
De Torcedor pra Torcedor
Sempre fui um admirador da função de articulador nos esportes coletivos. No período escolar, as aulas de educação física eram as minhas favoritas.
Volei, basquete, futebol, enfim, várias eram as atividades que a molecada praticava, ralando o joelho a cada queda na quadra de chão batido da escola.
Levantador, armador, meio campo - sempre me satisfiz em construir as jogadas das partidas que disputava - bons e já longínquos tempos.
Não sei jogar xadrez, mas penso que o que sempre buscava nas práticas esportivas na infância e adolescência era deixar os adversários em xeque-mate.
Não vi a seleção de 70 atuando, nasci sete anos depois, mesmo assim, como não se encantar com a função executada com maestria pelo 'Canhotinha de Ouro', Gerson, a cada vídeo ou documentário assistido?
Tomemos aquela Copa como referência. Um time simplesmente espetacular. O que dizer de uma formação que contava com a inteligência de Tostão, a raça de Rivelino, a frieza de Jairzinho e a genialidade de Pelé?
De todos os astros tricampeões mundiais sempre admirei o sensacional futebol de Gerson. Dono de um controle de bola impecável e de uma precisão cirúrgica nos lançamentos, o camisa 8 da seleção que encantou o mundo em 70 será sempre o meu jogador favorito.
Guardo com carinho esta imagem da seleção brasileira. Aliás, consegui torcer fervorosamente por nosso selecionado até a Copa de 2002, embora já tenha me desiludido com o desfecho até hoje inexplicável da Copa de 1998.
Daí pra frente, diante do grande balcão de negócios que a CBF (leia-se Ricardo Teixeira) implantou na mítica seleção, não mais senti o mesmo prazer de vibrar a cada gol verde e amarelo. Das duas uma: ou acabou a magia que a criança via quando a camisa canarinho entrava em campo ou a capacidade de verificar fatos tão visíveis me afastaram da alegria de torcer para a seleção do Ricardo Teixeira.
Voltando aos tempos áureos, vendo e revendo os mais diversos vídeos da Copa de 70, eis que uma grande coincidência me saltou aos olhos: o lançamento de Gerson que resultou no terceiro gol brasileiro diante da Itália na final daquele mundial, vencido pelo Brasil pelo placar de 4x1, assemelhou-se em demasia com o perfeito lançamento de Léo Gago para a marcação do mesmo terceiro gol Alviverde na goleada por 4x0, diante do Caxias/RS, na última quinta-feira. Ei-los para uma breve análise:
Ouvindo ou lendo as opiniões dos amigos que puderam acompanhar a década de ouro (70) tanto para a seleção brasileira, como, especialmente, para o nosso querido Coritiba, não me canso de deparar com um resumo do que exprime a sensacional fase pela qual passa o time Coxa-Branca: "Vocês mais jovens que aproveitem este momento do Coritiba. Na década de 70 era assim. Não sei quanto tempo estaremos vivendo esta lua de mel, então, que a aproveitemos a cada jogo. Estamos resgatando aquele tempo mágico vivenciado pelo clube do Alto da Glória".
Confesso não ser capaz de destacar qual seria o melhor jogador Coritibano no momento, até porque provamos até aqui que temos um time unido - uma grande família que busca chegar juntos aos seus objetivos.
Como não falar dos excepcionais goleiros, dos polivalentes laterais, dos diversos zagueiros que não deixam os atacantes adversários chegarem à nossa meta, dos volantes precisos que roubam as bolas e as distribuem com extrema qualidade, dos armadores - lépidos e infernais e dos atacantes que nos enchem de orgulho a cada gol marcado?
Seria injusto buscar uma individualidade, contudo, para mim, o que o volante Léo Gago vem jogando no Coritiba é algo sensacional, tão fantástico que me levou a buscar a 'comparação' com Gerson.
Léo 'Gerson' Gago, registro aqui toda a admiração pelo trabalho que desempenha em campo, vestindo a centenária camisa Coritibana. Espero que possa encantar a torcida Alviverde por longos anos, bem como os demais jogadores que - se não vestem a camisa canarinho - jogam como uma verdadeira seleção.
Creio não ser necessário, mas por precaução não custa registrar: afastando o aspecto lúdico da comparação, por uma questão de prudência e humildade, não estou comparando a inigualável seleção brasileira de 1970 com o atual time Coxa-Branca, da mesma forma que não cometeria este disparate comparativo com qualquer outra formação da história do futebol.
Dedico essa coluna aos meus grandes amigos Júlio Malhadas Junior e Cláudio Réus. Não poderia ser diferente.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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