
De Torcedor pra Torcedor
Começou a famigerada Série B para o Coritiba e, finalmente, a 'última ficha' oriunda dos trágicos acontecimentos do dia 06/12/2009, caiu: nos vemos mais uma vez disputando esta maldita divisão e, pior: a iniciamos com o pé esquerdo.
Depois de ter liderado de ponta a ponta o (fraco, mas almejado) campeonato paranaense, o time Coxa Branca já pode sentir que a trajetória de retorno à Série A será longa e penosa.
Tenho confiança no trabalho desenvolvido pelo técnico Ney Franco, mas é preciso mencionar alguns pontos que merecem reflexão:
I) O plantel coritibano carece de reforços; II) para jogar no Coritiba, os atletas tem que ter a consciência que só vontade não basta - um 'pouco' de técnica é fundamental e III) é preciso que se defina quem ficará no clube do Alto da Glória até o final desta competição.
A conquista do campeonato estadual foi saborosa - pela vitória incontestável frente ao 'rival da Série A', servindo como uma massagem ao machucado ego do torcedor Coxa Branca. No entanto, ela por si só não é suficiente para aplacar a necessidade do clube 'ir às compras'.
Contratar dois laterais, dois meias armadores e dois atacantes é o mínimo que se espera - e que estas contratações não demorem a acontecer, sob pena dos pontos perdidos aqui e acolá fazerem falta ao final da competição.
Não temos tempo a perder e nem crédito para 'queimar' - o time tem que ter opções e jogadores que possam substituir os titulares, garantindo que a regularidade da equipe seja mantida ao longo de toda a competição.
Se as carências não se mostraram latentes no campeonato estadual (por sua pobre qualidade técnica), na Série B elas já começam a ficar expostas. Tomara que Felipe Ximenes tenha boas novas de sua viagem à Argentina e Uruguai.
Aliada à necessidade de reforços, o atual elenco, por mais que aparentemente seja composto por uma maioria de atletas que estejam imbuídos do projeto de fazer o Coritiba voltar à primeira divisão, conta com jogadores que precisam mostrar mais qualidade técnica.
Tecer críticas nem sempre é fácil, a uma porque se manifestar sobre o trabalho alheio com imparcialidade não é uma tarefa simples para um torcedor, a duas porque nem sempre é fácil encontrar o momento apropriado para as mesmas.
Contudo, o Coritiba não tem a chance de errar. Não há tempo para lamentações.
Tentando criar uma forma de criticar numa medida que acho justa, utilizarei uma analogia para criticar alguns atletas de forma mais direta, conferindo-lhes sempre a oportunidade de na próxima partida se 'redimir' e melhorar seu rendimento.
A partir de hoje utilizarei a figura simbólica do semáforo para analisar a participação individual de alguns atletas e, nesta partida de estreia contra o Náutico, o sinal amarelo acendeu para:
Fabinho Capixaba: precisa jogar com a cabeça mais erguida e com mais confiança. Imagino que acertar os cruzamentos seja uma de suas funções, pois de nada adianta construir uma jogada de linha de fundo e não alçar a bola com qualidade na grande área. Em verdade, está devendo uma grande atuação desde que chegou ao Coritiba e as oportunidades já foram as mais diversas possíveis.
Bill: da mesma forma que o lateral direito, o centroavante coritibano ainda não fez uma partida consistente desde que estreou no Coritiba. Não sei se a ansiedade em acertar as finalizações e 'desencantar' com a camisa Coxa Branca é o fator negativo que está atrapalhando seu futebol, mas se for, espero que coloque a cabeça no lugar, se concentre mais na hora de fazer a rede balançar e faça as pazes com a galera - está devendo!
Capricha aí, rapaziada! Tomara que numa próxima oportunidade o sinal verde acenda para vocês, pois do contrário, se acender o vermelho, imagino que a crítica possa se dar de forma ainda mais forte, pois será justo!
Por fim, tão importante quanto poder contar com jogadores que apresentem um nível satisfatório de qualidade técnica, é saber se TODOS os atletas estão dispostos de ir até o final desta dura jornada.
O 'caso Ariel' é emblemático.
De jogador absolutamente desconhecido, oriundo da segunda divisão argentina, "El Loco" transformou-se num ícone de garra e goleador num clube que não pode somente lhe servir como vitrine.
Ariel chegou ao Coritiba - um dos maiores clubes do futebol brasileiro - e assinou um contrato de 5 anos.
Não sei qual é a intenção do cidadão Ariel, mas sei que a intenção de seu atual advogado é a pior possível quando o assunto é a 'paz' no Alto da Glória.
Já escrevi sobre a conveniência jurídica praticada por seu advogado, quando confere a um mesmo princípio um peso e duas medidas - nada mais natural, tomando como base as cores que veste e a eterna condição de freguês.
É sabido que há muita gente disposta a se utilizar de tudo o que for possível para desestabilizar o bom ambiente que está instalado no Alto da Glória, especialmente após a conquista do campeonato estadual. Soma-se a isto o fato do 'time paranaense da Série A' estar longe de não ser um dos possíveis rebaixados ao final da temporada, vendo, inclusive, muito próximo do fim o sonho de receber dinheiro público para o término de seu estádio.
Contudo, importa saber do próprio jogador argentino o que ele quer para a sua carreira. Quer continuar sendo joguete na mão de empresário e procurador ou vai tomar a decisão que qualquer homem honrado espera: a de cumprir com a palavra dada, com o acordo de vontades assinado?
Muito mais importante do que qualquer discussão jurídica que envolva a vigência do contrato de cinco anos livremente assinado por Ariel, é a sua atitude  em ser honesto com o Coritiba.
Ariel: você já está 'bem crescidinho' para saber o que quer da vida. Olhe para trás, lembre de seu passado, veja a projeção que alcançou no Coritiba e reflita se vale a pena seguir as instruções oriundas de uma mente assumidamente rubro negra. Aliás, Ariel, já pensou na hipótese de que esta forma como seu procurador está lhe 'instruindo' é a única capaz de impedi-lo de 'metralhar' o time que ele torce ferrenhamente?!
Você é um atleta jovem, com uma longa carreira pela frente. Chegará o momento de se despedir do Coritiba, mas isso pode se dar de forma natural e honrada. Você não precisa abreviar a saída, nem tampouco destruir a imagem de ídolo (para muitos torcedores) e vencedor que construiu.
Lembre-se: são inúmeros os casos de jogadores que, hipnotizados pelo canto da sereia, acreditaram que virar as costas para o clube que lhes ofereceu status era o melhor caminho. Não precisa ir longe, converse com o capitão do time coritibano e ele poderá lhe contar em detalhes o quanto é ilusória a vontade de ganhar mais dinheiro em troca do apoio de uma torcida como a do Coritiba.
Sinceramente? Já passou da hora de você dar um murro na mesa e acabar com essa conversa fiada de empresário e procurador, dizendo ao povo Coxa Branca se sai ou se fica!
Seja honesto para com os torcedores do Coritiba e também para com os seus dirigentes, pois caso não queira ficar, pague a multa rescisória e siga seu caminho, conferindo a estes a oportunidade de trazerem alguém que esteja com a cabeça voltada somente ao projeto de retorno à Série A.
Agora é contigo!
E aí, Ariel?
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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