
De Torcedor pra Torcedor
O grandioso torneio do futebol mundial se avizinha e confesso não estar nem um pouco empolgado.
Pra falar a verdade, não estou nem aí para a Copa do Mundo. Tem gente fazendo contagem regressiva, mas eu tenho somente uma preocupação neste ano: o resgate da boa imagem do Coritiba Foot Ball Club.
Antes que eu seja intitulado como anti patriota (o que não condiz com a realidade, porquanto um conceito muito mais importante do que uma competição esportiva), lembro que quando pequeno, cheguei a chorar com a desclassificação da seleção brasileira nas Copas de 1982, 1986 e 1990. Eu era um pequeno garoto e naquela época, quando ainda acreditava na pureza da competição, queria que a seleção brasileira ganhasse, queria ver a taça do mundo vindo para o Brasil.
Em 1994, enfim, a glória. Comemorei muito o tetra campeonato, mas a partir de 1998 as coisas mudaram de figura.
O futebol brasileiro, coincidentemente ou não, ao assinar seu contrato multi milionário com a Nike, passou, definitivamente, a ser conduzido como um grande balcão de negócios - capitaneado pelos interesses escusos de ricardo teixeira. Para mim morreu ali a mística da camisa amarela.
Em verdade, a sujeira que circula pela cbf acaba por ser 'varrida para debaixo dos tapetes', não aparecendo com tanto destaque, pelo fato do futebol brasileiro ser pródigo em descobrir talentos e, assim, obter títulos que mais servem para entorpecer do que para satisfazer o povo que mais gosta deste esporte no mundo.
Perder a vontade de ver a seleção de ricardo teixeira tem um motivo mais do que natural: a incompreensível perseguição que dispensa ao Coritiba Foot Ball Club.
Voltemos ao passado e tentemos refletir sobre os acontecimentos.
Na década de setenta, o Coritiba contava com verdadeiros esquadrões - não encontrando adversários regionais e fazendo frente às mais poderosas equipes do futebol brasileiro, não causando estranheza conquistar o Torneio do Povo em terras baianas, em 1973 - o primeiro título de expressão nacional conquistado por um clube 'fora do eixo'.
Na década seguinte, o clube do Alto da Glória sempre manteve boas formações, alcançando desempenhos de razoáveis para bons nas competições nacionais, a ponto de, pela segunda vez na história, ser o primeiro clube 'fora do eixo' a conquistar o Campeonato Brasileiro - o da Nova República, em 1985.
Em 1989 fora formado um dos times mais sensacionais de toda a história Coxa-Branca - um elenco de raro talento, comandado pelo craque Tostão. Super campeão do Paraná naquele ano, o Cori se defrontou com os interesses de ricardo teixeira pela primeira vez. 
Talvez cansado de ter o Coritiba como uma pedra inconveniente em seu sapato, ricardo teixeira resolveu 'tocar da festa' este intruso indesejado. Numa canetada sem precedentes, passando por cima dos efeitos de uma medida liminar que conferia ao Coritiba o direito de não jogar contra o Santos em Juiz de Fora-MG (não entrarei no mérito de ter sido uma atitude certa ou errada do clube não viajar para este confronto), o todo poderoso presidente da cbf catapultou o Coritiba ao chão, rebaixando-o pela via administrativa.
O prejuízo institucional/financeiro que o clube sentiu na primeira metade da década de noventa foi o responsável por nos tirar dos holofotes, nos impediu de continuar na senda de bons resultados. Não tenho dúvida de que se este inaceitável episódio não tivesse conosco ocorrido, seríamos hoje, na prática, um dos grandes clubes do futebol brasileiro.
Este período, como dito, representou a ruína institucional do Coritiba, oriunda da caneta pesada de ricardo teixeira, amplificada por anos de gestões nefastas dos mais diversos dirigentes Alviverdes.
Caímos no ostracismo, de onde, saímos timidamente em 1995. Estávamos com as estruturas tão fragilizadas que nunca mais conseguimos nos impor nacionalmente.
Em 2005 mais uma prova da falta de representatividade nacional: caímos em campo, quando os bastidores dos jogos decisivos sempre nos prejudicaram, aliado à soberba do ex-presidente que imaginava entender tanto de futebol, como entendia de administração e finanças.
Precisamos de dois anos para fugir do inferno. Voltamos à elite e NADA mudou no clube - absolutamente nada. Até parece que, além dos adversários e das atrocidades praticadas pelo presidente da cbf, em nossas próprias fileiras existiam/existem pessoas que não querem nos ver triunfar.
Como se tudo isso já não fosse suficiente para nos maltratar, eis que o supra sumo da incompetência coroou um período onde tudo conspirou contra as cores verde e branca. Em pleno ano do centenário, quando tudo foi prometido e nada foi cumprido, o clube mais uma vez foi jogado na sarjeta e pior: pela 'farra do boi' promovida por seus irresponsáveis dirigentes que desembocou nas cenas lamentáveis promovidas por vândalos travestidos de torcedores.
Diante da barbárie, no 'julgamento' promovido no stjd, mais uma vez a 'mão grande' de ricardo teixeira pesou sob nossas cabeças. Muito bem orquestrada pelo seu fiel escudeiro paulo schmitt, ao Coritiba fora aplicada uma pena sem precedentes que, inexoravelmente o levaria à extinção - tudo de acordo com os mais antigos sonhos do mandatário da confederação.
Uma vez diminuída a reprimenda - mesmo que sedimentada na mais severa punição prevista, voltamos ao presente, onde o Coritiba dá mostras, ainda tímidas, de que mais uma vez poderá se reerguer.
Por todos estes sórdidos acontecimentos, por toda a perseguição sofrida, o ano da 'Copa do Mundo' para mim começa nesta próxima quinta-feira contra o P. Clube. Não à toa que serão sete jogos para serem vencidos um a um, degrau a degrau.
Para a estreia nesta 'Copa do Mundo', o Coritiba precisará se impor como o mais tradicional clube deste Estado, reduzindo a zero a possibilidade de mais uma vez deixar-se suplantar por um clube que é apenas sombra daquele que um dia foi.
Se antes do início do campeonato estadual, o Coritiba estava em frangalhos e desacreditado, hoje, com o supermando nas mãos - jogando a 'Copa do Mundo' inteira em seus domínios, passou a ter a responsabilidade de levantar a taça.
Mesmo que colocar mais um troféu de campeão paranaense na estante não é uma novidade para a torcida Coxa-Branca, este, em especial, pode representar o combustível que falta para retornarmos ao lugar de direito - a elite do futebol brasileiro, mesmo que ricardo teixeira e sua corja tenham que nos fitar de 'canto de olho'!
Na outra Copa - aquela de junho, não posso dizer que torcerei contra a 'galinha dos ovos de ouro' de ricardo teixeira. Apenas posso afirmar que enquanto esta sujeira perdurar, em meu peito não haverá espaço para a festejada camisa amarela, mas tão somente para a centenária camisa verde e branca.
Então, como a 'Copa do Mundo' (ao menos para mim) começa na próxima quinta-feira, grito bem alto: TRAZ A TAÇA, COXA!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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