
De Torcedor pra Torcedor
A semana transcorre e desde a derrota para o Botafogo, um misto de ansiedade e temor toma conta dos torcedores Alviverdes. Estes sentimentos se potencializam na medida em que se sente um desconfortável silêncio imperando no clube.
Diante do Atlético Mineiro, o Coritiba fará a partida mais importante dos últimos anos. Infelizmente, nos anos mais recentes, estas partidas denominadas ‘mais importantes’ não nos conduzem aos títulos com os quais tanto sonhamos, mas à possibilidade de evitar um mal maior (o que é o caso) ou nos livrar deste mesmo mal (como a final da Série B em 2007 – aí sim com a taça na mão).
Essa pobre realidade, racionalmente falando, deveria conduzir os torcedores ao afastamento do clube, movidos pela frustração e incerteza. Contudo, a magia que o futebol proporciona, revela um caminho inverso pelo qual os abnegados Coxas-Brancas estão se acostumando a trilhar.
A cada obstáculo colocado à frente da torcida do Coritiba, há o progressivo aumento de forças para derrubá-lo. Esta mudança de comportamento tornou-se evidente quando do descenso à segunda divisão, ocorrido no final de 2005. De lá pra cá, a torcida busca, incansavelmente, fazer o seu papel, criando novas músicas, produzindo novas bandeiras, culminando com a idealização do tão conhecido Green Hell.
Entretanto, mesmo estando a poucos dias da decisão contra o time mineiro, sinto um clima diferente no ar. A impressão que dá é que as energias canalizadas para a semi-final da Copa do Brasil e para os atleTIBAs disputados no ano do centenário, se esgotaram em si mesmas, a ponto desta semana parecer se arrastar, sem muita comoção.
De um lado os jogadores, comissão técnica e diretoria que, aos olhos do público, não dão demonstrações da mobilização que esta partida requer (espero que internamente esta mobilização esteja ocorrendo) e de outro a torcida, que de um modo geral, parece ainda tentar se ‘secar’ do ‘balde de água fria’ derrubado sobre sua cabeça diante do Botafogo.
Tudo está muito morno e é contra este sentimento de ‘quase entregar as armas’ que devemos nos afastar. É preciso jogar gasolina na fogueira, reacender nossas esperanças e construir um espírito guerreiro e vencedor tal qual aquele utilizado contra o Internacional e o atlético genérico.
O galo mineiro não vem de ‘sangue doce’ por mais que possa parecer. Eles vêm aqui para levar os três pontos. Fingir-se de time ‘amigo’ tem lhe servido de uma inteligente e produtiva estratégia.
Sem essa de ‘clube co-irmão’, sem essa de ‘torcida amiga’! Lembro bem dessa ‘torcida amiga’, desse ‘clube co-irmão’ naquele fatídico dia 10 de novembro de 2006 – quando, mesmo não precisando buscar a vitória a todo custo, o time mineiro praticamente nos tirou o sonho de regresso à primeira divisão, vencendo-nos por 3x2 em pleno Couto Pereira (claro que tínhamos em nosso elenco jogadores sem caráter, estes sim, os verdadeiros responsáveis por nossa permanência na série B).
Lembro bem que fora do estádio Couto Pereira, os torcedores mineiros fizeram a maior festa (direito deles, é claro), sem sequer se ‘importar’ com o fato que seu time do coração havia acabado de enterrar as esperanças dos seus ‘torcedores amigos’. Que tipo de amizade é essa?!
Que fique bem claro que o clima de cordialidade existente entre as torcidas de Coritiba e Atlético Mineiro deverá imperar sempre. Em verdade, tal cordialidade deveria ser a tônica entre todas as torcidas, mas precisamos enxergar os mineiros como os grandes adversários que serão nesta partida.
Espero que não caiamos, como em 2006, no conto do famoso ‘jeitinho mineiro’ – quietinho, amiguinho, gente boa e que saiu daqui com os três pontos, fazendo festa e nos colocando merecidas bolas vermelhas no nariz!
Sábado é confraternização fora do estádio e 'guerra' dentro de campo. Não poderemos ter ‘pena’ nem nos iludirmos com o ‘jeito bacana de ser’ dos mineiros. No primeiro vacilo, eles repetirão a dose de 2006, sem dó, nem piedade.
Que cada um de nós possa redobrar as forças e cantar ainda mais alto no Couto Pereira, afinal, como já escrevi: A ‘guerra’ não terminou no atleTIBA.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)