
De Torcedor pra Torcedor
O Coritiba enfrentará na tarde/noite do próximo Domingo uma das partidas mais difíceis da sua história, nem tanto pela qualidade técnica de seu adversário, mas pelos interesses que permeiam este confronto.
Contra tudo e contra todos, tal qual ocorrera em 1985 e 2005, o centenário clube do futebol paranaense estará em campo em terra fluminense, tendo que passar por cima de CBF, de arbitragem, de Rede Globo de Televisão e de toda a imprensa ‘especializada’ do eixo que, mesmo veladamente, dão como certa a fuga de Botafogo e Fluminense do fantasma do rebaixamento – colocando o Coritiba como um dos quatro últimos da competição.
A partida diante do Botafogo, então, ganha ares de decisão e é com este espírito que Vanderlei, Wanderson, Pereira, Dirceu, Cleiton, Ângelo, Luciano Amaral, Márcio Gabriel, Jailton, Leandro Donizete, Makelele, Pedro Ken, Renatinho, Marcelinho, Ariel, Marcos Aurélio, Thiago Gentil e Rômulo, além de toda a comissão técnica, precisam estar revestidos.
Tudo e todos estarão contra o Coritiba nesta reta final da competição e isso não é mais uma ‘teoria da conspiração’, mas o reflexo do nefasto futebol brasileiro que sempre privilegia os chamados ‘grandes’ clubes (como se o Coritiba não estivesse entre eles).
O problema maior é que clubes do falido futebol carioca estão a perigo e este fato, por si só, causa todo o tipo de arrepio em qualquer torcedor Coxa-Branca com um mínimo de memória.
Em 1985, o valente time do Coritiba, após ter desclassificado o temível Atlético Mineiro em pleno Mineirão, seguiu firme, sob a batuta do mestre Ênio Andrade, rumo à capital carioca para, de dentro do maior estádio do mundo, erguer a taça de campeão nacional.
Os cariocas, naquela oportunidade, uniram-se em torno do ideal da conquista banguense e a certeza do título estava sedimentada, a ponto do caminhão do Corpo de Bombeiros estar estacionado em frente ao portão do vestiário do time comandado pelo bicheiro Castor de Andrade.
O menosprezo ao Coritiba era flagrante. Ninguém, em sã consciência, diria que aquele time do ‘interior’ poderia chegar no ‘maior do mundo’ e colocar água no chopp do time do estádio de Moça Bonita.
Sorte do time paranaense que no apito daquela partida estava Romualdo Arpi Filho – um dos melhores e mais incorruptíveis árbitros que este pais já viu. O Coritiba, mesmo jogando fora de casa, com 95% do estádio lhe apupando, sagrou-se campeão brasileiro, fazendo a mídia ‘especializada’ engolir toda a arrogância e menosprezo que lançaram em direção ao clube mais tradicional do Paraná.
Saudades de um tempo que não volta mais. Hoje o que vale é o dinheiro, o patrocínio, o ‘peso’ de uma camisa no sentido mercadológico de ser e esse é o perigo!
Em 2005, sob a égide destes novos tempos do futebol, o Coritiba sentiu na pele as abjetas consequências deste jogo sujo de interesses. Em queda vertiginosa de rendimento na competição, após a perda de alguns dos seus melhores jogadores, o time Alviverde que começou bem o campeonato, entrou em parafuso e na reta final do certame disputava contra o Flamengo uma das vagas daqueles que se salvariam por pouco do inferno da segunda divisão.
O resultado do jogo, vitória flamenguista de virada por 2x1, foi o reflexo de uma das maiores safadezas que o futebol brasileiro já produziu. Particularmente, a elevo ao mesmo nível daquela cometida por José Roberto Wright em Campinas no ano de 1991 e a canetada de Ricardo Teixeira em 1989.
Trago estas lembranças a tona para demonstrar o quanto poderemos sofrer nesta partida, caso todos os integrantes da comitiva Alviverde não se conscientizem do que enfrentarão na terra das Olimpíadas de 2016.
O espírito dos jogadores precisa ser forjado a fogo, o mesmo fogo que deu forma as suas armaduras utilizadas no clássico atleTIBA de dias atrás. Se contra o maior rival o time Alviverde entrou a 220Km/h, contra o bote preparado pelas víboras cariocas precisará quebrar a barreira do som.
A batalha do atleTIBA, vencida pelo Cori, já entrou para a história. Há, ainda, uma guerra a ser vencida e todos os pensamentos positivos ajudarão o bem a suplantar o mal.
Que os atuais jogadores encarnem a raça do time de 1985, que o técnico Ney Franco tenha o seu dia de Ênio Andrade e que todos os Alviverdes possam calar, senão o Maracanã, o estádio do Engenhão - 'sede' do time de General Severiano.
Boa sorte Coritiba - força, fé e luta!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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