
De Torcedor pra Torcedor
Êxtase - esta é a melhor palavra que define o sentimento que tomou conta dos torcedores do Coritiba, desde o momento que o árbitro apitou o final do jogo de ontem à noite diante do Palmeiras/SP.
A intensidade da alegria desta vitória é de tamanha magnitude, que este sentimento ainda perdura, contrariando a regra de que se estanca depois de algumas horas.
Estamos todos em êxtase e como é justo sentirmo-nos assim.
Tento encontrar palavras para descrever as emoções que senti nesta quinta-feira mágica no Estádio Couto Pereira - não consigo.
Não há palavras que definam a carga de adrenalina que correu em minhas veias.
Entretanto, permitam-me contar um 'segredo': após a marcação do terceiro gol Coxa-Branca, não aguentei a emoção e derramei algumas lágrimas nas cadeiras da Reta da Mauá - esta mesma reta que já havia servido de reservatório para outras lágrimas que lá deixei em 2005 e 2009.
Desta vez o choro foi de alegria, de extrema alegria.
Um choro incontido e sincero.
Eu não queria chorar, mas o choro veio de forma tão natural quanto às jogadas maravilhosas que o time Coritibano construía no gramado.
Sem saber o que ainda veria no segundo tempo da partida, maravilhado com a apresentação magnífica que a equipe Alviverde apresentava aos 30.000 torcedores presentes no estádio - coroada com a marcação do terceiro gol, a emoção me dominou.
As lágrimas foram de alegria, como já disse, mas não foi só isto. Foi um choro de desabafo, servindo quase como uma purificação diante de todos os sentimentos negativos que a tragédia de 2009 trouxe à coletividade Coritibana.
Tento entender como esse choro começou. Ele deve ter encontrado a sua origem nos fatos registrados no meu subconsciente: o apito final deste mesmo árbitro na partida diante do Fluminense; o rebaixamento causado em boa parte por uma diretoria que fez do ano do centenário a 'farra do boi', gastando tudo o que tinha direito, dando-se ao luxo, inclusive, de destinar parte do valor das mensalidades dos sócios a uma empresa de sabe-se lá quem, os vândalos inconsequentes que se sentiram no direito de provocar a barbárie vestidos com as cores que aprendemos a amar; a avidez do procurador geral do stjd em promover a 'justiça'; o massacre hipócrita da mídia que se incumbiu de transformar o Coritiba nas chagas da humanidade como se o clube e a sua verdadeira torcida tivessem culpa de que uma centena de aloprados resolveram colocar o seu lado bestial em prática; a odisseia jurídica para tentar ajustar a pena que teríamos que cumprir; o estigma de marginal que todo e qualquer cidadão vestido com a camisa do Coritiba ainda sofre, as dez vezes que fomos à Joinville para cumprir integralmente a pena final que nos foi imposta; as ironias e desconfianças dos cegos e pobres de espírito incapazes de reconhecer a reconstrução institucional promovida por Vilson Ribeiro de Andrade, seus pares, funcionários, comissão técnica e atletas Coritibanos, entre tantos outros fatores.
Ao ver a redenção que a justiça promovida pelos 'deuses do futebol' reservou ao Coritiba, as lágrimas vieram.
Jamais esquecerei daqueles instantes de extrema emoção. Comemorei muito a cada gol marcado na segunda etapa e satisfiz-me com a verdadeira aula de futebol que o Coritiba concedeu aos descrentes, mas aqueles instantes, sem dúvida, foram os mais fantásticos que vivi no Estádio Couto Pereira.
Obrigado Coritiba, eu sinto um orgulho imenso em poder dizer que te amo.
Não sei onde este time chegará, não sei se será campeão da Copa do Brasil, não sei quando esta sequência de vitórias sem precedentes será interrompida.
Só sei de uma coisa: não fui o único a chorar ontem.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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