
De Torcedor pra Torcedor
A noite futebolística desta quarta-feira foi apreensiva para a torcida Coxa-Branca.
Não que a preocupação se restringisse aos aspectos técnicos/táticos que envolviam a partida diante do bem montado time do Barigui.
A aflição Alviverde originava-se a pouco mais de cinco quilômetros de distância do Estádio Couto Pereira, mais precisamente na sede do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol, no bairro do Tarumã.
Era lá, mesmo sem ter feito nada que transgredisse as regras desportivas, que o Coritiba se via envolto num dos julgamentos mais sórdidos da história do futebol paranaense.
Alheio ao devaneio megalomaníaco do presidente rubronegro que desde outrora objetivou a conclusão com dinheiro público do meio estádio que construiu , o Coritiba buscava dar continuidade ao seu processo de reestruturação quando se deparou com a inconcebível ameaça ao seu sagrado direito à propriedade.
Numa atitude absolutamente inaceitável por parte do presidente da FPF, foi aplicada arbitrariamente ao clube do Alto da Glória a imposição de empréstimo de seu estádio ao clube favorecido pelo poder público estadual e municipal.
Totalmente dissociado de suas atribuições estatutárias , Hélio Cury exacerbou o poder que detém em razão do cargo que exerce.
Peço licença ao amigo leitor para traçar uma malfadada analogia: coloque-se no papel de um pai que se encontra diante de uma ferrenha discussão entre seus dois filhos por um pedaço de bolo. A experiência de vida, o equilíbrio, o bom senso e o papel de mediador recomendariam que este pai sentasse à mesa com seus dois filhos, acalmasse-os, argumentasse buscando a paz, nem que para isso precisasse repartir o pedaço de bolo em dois. Se este pai fosse Hélio Cury, com certeza pegaria na mão de seu filho favorito e 'meteria os dois pés no peito' do outro, sem dó, nem piedade.
Pois foi exatamente isso que o presidente da FPF fez .
O que falar, então, do presidente dos 'sonhos megalomaníacos'?
Para ele reservo a analogia do irmão covarde. Sabe aquele tipinho que na escola se acha o valentão, arranja briga com todo mundo e quando encontra alguém maior, agindo como um verdadeiro rato de esgoto, sai correndo pedir ajuda para o irmão mais velho para defendê-lo?
Pois bem!
Agindo de forma leviana, pressionou o fantoche da vez e simplesmente saiu de cena, deixando Hélio Cury agir em seu nome .
Não consigo ver uma atitude mais covarde do que essa!
É preciso explicar ao mandatário rubronegro o principal motivo que levou à torcida Coxa-Branca a ter ojeriza à ideia de empréstimo do Estádio Couto Pereira.
A coletividade Alviverde não quer fazer parte deste assalto aos cofres públicos – simples assim! Ao contrário de quase a totalidade da classe política que está envolvida na criação de subterfúgios para desviar a finalidade do erário público – como o tal potencial construtivo ou as desapropriações que se perfazem ao arrepio da lei –, os Coritibanos só querem uma coisa: distância desse mar de lama.
O empréstimo do Estádio Couto Pereira em qualquer outra circunstância poderia ser discutido sem problemas. Contudo, diante dos discursos e ações arrogantes e prepotentes de um passado não tão distante, como a não entrega do troféu de Campeão Paranaense ao próprio Coritiba em 2008 , não há como cair neste verdadeiro canto da sereia que tem sido veiculado pela mídia, com o qual quer se fazer de vítima e pior: de 'co-irmão' do clube Alviverde.
Seria cômica se não fosse ridícula a desfaçatez que marca as ações do mandatário rival. Quando do interesse do clube favorito das autoridades, o Coritiba é 'co-irmão', caso contrário, não tem sequer o direito de receber um simples troféu – exemplo clássico da soberba de quem não sabe perder.
Esqueça esse discurso pra 'boi dormir', presidente. Revele somente a sua única face. Não aja por conveniência, pois agindo assim você subestima a inteligência alheia e cumpre um papel absolutamente ridículo.
Ontem, como disse, a noite foi de apreensão. Não porque o direito não assistisse de forma insofismável ao Coritiba, mas por saber que, mesmo diante de raras exceções como o presidente do TJD/PR, o Dr. Peterson Morosko , a tendência era que a decisão fosse revestida de um caráter político, jamais jurídico, como neste espaço já exaustivamente pontuei.
Se o coração estava envolto com o jogo do clube mais tradicional do futebol paranaense, a concentração estava incessantemente ligada às redes sociais para saber a quantas andava o circo no Tarumã.
Por intermédio do perfil do amigo e jornalista Diego Sarza no Twitter :
"Indo para o TJD acompanhar o julgamento sobre a obrigatoriedade do empréstimo do Couto. O início está marcado para 19h".
