
De Torcedor pra Torcedor
Amigos, exatos trinta e sete dias após ter escrito minha última coluna, muitas coisas que envolveram direta ou indiretamente o Coritiba aconteceram. A começar pela pergunta que lancei e até agora não foi respondida. Confesso que nem mais quero uma resposta. Estou farto de gente que não honra 'as calças' que veste, pessoas como o 'rói corda' Ariel Nahuelpan. Deixo para a vida lhe ensinar que a palavra de um homem de verdade deve ser cumprida sempre. Deste assunto, a única coisa que realmente me interessa é que o Coritiba, por intermédio de seu departamento jurídico, busque incessantemente resguardar seus direitos, demore o tempo que demorar, em busca de seu ressarcimento financeiro pelo contrato 'rasgado' e 'jogado fora' pelo oportunista jogador.
Feito o 'link' com a última coluna aqui postada, gostaria de manifestar minha satisfação por estar escrevendo estas novas linhas, agora como o novo editor chefe do site. A responsabilidade vai ao infinito, tendo em vista que 'capitanear' um timaço como este, composto por cada um dos guerreiros que trabalham diariamente e voluntariamente em prol de uma mesma causa - o Coritiba, é uma tarefa bastante árdua.
A responsabilidade aumenta ainda mais, quando, olhando para trás, vejo quem foram os antecessores na função: Julio Malhadas Neto, Luiz Carlos Betenheuser Jr, Leonardo Lovo e Gibran Mendes. Os nomes falam por si e dispensam qualquer comentário acerca de conceitos como comprometimento, talento, esforço e competência. Quem dera eu conseguir atingir a metade da qualidade dispensada por todos eles nestes quase 14 anos da história do portal COXAnautas.
O desafio está sendo enorme, mas muito recompensante. Falar, defender, escrever sobre o Coritiba é algo indescritível que, agora, com a ajuda de todos os integrantes da equipe COXAnautas, ganha ainda mais contornos de satisfação. Desde já pedirei que os leitores dispensem cordialmente sua paciência tanto quanto à escassez das colunas, como aos equívocos encontrados nas matérias em geral, eles, sem dúvida, fruto da inexperiência no 'cargo'.
Aproveito também para pedir a compreensão dos leitores pela impossibilidade de estar totalmente voltado à condução deste portal, haja vista que os afazeres profissionais nem sempre permitem estar na 'parte de trás' destas páginas, produzindo as matérias que levarão as informações aos leitores. O que posso fazer é me comprometer em fazer o meu melhor.
Ainda, deixo aqui um contato direto com a editoria (redacao@coxanautas.com.br), para que os amigos possam manifestar suas críticas, sugerir pautas, apontar erros e inconsistências nas notícias, enfim, ter um canal direto de interação equipe/leitores.
Feitas estas considerações, passo a comentar sobre dois 'exemplos' que intitulam esta coluna, mesmo que não haja nenhuma relação de grandeza dos feitos praticados por ambos.
Keirrison
O jovem artilheiro Coxa Branca está de volta ao Brasil, vai jogar no badalado time santista. O atleta revelado nas categorias de base do Coritiba, desde muito jovem provou que tinha faro de gol - marcando muitos deles na Copa São Paulo de Futebol Juniores, para logo depois também fazê-lo no time profissional. De simples promessa, o atacante foi decisivo no retorno do Coritiba à primeira divisão em 2007, no campeonato paranaense do ano seguinte, atingindo o ápice de sua trajetória no Alto da Glória no campeonato brasileiro da Série A em 2008 - quando foi o artilheiro da competição.
O sucesso repentino aliado à cobiça e falta de ética de Vanderlei Luxemburgo e à pressa de ganhar muito dinheiro em tão pouco tempo, fizeram que sua história no Coritiba fosse abreviada, transferindo-se para o Palmeiras/SP, onde, após um bom início, começou a cair em 'desgraça'. Desprestigiado no time alviverde paulista, a solução encontrada por seus empresários (algo muito mais interessante a estes, sem dúvida) foi a venda de seus direitos federativos ao poderoso Barcelona.
Com dinheiro no bolso, mas ainda com a inexperiência para atuar no disputado campeonato espanhol, Keirrison fora emprestado pelo clube catalão ao Benfica para ganhar 'corpo' para quem sabe, posteriormente vir a vestir a camisa azul e grená. O martírio profissional do jogador começou a ganhar novos contornos. Seu futebol não foi 'aprovado' em terras lusitanas, sendo emprestado à modesta Fiorentina para um novo round na árdua tarefa de se ambientar ao futebol europeu.
