
De Torcedor pra Torcedor
Em entrevista ao repórter Kako Mazanek na manhã desta terça-feira, o presidente Vilson Ribeiro de Andrade se mostrou receptivo à ideia de realizar os clássicos do campeonato paranaense no estádio Couto Pereira, sejam aqueles de mando do Coritiba ou não.
Para tanto, seria necessário que houvesse a possibilidade de ampla discussão, até porque o tema a requer. Todavia, acredito que a imensa maioria dos torcedores Coritibanos não vê com bons olhos essa possibilidade.
E que não se diga que o futebol paranaense não cresce por causa de um "capricho" como esse. O futebol paranaense não cresce porque lhe falta algo que é a base para uma evolução equilibrada e gradual: isonomia.
Não temos uma federação atuante e principalmente isonômica; não temos uma classe política que saiba dissociar seus afazeres regidos por seus mandatos das paixões clubísticas – proporcionando o crescimento de um e o completo desprezo aos demais - atribuições que sequer deveriam fazer parte de suas "preocupações", diga-se.
Num Estado que admite como lema a tal “arena dos paranaenses” para designar um estádio privado; num Estado que cria as mais diversas ferramentas (mesmo que ao arrepio da lei) para injetar recursos públicos em obra particular; num Estado em que torcedores rivais, bem como seus dirigentes, acreditam ser justificável o incremento de seu patrimônio às custas alheias, desdenhando diuturnamente do estádio que por muito tempo lhe serviu de morada, não é possível falar em "parceria", em “divisão”, em “igualdade”.
Olhando para um passado não muito distante, o estádio Couto Pereira foi palco de grandes jogos tanto de Atlético, quanto do Paraná Clube. Também o foi de memoráveis partidas destes contra os donos da casa em ocasiões que as arquibancadas eram divididas e pintadas em cores diversas. Bons tempos.
Estes fatos são apenas boas lembranças.
No atual estágio de sordidez que assolou a Terra dos Pinheirais – onde os fins justificam os meios e há tantas imposições inconcebíveis (seja por parte do Poder Público com toda essa absurda “engenharia financeira” que se prestou a criar ao arrepio da lei (o instituto da desapropriação é um bom exemplo disto) para propiciar o tratamento desigual, ou até mesmo do presidente da FPF ao forçar, via justiça desportiva, o empréstimo do estádio Alviverde ao clube sanguessuga dos cofres públicos), não há que sequer cogitar esta hipótese.
Ressalte-se que não se trata de pleitear "tratamento equalitário" quando os meios utilizados são tão deploráveis, ilegais e condenáveis como estes que temos o desprazer de acompanhar diariamente.
Para que não se diga que é preciso agir de forma extrema, e até por ver que há um bom relacionamento entre o Coritiba e o Paraná Clube, penso que as conversas poderiam se dar neste sentido entre estas duas diretorias, afinal, onde não há imposição encontra-se uma terra fértil para boas negociações, onde todos possam sair ganhando.
Contudo, com relação ao clube apadrinhado pelo Poder Público a conversa é simples e objetiva: não tem negócio, principalmente enquanto for dirigido por seu atual presidente.
A situação é complexa, tanto quanto polêmica, porém, desde já deixo um pedido ao presidente Coxa-Branca:
Consulte seus torcedores e conselheiros e verifique o que a maioria (talvez esmagadora) pensa sobre o tema. Acaso assine algum documento que permita a torcida do clube gigolô a frequentar o estádio Couto Pereira em número além do que o Estatuto do Torcedor determina, saiba que sua assinatura não estará contida num simples acordo, presidente.
Ela representará um armistício numa guerra não deflagrada pelos donos da casa.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes.
Percy Goralewski
facebook
twitter.com/percycoxa
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)