
De Torcedor pra Torcedor
Há pouco foi veiculada a notícia que informa quais os atletas relacionados para a partida desta quinta-feira em Belo Horizonte.
A ausência do craque Alex serviu como uma imediata fonte de especulações, teorias e até desconfianças.
De certa forma, é possível entender a reação da torcida.
Invariavelmente, semana após semana, as notícias que se originam no Departamento Médico Alviverde dão conta da expressiva quantidade de lesões que afastam os atletas das partidas subsequentes, o que tem prejudicado em muito a campanha Coxa-Branca na temporada.
Diante destas dificuldades corriqueiras surgem diversas tentativas de encontrar uma explicação para tantos desfalques. "Erros de planejamento", "Equívocos dos fisiologistas", "carga de treinamento não adequada", "calendário apertado", entre tantas outras.
As cobranças se intensificam após os resultados adversos, é natural, o torcedor quer poder entender o motivo pelo qual este problema ocorre com tanta constância no Coritiba.
Não atuo na área de preparação física, portanto, qualquer hipótese que eu levante ao analisar estes fatos não passará de mera conjectura. Contudo, somo-me àqueles que entendem como inconcebível o número de lesionados no Coritiba , mas prefiro me ater a um dado que explica de certa forma a ausência do craque Coxa-Branca.
A quantidade absurda de jogos que as equipes enfrentam no Brasil numa mesma temporada é sim, por si só, um dado a ser considerado. Se a princípio não parece ser um componente expressivo, há que se colocar nesta conta as enormes distâncias que as equipes percorrem para jogar fora de casa.
No caso do camisa 10, suas últimas nove temporadas foram realizadas na Turquia - um país que ocuparia cerca de 9,2% do território brasileiro.
Nestas temporadas a quantidade máxima de partidas cumpridas por Alex foi de 51 em 2006/2007 (alguns dados interessantes sobre a carreira de Alex pode ser visualizados aqui).
Em 2013, atuando pelo Coritiba, Alex já cumpriu 34 jogos, tendo pela frente 19 partidas pelo Campeonato Brasileiro e (caso o Coritiba chegue às finais) outras 8 pela Copa Sulamericana.
Com 35 anos de idade, mesmo não tendo histórico de lesões graves, o atleta tem duas opções para manter o seu alto rendimento: ou programa sua participação com o menor desgaste possível ou encerra a carreira em dezembro.
Em setembro, só para exemplificar, o Coritiba fará 10 jogos. A média é de uma partida a cada três dias. Coloca-se na conta deste três dias o tempo necessário para percorrer grandes distâncias, poucos instantes reservados para a regeneração muscular dos atletas e a falta de treinamentos específicos.
Evidente que tal maratona não atinge somente o craque Alviverde. Todos os atletas sofrem seus efeitos. No caso de Alex, além de ter quase 36 anos (os completará no próximo sábado - Parabéns, capitão), sua fisiologia estava habituada a uma média anual de 50 partidas com deslocamentos territoriais próximos.
São dados estatísticos que não podem ser desprezados.
Não há dúvida que a torcida gostaria de poder contar com a genialidade do craque a cada noventa minutos que o Coritiba entrasse em campo, da mesma forma que o "torcedor" Alex também gostaria, por certo.
No entanto, é preciso que todos possam entender que se o trabalho de recuperação física não for o mais próximo do que ele precisa para render o que dele tudo se espera, aquela contratura muscular que o deixou fora de várias partidas - a primeira em sua carreira - se tornará uma constante.
Não adianta, os ídolos se mostram como "heróis indestrutíveis" somente no imaginário daqueles que os admiram. Na vida real eles também precisam de cuidados e compreensão.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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