
De Torcedor pra Torcedor
O dia: 08 de junho de 1924. O placar: Coritiba 6x3 A. Paranaense. Começava ali uma série de 130 ‘surras’ que os rubro-negros tomariam ao longo da história do atleTIBA – todas elas responsáveis por tanto rancor, inveja, arrogância e prepotência por parte dos ‘vermelhos’.
O ano: 2009. Nada me tira a impressão que nos bastidores os rubro-negros encontraram uma forma capaz de impedir o título Alviverde no ano que completaria seu centésimo aniversário. Proposta e aprovada a esdrúxula fórmula do campeonato estadual (e até agora não entendo como fora aceita por Paulo Jamelli), os atleticanos vibraram com a impossibilidade de uma final contra o Coritiba, afinal, não poderiam correr o risco de não entregar a taça ao centenário campeão como já o fizeram num passado nada distante.
Muito mais por incompetência do próprio Coritiba que mérito dos rivais, eis que os rubro-negros obtiveram êxito em seu maquiavélico intento: ergueram o troféu da temporada, mesmo que de forma tímida, pois no final de semana anterior, o centenário Coritiba ‘enchera de água’ o chopp que já estava gelado, vencendo-os em plena baixada, por 4x2.
Como quem gosta de sofrer e se enganar, os rivais promoveram a festa pelo título, com frases do tipo: ‘ganharam o clássico, mas o caneco é nosso’! Mal se recordam que no Memorial do Alto da Glória existem 33 troféus como aquele. Que o guardem num local de destaque, de preferência no QUARTO andar da tal ‘ARENA’, com o perdão pelo trocadilho!
Diante desta ‘espetacular’ conquista, os rubro-negros assentaram sua prepotência ao querer denominar (e menosprezar) o centenário Alviverde de ‘100 ter nada’ – nada mais ridículo, como se a gloriosa história do Coritiba se resumisse a um ano ou a um campeonato não conquistado.
No fundo, conscientes de sua inferioridade histórica, alardearam que não teríamos nada a comemorar nesta temporada – ledo engano. Temos muito a comemorar sim. A condição de ser um Coxa-Branca é o primeiro motivo para brindar todos os dias. Ser a maior e mais vibrante torcida também o é. Ser o maior campeão deste Estado, acredito ser, de igual forma, um bom motivo para festas. Estar presente na vigília do centenário, por exemplo, é uma sensação que eles ainda nem imaginam como seja. Assim como esses, tantos outros fatores nos fazem assim – tão felizes.
Talvez o maior deles é ver toda a empáfia e arrogância sucumbirem à mística camisa Alviverde toda vez que os rivais se encontram em campo. Do dia 08 de junho de 1924 ao dia 25 de outubro de 2009, uma verdade única e incontestável se revela: no Paraná não há um clube com mais expressão que o Coritiba e como tem gente que se esforça para não enxergar o óbvio!
Aliás, falando sobre o Domingo, pela segunda vez no ano do ‘100 ter nada’, aquele time que era para ser um ‘100 ter nada’ para comemorar, colocou as coisas nos seus devidos lugares: 3x2 que somados aos 2x4 do campeonato estadual, perfazem um saldo de 7x4, ou seja, três gols de lambuja para fazer a alcunha do ‘100 ter nada’ ser enfiada goela abaixo dos prepotentes! Ah, atleticanos, como vocês sabem fazer felizes os meus dias pós-atleTIBAS! Obrigado, de coração!
Alguns registros rápidos que valem ser destacados:
A RAÇA de todo o time coritibano, especialmente de Ariel Nahuelpan. O gringo não baixou a cabeça pelo infortúnio do gol contra. Dois minutos depois, lá estava ele balançando as redes da outra meta para sair ‘metralhando’ a torcida rival. Se tem uma torcida que jamais poderá abrir a boca para menosprezar o argentino é a torcida ruborizada, pois tem atleTIBA – tem gol de ‘El Loco’, o que o transforma, em tão pouco tempo, em carrasco dos torcedores do time do Água Verde!
A ESTREIA DA CAMISA ‘JOGADEIRA’ COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO. Se contra o Grêmio, no estádio Olímpico, jogando bem mas sendo derrotado com a camisa branca, no clássico, a mística da camisa campeã brasileira se fez presente, inaugurando-se em grande estilo. Além de belíssima, essa camisa exerce um medo inquestionável nos adversários.
A PREPOTÊNCIA E A ARROGÂNCIA DE JOGADORES E TORCEDORES RUBRO-NEGROS. No lance do terceiro gol Coxa-Branca, estava, como de costume, com os amigos ao lado da parede do fosso da reta da Mauá. Na nossa frente Marcelinho Paraíba ajeita a bola. Na barreira, Paulo Baier e Wesley tentam desconcentrar o atacante coritibano, batendo no peito e falando: “bate aqui”, “vai errar” e outras frases absolutamente antidesportivas. Eis que enquanto arrotavam a arrogância, pois para eles o jogo já tinha acabado no empate em 2x2, o craque Alviverde numa jogada inteligentíssima, deu um tapa na bola para Marcos Aurélio estufar as redes atleticanas para a ira dos dois falastrões da barreira – nada melhor quando a resposta à provocação é dada na bola, mas isso é uma coisa que só o ‘lado verde’ sabe como é!
Nesta segunda-feira, na tentativa de aplacar a própria dor, alguns atleticanos se superaram! Conseguiram escrever as seguintes pérolas: a culpa pela derrota ficou a cargo do árbitro; a festa da torcida Coxa-Branca é o reflexo da (suposta) 'grandeza' do time da baixada, entre outras (como se ganhar do A. Paranaense fosse alguma novidade para nós)! Confesso que não consigo ver diferença nas ‘surras’ que os aplicávamos na época das arquibancadas de circo da velha baixada ou nestas que temos dado na época do meio pet-shopping. Para tentar resgatar o pouco que sobrou da auto-estima e do ego, os rivais se elevam a uma condição de grandeza absolutamente inexistente pra tentar transformar nossa doce e histórica rotina de vitórias num acontecimento épico – prova inconteste da soberba que insanamente os acomete.
A FESTA ORGANIZADA PELA GRANDE TORCIDA ALVIVERDE. A cada jogo, a cada dificuldade, a torcida do Coritiba evolui em ritmo acelerado no quesito dedicação ao clube. É impressionante a capacidade de organização para a produção do Green Hell, por exemplo. Seus organizadores estão de parabéns, seja de dia, seja de noite, a torcida do Coritiba dá aulas sobre como fazer a festa no futebol. Os rivais jamais reconhecerão, ao contrário, desdenharão como de costume, mas no íntimo de cada rubro-negro que se fez presente no Alto da Glória deve ter ficado ainda mais latente um sentimento que os consome a quase nove décadas: a inveja.
A lamentar os fatos ocorridos fora do estádio que culminaram com a morte de um torcedor rubro-negro. Não entrarei no mérito da questão, porque como torcedor, disponho deste espaço para falar de futebol e seus desdobramentos. Esse assunto, por certo, deve ser tratado nas páginas policiais, mas como cidadão entendo ser a hora de dar um basta a essa rivalidade insana e descontrolada que só cresce a cada dia. Precisamos saber separar as coisas da bola, com a consequente e salutar ‘tiração de sarro’ que o futebol estimula, dos atos criminosos, bestiais e inconcebíveis que são cometidos de parte a parte, no Brasil e no resto do mundo. Esporte é vida, nunca nos esqueçamos disto.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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