
De Torcedor pra Torcedor
Caro torcedor Coxa-Branca,
Se você quase caiu do sofá com o drible desconcertante do Leandro Damião em cima do Demerson, pouco antes de fazer um golaço - procure a Central de Relacionamento com o Sócio e associe-se ao Coritiba.
Se você ficou estupefato com a facilidade na construção da jogada do gol marcado por Dagoberto - procure a Central de Relacionamento com o Sócio e associe-se ao Coritiba.
Se você viu um amplo domínio do time colorado no primeiro tempo, uma certa melhora do Coritiba no segundo, mesmo que insuficiente para alterar o panorama da partida - procure a Central de Relacionamento com o Sócio e associe-se ao Coritiba.
Se você viu o prejuízo Coxa-Branca quase ter sido elastecido com a bomba que o centroavante da Seleção Brasileira fez explodir no travessão de Vanderlei - procure a Central de Relacionamento com o Sócio e associe-se ao Coritiba.
Perder para o Internacional em Porto Alegre não será uma 'exclusividade' Coxa-Branca. Clubes com muito mais prestígio e dinheiro volta e meia retornam para casa com a derrota na bagagem após o confronto nos Pampas -, mas nem sempre foi assim.
Até o ano de 2002, muito embora nunca tenha sido efetivamente rebaixado, o colorado gaúcho enfrentava a escassez de títulos expressivos, vivendo uma fase em que era sombra de si mesmo - da época em que havia conquistado o tricampeonato brasileiro na década de 70.
Desde o título nacional de 1979 até o título da Copa do Brasil de 1992 foram-se longos 13 anos conquistando apenas troféus regionais.
Em 1999 e 2002 os dois momentos em que a segunda divisão esteve mais próxima do Beira Rio.
Bastou o susto da possibilidade do descenso para o Internacional acordar. Com arrojo, profissionalismo, mas acima de tudo com uma maciça adesão ao projeto de reconstrução por parte de seus torcedores, o clube gaúcho estava levantando a Taça de Campeão do Mundo em 2006.
Recentemente assisti a uma reportagem que elencava os clubes que mais arrecadaram nos últimos anos, na sequência: Corinthians, São Paulo, Internacional e Santos (que ultrapassou o tão badalado Flamengo).
Não é difícil entender que Corinthians e Flamengo ocupem estas posições por serem os clubes que recebam as maiores cotas da televisão; que o São Paulo é o clube pioneiro no quesito profissionalização e fomento do quadro associativo e que o Santos colhe os frutos financeiros de ter mantido o principal jogador do país - uma verdadeira fonte de publicidade e patrocínios.
O caso do Internacional é que merece uma análise mais ponderada. Não há dúvida que receba menos que Corinthians e Flamengo e mais que o Coritiba quando o assunto são as cotas de televisão.
Mas o que o fez um clube que 'bate de frente' com os queridinhos da mídia?
Seus torcedores - que compraram a briga para transformar o clube no 'Campeão de Tudo'.
Contando com mais de 100.000 associados, o clube gaúcho encurtou a distância financeira que a Rede Globo impôs aos clubes brasileiros.
Podendo contar com um orçamento bancado pelos torcedores/associados, as diretorias que assumiram o clube após 2002 foram paulatinamente o solidificando, transformando-o numa das grandes potências do futebol nacional.
Se aconteceu em Porto Alegre, por que não pode acontecer em 'Coritiba'?
Não há que se afastar da análise o fato de que o povo gaúcho defende e enaltece as suas tradições. O Rio Grande do Sul ou é vermelho ou azul em sua quase totalidade. Infelizmente o povo paranaense, com múltiplas identidades, prefere ostentar, quase como regra geral, culturas estranhas à terra de que tira seu sustento, salvo raras exceções como Paranaguá e Ponta Grossa.
Mesmo assim, restringindo-se ao universo da torcida Coxa-Branca, composta por 1.100.000 torcedores aproximadamente, não há como conceber que somente cerca de 30.000 torcedores (20.000 adimplentes) façam seus sacrifícios pessoais para viabilizar o planejamento responsável do clube.
Como querer sonhar com conquistas maiores no Campeonato Brasileiro - cada vez mais segmentado financeiramente -, se nós mesmos, diferentemente do que fez a torcida do time gaúcho, não acreditamos que o somatório de forças é que fará toda a diferença?
Será mesmo que somente 2,73% dos torcedores Alviverdes têm a capacidade de ajudar o clube a subir alguns degraus da escadaria financeira do Brasileirão?
Inegável que os preços de ingressos/planos de associados são significativos dentro da realidade econômica do país, mas infelizmente não há o que se fazer diante desta nova ordem do futebol nacional.
Contudo, se os valores praticados pelo Coritiba não cabiam no orçamento de muitas famílias, tal impeditivo, convenhamos, se esvaziou com a criação da modalidade "Sócio Torcedor" ao quase simbólico valor de R$ 9,90 mensais.
Mesmo enfrentando o abismo que separa os clubes privilegiados pela mídia, o Coritiba segue seu caminho de reestruturação e planejamento, mas se queremos algo maior no menor tempo possível, temos que refletir sobre a importância de cada torcedor nesta grande engrenagem.
Ou se 'compra a briga' para transportar o clube ao rol daqueles que mais arrecadam ou vamos ter que cada vez mais assistir 'dribles da vaca' em nossos jogadores - esta é a realidade.
Num caminho mais curto para a conquista de um torneio nacional, o Verdão se depara com o perigoso Vitória na noite desta quarta-feira.
É a hora de enchermos o estádio Couto Pereira, de preferência com muitos novos associados.
Estamos a cinco jogos de mais uma final nesta competição.
Depois de ter sido campeão brasileiro e experimentado uma 'estiagem' de conquistas nacionais como o próprio Inter, será que o destino reserva ao Coritiba o título da Copa do Brasil como marco inicial para as maiores conquistas da sua centenária história?
Eu vou pagar pra ver!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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