
De Torcedor pra Torcedor
Foram quase dois meses sem escrever neste espaço. Neste período, ao lado de um sem número de torcedores e ex-atletas, buscamos sair um pouco do mundo virtual para viabilizar ações reais para tentar ajudar a tirar o Coritiba da rota que estava fatalmente fadado a trilhar. Graças ao esforço coletivo da torcida, do comprometimento do grupo de jogadores que tem SIM vergonha na cara (as laranjas podres foram naturalmente afastadas) e o exemplo de hombridade de um líder como o Tcheco, a INSTITUIÇÃO se salvou.
Voltemos ao Blog para pontuar alguns fatos a fim de iniciar uma campanha para EXIGIR que a fumaça branca saia da chaminé do Couto Pereira, não sem antes fazer algumas referências ao passado.
Após o rebaixamento de 2009, Vilson Ribeiro de Andrade bateu no peito e se propôs a ser decisivo na reconstrução do Coritiba. Com muitas dificuldades, contando com o trabalho do Superintendente Felipe Ximenes, montou um elenco que buscou já no ano seguinte o retorno à Série A, conquistando o título, mesmo jogando no Estádio Couto Pereira apenas 9 dos 38 jogos da competição.
Sem dúvida, nem mesmo o mais otimista torcedor imaginaria um trabalho tão bem feito. Surgiu a esperança de vermos a atuação de um verdadeiro líder para colocar ordem na bagunça que insistia em permanecer nas sucessivas administrações do clube.
Em 2011 o ápice do bom trabalho da dupla Vilson & Felipe Ximenes. Há tempos não se via um elenco tão bem montado no Alto da Glória. A hegemonia estadual foi mantida com sobras e por muito pouco não conquistamos a Copa do Brasil. Mesmo enfrentando sérios problemas de saúde, o presidente do clube não esmoreceu e sua condução firme orgulhava quase que a totalidade da torcida. Não foram poucas as vezes que expus minha admiração pela pessoa e por consequência ao presidente Vilson. Há dois anos solidarizei-me na sua luta contra o câncer, até. Evidente que tal sentimento com relação à pessoa persiste, contudo, como dirigente estou completamente desiludido.
A sucessão de erros na atual temporada assusta. Mais estarrecedor, ainda, é tentar buscar os motivos destes erros. Nos bastidores o que se ouve é que um dos pecados capitais atingiu o presidente, a vaidade. Aliado a ela o poder exacerbado conferido ao ex-Superintendente de futebol explicam algumas coisas.
Quando dos rumores do retorno do craque Alex, Vilson e Felipe Ximenes apressaram-se em apresentar um audacioso projeto ao jogador. Ximenes nunca escondeu seu orgulho de ter "trazido" para o Coritiba um jogador do quilate do Alex, tal declaração foi proferida, inclusive, numa reunião em que esteve ao lado do jogador, em frente a dezenas de torcedores que estiveram presentes na sala de imprensa do estádio Coxa-Branca, os quais haviam comparecido para ouvir no que poderiam contribuir com o sucesso do clube.
A impressão que dava era de que a presença de Alex representaria um salto de qualidade, a chamada "cereja do bolo" diante de um elenco formado para finalmente alcançar objetivos nacionais. O projeto contemplava uma equipe competitiva e diante desta perspectiva positiva boa parte da torcida acreditou na promessa de novos tempos.
E não foi só a torcida que acreditou. O consagrado camisa 10 também e assim como ele os companheiros do elenco.
Infelizmente o imponderável aconteceu - a série de lesões afastou muitos jogadores simultaneamente e este fator foi preponderante para a queda de rendimento da equipe. Pra piorar, a saída de Rafinha, Emerson (Everton Ribeiro já tinha partido), e a não reposição à altura quase levaram o clube à segunda divisão.
Em queda livre, o Superintendente, até então intocável, caiu é com ele o treinador Marquinhos Santos. Cada vez mais isolado, o presidente contratou o treinador Péricles Chamusca que não foi capaz de dar nova alma à equipe.
A queda de Felipe Ximenes, embora tenha se dado no papel, não parece ter se concretizado na prática. Há relatos de que seu contato com o presidente e até sua presença no Couto Pereira perduraram.
Após uma entrevista de Alex ao Portal Paraná Online, na qual afirmou que o elenco estava desequilibrado na sua formação (terminamos o ano com vários laterais esquerdos e apenas um direito, como dado ilustrativo), aquela relação de "orgulho" por ter "trazido" o camisa 10 deu mostras de ter se revestido de outro sentimento.
Criou-se, então, uma velada situação de desconforto entre o presidente e o craque do elenco. O ápice da relação conturbada e que atingiu todo o elenco foi a demissão do Péricles Chamusca, a efetivação do Tcheco como treinador interino para as derradeiras três partidas e a infeliz declaração do presidente ao generalizar que os jogadores por ele contratados seriam "vagabundos" ou precisariam "ter vergonha na cara"!
Bem sabemos que havia atletas que não estavam nem aí para o Coritiba. Eram sim vagabundos no cumprimento de seus contratos, contudo, tal dificuldade de relação empregatícia deveria ser conduzida interna e pontualmente, jamais de forma genérica e pública.
Em suma, a mesma pessoa que montou o elenco foi aquela que atribuiu aos atletas as duas alcunhas depreciativas, numa evidente atitude de transferência de responsabilidade.
Ao evitar a queda dentro de campo, os atletas mais briosos deram o recado ao presidente em Itu. Este recado é a pro a cabal de que o panorama interno, de bastidores, do clube é o pior possível.
A questão agora consiste em saber qual a escolha que o presidente fará. Continuará com a mesma postura ou se revestirá de humildade para reconquistar a confiança dos atletas que querem permanecer no clube e da torcida que caiu em descrença?
É hora de desarmar o espírito, eliminar as vaidades e buscar o equilíbrio.
Presidente Vilson, algumas ações precisam ser imediatamente tomadas, enquanto o principal administrador do clube:
1) Cortar DEFINITIVAMENTE qualquer vínculo com quem quer que seja e que não esteja mais trabalhando no clube. Exemplo maior disso é a relação profissional com Felipe Ximenes. Se ela ainda realmente existe nos bastidores, que se encerre, pois a mesma faz parte do passado.
2) Entender que tanto a sua presença como líder administrativo, como a de Alex enquanto referência técnica podem e devem coexistir pacificamente com o único propósito de fortalecimento da INSTITUIÇÃO.
Será um completo e inaceitável absurdo vermos este grande jogador sair do clube por não ter sido possível "assinarem um armistício" em prol do clube. Se há algum problema de ordem pessoal, que o mesmo não interfira naquilo que é o melhor PARA o clube.
3) Conceder ao jovem Andre Mazzuco a oportunidade de desenvolver seu trabalho de remontagem do elenco para 2014, pois se trata de uma pessoa que sempre se mostrou absolutamente comprometida com a instituição.
4) Renovar e VALORIZAR atletas que "dão o sangue" pelo Coritiba, o caso emblemático é do volante Willian - outro atleta que será inconcebível vermos partindo por ocasião deste momento conturbado.
Peço encarecidamente, presidente, mostre sua grandeza e converse francamente com os atletas. Reconquiste a confiança dos mesmos, suas famílias e da torcida. Teremos um 2014 muito difícil. Veja e siga o exemplo dos torcedores quando uniram as lideranças em prol de um ÚNICO objetivo: ajudar O clube.
Não inviabilize a permanência do craque Alex e dos atletas que querem ajudar o Coritiba a se tornar um clube vencedor nacionalmente, não permita, presidente!
Está em suas mãos!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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