"A princípio serão 6 votos: 4 auditores, o relator e do presidente do TJD-PR".
Em verdade, o julgamento teria a presença de 7 auditores.
"Antes do julgamento será decidido se acatarão ou não o pedido da FPF de tirar a possibilidade de voto do presidente do TJD".
Aqui começou o absurdo, o início da estratégia para minar a mais lúcida interpretação jurídica da noite.
"Começou agora o julgamento envolvendo o empréstimo do Couto no TJD-PR. O @jogoabertopr está acompanhando".
"Presidente do TJD, Peterson Morosko, abre a sessão agradecendo a presença dos auditores".
"Advogado do Atlético, Domingos Moro, acompanha o julgamento".
No mínimo curiosa a presença do Conselheiro Vitalício do Coritiba Foot Ball Club como advogado do A. Paranaense . Aliás, caso o ilustre jurista venha a defender os interesses rivais em sede do STJD, caberá ao Conselho Deliberativo do Coritiba a tomada de medidas previstas no Estatuto da instituição.
"Relator Otacílio Filho dá abertura falando sobre os argumentos do Coritiba para não emprestar o estádio".
"Agora o relator fala dos argumentos da FPF para obrigar o empréstimo do Couto Pereira".
"Segundo a FPF, o presidente do TJD já havia se pronunciado dando a entender qual seria o seu voto antes do julgamento".
"Esse é o motivo do pedido de impedimento do voto do presidente do TJD, Peterson Morosko".
Uma completa vergonha – reflexo da podridão que infesta os bastidores do futebol paranaense.
"Nesse momento o advogado da FPF, Juliano Tetto, pede o impedimento do voto de Peterson Morosko".
"Agora Itamar Côrtes, advogado do Coritiba, fala que não há motivo legal para exclusão de voto do presidente do TJD".
"O primeiro auditor vota contrário ao impedimento de voto do presidente do TJD".
"O segundo auditor também vota contrário ao impedimento de voto do Peterson Morosko".
"O terceiro auditor vota contrário ao impedimento de voto do presidente do TJD".
"Outro voto contrário. Ficou decidido então que o presidente do TJD-PR, Peterson Morosko, poderá votar".
"Outro voto contrário ao impedimento de voto do presidente do TJD".
"Ficou decidido por unanimidade que Peterson Morosko poderá votar".
Era o mínimo que se poderia esperar!
""Eu me sinto em uma situação constragedora.", disso o presidente do TJD".
Não deve ser fácil fazer parte de uma Corte que rasga as leis e repudia os mais basilares princípios jurídicos. Realmente constrangedor!
"O advogado do Coritiba, Itamar Côrtes, começa a falar agora sobre o processo".
""Nem o artigo apontado pela FPF fala sobre essa situação (empréstimo).", diz o advogado do Coritiba".
É o que diz a LEI, o Estatuto da FPF.
""É um absurdo. Não é sobre essa situação que diz o estatuto.", argumenta Côrtes".
""O CAP jogou a batata quente na mão da FPF e disse: vamos ver o circo pegar fogo!", segue Côrtes".
Como se não bastassem as benesses do Poder Público, eis que a FPF está sendo utilizada ao bel prazer do mandatário rubronegro.
""O Atlético não entrou nem como terceiro interessado. Não é curioso?", falou Itamar Côrtes".
Não é 'curioso', Dr. Itamar! É a prova inconteste da desfaçatez e sordidez que marca todo esse processo pró 'time da prefeitura'!
""Não conseguimos entender qual o dispositivo legal que ampara esse ato da FPF. Não existe!", finaliza Côrtes".
Não dá pra entender, simplesmente porque ele não existe, Dr.!
"Agora Juliano Tetta começa a argumentar a ideia da FPF".
""A negativa do Coritiba se deve somente à rivalidade entre os clubes.", fala Juliano".
Primeira argumentação 'técnica' do ilustre causídico!
""O estatuto da FPF é claro. O Coritiba se recusa a atender o que está expresso no regulamento", segue Tetto".
O advogado esqueceu somente de verificar o motivo que levaria a FPF a solicitar a praça esportiva Alviverde – quase nada conveniente esta interpretação, não?!
""O Coritiba é obrigado a ceder o estádio à FPF", segue ele".
Parece-me que o direito à propriedade, contemplado na Constituição Federal de 1988, foi revogado...
"Ao meu lado o advogado do Coritiba fala: "...é obrigado a ceder à FPF, não ao CAP!""
""A FPF está com essa solução no colo e tem que resolver. O dinheiro da Copa será bom para CAP, CFC, para todos." continua Tetto".
É por essas e outras que a disciplina de Ética deveria impor 100% de frequência aos acadêmicos de Direito...
""A torcida do CAP é um patrímônio do futebol paranaense. A FPF tem a obrigação de auxiliar", diz ele".