Como havia acontecido em Portugal, Keirrison não se sentiu à vontade na Itália e seu talento mais uma vez fora questionado. A opção que lhe surgiu como a mais adequada foi o retorno ao Brasil para começar tudo novamente. Dinheiro talvez já não seja mais tanto o problema, mas o prestígio e o bom futebol é que são os bens a serem reconquistados.
Retomar uma carreira que parecia ser meteórica não será fácil e prova duas coisas: o dinheiro não é tudo na vida de um jogador de futebol (como não é na vida de qualquer outro profissional) e a 'pressa é inimiga da perfeição', especialmente para os 'atletas da bola'.
Não tenho dúvida de que se Keirrison (e seus empresários) tivessem agido com mais cautela, sem que se alvoroçassem tanto quanto à possibilidade de rápido ganho financeiro, mantendo o jogador no próprio Coritiba para consolidar-se como um grande finalizador, sua convocação para a Copa da África do Sul poderia não ter sido somente um sonho.
Fica o exemplo para os jovens atletas da base Alviverde, especialmente os garotos da equipe Sub20. Ajam com prudência, não tenham pressa. Construam suas carreiras sempre com amor ao que fazem e não somente à fama e dinheiro que serão consequências naturais de um trabalho bem feito.
Aryon Cornelsen
No vértice totalmente oposto ao exemplo acima citado, está a figura do inesquecível Aryon Cornelsen. Um homem que dedicou sua vida pelo Coritiba Foot Ball Club. Sem sombra de dúvida, este baluarte da história Coxa Branca soma-se à Antonio Couto Pereira, Evangelino da Costa Neves e Dirceu Krüger como os mais destacados personagens dos cem primeiros anos do clube do Alto da Glória.
Aryon representou a personificação da palavra empreendedorismo. Era um homem à frente do seu tempo, um visionário. Enquanto os outros pensavam, ele executava. Enquanto os outros planejavam, ele construía - foi assim que a coletividade coritibana pode, finalmente, bater no peito e com orgulho afirmar que o Coritiba era (é) o detentor do maior e melhor estádio do futebol paranaense.
De atleta à dirigente do Coritiba, Aryon Cornelsen deixou um legado muito maior do que o Estádio Couto Pereira. Provou que com perseverança, amor a uma causa, honradez e sapiência grandes feitos podem ser alcançados, mesmo que no 'modesto' (para alguns jovens atletas) Coritiba Foot Ball Club.
Tive o privilégio de sentar ao seu lado num jantar em que o assunto não poderia ser outro, senão o Coritiba. Além da sua agradável companhia, tive uma verdadeira aula de entrega ao clube que tanto amamos. Naquela oportunidade pude ouvir as mais incríveis histórias que desembocaram numa agradável dúvida: como aquele homem franzino podia apresentar tantas ideias gigantescas para resolver os problemas do clube? Os Bingões, o famoso Bolo Esportivo, entre tantos outros assuntos, levaram-me a constatar o quanto nós ainda temos muito a fazer para chegar à sombra deste homem de valor.
Ao final do jantar, Aryon antes de se despedir, disse: "Eu ainda tenho muitos projetos para o Coxa! Está tudo aqui na minha mente - eu sei como fazer"!
Não deu tempo! Sua inteligência precisava estar ao dispor do Criador, nas obras necessárias lá no céu!
Como torcedor Coxa Branca, gostaria de registrar meus agradecimentos à Família Cornelsen por terem sempre estado ao lado de Aryon nos momentos que ele procurava engrandecer o Coritiba Foot Ball Club, apoiando-o, confortando-o nos momentos de insucessos e incertezas e comemorando os grandes feitos.
Deixo minha sincera homenagem a Aryon Cornelsen, reproduzindo aqui o vídeo editado pelo produtor e editor audiovusual Fernando André. O vídeo é uma pequena mostra da grandiosidade deste homem e sua visualização indispensável.
Que Deus o receba em júbilo e estenda aos familiares o conforto pelo descanso eterno - merecido após tanto esforço.
Fica o exemplo maior - o qual todos nós precisamos seguir!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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