes que antes mesmo deles entrarem no palco do jogo já estaremos preparados para carregá-los nos ombros sempre que precisarem daquela força extra para correr, para desarmar, para colocar a bola dentro do gol tricolor.
Com o time e torcida fundindo-se num clima positivo e de muita luta, o Coritiba mostra-se gigante dentro das quatro linhas (não em ações de marketing mentirosas como vemos por aí).
Está chegando a hora, então, lembre-se de poupar a sua voz para gritar bem alto amanhã: 'Eu sou finalista da Copa do Brasil mais uma vez'!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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