Essa a maior pérola, sem contar a sustentação jurídica que a argumentação traz ao processo!
Aliás, o advogado em questão tem procuração para falar em nome do A. Paranaense? Pelo que parece, ele representa a FPF .
"O advogado, Juliano Tetto, encerra de falar os argumentos da FPF".
Ou seriam os argumentos disfarçados do A. Paranaense?!
"A procuradoria se pronuncia favoravelmente ao empréstimo. Segundo o procurador, não há ilegalidade nem provas de danos ao Couto".
Como se o fosse incumbência do Coritiba provar que não pode emprestar algo que lhe pertence! Talvez esse pensamento se deva ao fato do eminente procurador ser torcedor assumido do clube 'vítima das circunstâncias', conforme se pode verificar no seu perfil no facebook.
"Vice-presidente do TJD, Otacílio Filho: "Nós não merecemos os dirigentes do futebol paranaense!""
Seria interessante restringir essa observação aos mandatários do clube que torce, caro procurador!
""Eles deixaram essa vergonha chegar até aqui. Por isso o futebol paranaense não cresce!", segue ele".
Exatamente! E toda essa 'vergonha', essa sujeira, esse mar de lama não foi causado pelo Coritiba – isso qualquer um pode ver .
""Se o gramado estivesse ruim, o Coritiba não teria treinado lá ontem.""
O Coritiba faz do seu estádio o que ele bem entender, procurador! O senhor deveria saber disso por tão elementar que é!
""Infelizmente essa vergonha estadual vai virar nacional, quando for para o STJD. Vão rir do nosso estado.""
Motivos para rir é que não faltam! Supermando, AtleTiba numa quarta-feira de cinzas, gramado do Arapongão, presidente subserviente e por aí vai...
"Otacílio Sacerdote Filho segue argumentando o seu voto".
"Otacílio Sacerdote dá a entender que vai votar contrário ao empréstimo do Couto Pereira".
"Confirmado! Otacílio Filho vota contrário ao empréstimo do Couto Pereira".
Pra não ficar 'feio na foto', tomou a única medida jurídica que lhe cabia, nada além disso!
"Agora quem vota é o auditor Paulo Gradela".
"Paulo Gradela também comenta que as diretorias deveriam ter se entendido sem a interferência do TJD-PR".
Caso a arrogância e autossuficiência não fossem a tônica do mandatário rubronegro, quem sabe...
"Interet caiu. Atualizando: Paulo Gradela diz que FPF não pode impor valor do aluguel, mas há legalidade no pedido. Ele ainda nao votou".
"Paulo Gradela vota a favor do empéstimo. Tá 1 a 1".
VERGONHA!
"Agora o auditor Davis Bruel vota".
"Davis Bruel segue argumenatando o seu voto".
""A Federação tem o poder de requisitar", diz Bruel".
Sim, ele só esqueceu de mencionar os fins da requisição. Será porque parece ter integrado o quadro associativo do clube 'vítima das circunstâncias' no ano de 2008?
"Davis Bruel vota favorável ao empréstimo do Couto Pereira. A FPF vai vencendo por 2 a 1".
VERGONHA!
"Agora quem vota é o auditor Vinícius Borba".
"Vinícius Borba votou favorável ao emprésrimo do Couto Pereira. Por enquanto tá 3 a 1 para a FPF".
VERGONHA!
"Agora quem vota é o auditor Adelson Souza".
"Segue falando o auditor Vinícius Borba. Amanhã a cobertura completa no @jogoabertopr".
"O auditor vota contrário ao empréstimo. 3 a 2".
Momento raro de lucidez na noite do TJD/PR. Ponto para a juridicidade!
"Agora quem vota é o auditor Clóvis Galvão".
"Agora quem vota é o auditor Clóvis Galvão. Depois dele apenas o presidente, Peterson Morosko".
"Clóvis Galvão vota contrário ao empréstimo. Agora: 3 a 3. O presidente do TJD vai decidir".
Momento raro de lucidez na noite do TJD/PR. Ponto para a juridicidade! (2)
"Peterson Morosko votou contrário ao empréstimo. Coxa segue desobrigado a ceder o Couto. Caso deve ir para o STJD".
"Obrigado a todos que acompanharam. Amanhã cobertura completa no @jogoabertopr"!
Enfim, a muito custo, pelo menos por ora, o Direito prevaleceu à politicagem!
Engana-se, no entanto, quem pensa que a podridão do futebol paranaense parece ter sido estancada!
A felicidade se fez presente com a vitória em campo diante do C. Paranaense, o que não se pode dizer em relação à 'vitória' no TJD/PR, pelo contrário, esta não é motivo para comemoração, afinal, o Coritiba nem deveria estar ali!
Aguardemos os próximos capítulos no antro do STJD.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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