
De Torcedor pra Torcedor
Após o maior exemplo de desrespeito a uma instituição centenária como o Coritiba, promovido pelos jogadores Alviverdes, na tarde deste Domingo em Santos, confesso aos amigos leitores que tentei me conter e procurei não escrever de 'cabeça quente' tudo o que realmente estou sentindo.
Meu coração Alviverde sangra, como o coração daqueles que querem ver o Coritiba ser o clube campeão (que fora outrora), sem nenhum interesse político, sem nenhuma negociata, sem nenhuma falcatrua.
Completamente inadmissível o futebol praticado (?) pelos atletas (?) coritibanos contra o time peixeiro, e olha que o placar desta partida era para ter sido exatos 10 x 0.
Mesmo que uma nova vitória ocorra nestes próximos dois jogos, a sangria não estancará - no máximo, teremos uma diminuição na angústia e frustração que sentimos, ante a mentira instaurada há 100 anos neste clube.
Meu amigo Tony Sallum, demonstrando sua tristeza pelo fatídico resultado, escreveu, até de forma elegante - como lhe é peculiar, que o nome correto da instituição que tanto amamos deveria ser Torcida Foot Ball Club.
Eu vou além, até porque cansei da postura equilibrada que tentei adotar neste espaço até o presente momento. O nome apropriado para o caos instalado no Alto da Glória é: MENTIRA Foot Ball Club.
Mentira, sim! Somos enganados por aqueles que se acharam ou continuam se achando os 'donos' do Coritiba. Este clube não consegue se libertar do seu letárgico e irritante provincianismo por culpa das mentiras contadas pelos seus mais variados dirigentes. A verdade, como contraponto, única e inexorável é de que os dirigentes, sejam quais forem, se preocuparam ou se preocupam com sua promoção pessoal, com suas vaidades, em detrimento a uma gestão profissional que deveriam por em prática.
Nossa história recente (principalmente) tem sido coroada de frustração e mentiras (na melhor das hipóteses: situações obscuras), senão vejamos:
Antes da partida contra o Santos, ouvindo a entrevista do presidente Jair Cirino dos Santos concedida ao repórter Edu Brasil, tive a sensação que o Coritiba entraria em campo logo mais para buscar uma vaga à Libertadores da América em 2.010, haja vista o 'mundo cor de rosa' pintado pelo mandatário mor Alviverde. Entre outras 'glórias' citadas pelo presidente, houve a reafirmação da notícia de que o contrato de Marcelinho Paraíba foi renovado, valendo até metade de 2.010, então pergunto: onde está o tal contrato, presidente? Por que a tal renovação ainda não divulgada no BID?
Peço encarecidamente ao senhor, presidente: mostre o contrato, permita que o novo documento, devidamente assinado pelas partes, seja encaminhado ao setor de registros da CBF para posterior publicação. Agindo assim, o senhor mostrará que EU estou errado e que o SENHOR não está mentindo, até porque vai pegar muito mal para o senhor se, ao final do campeonato, este atleta se apresentar num endereço diverso daquele do CT da Graciosa.
Fazendo uma pequena regressão cronológica em busca de novas situações, digamos, pitorescas, trago a baila as seguintes questões que, de igual modo ao caso da renovação do contrato de Marcelinho Paraíba, gostaria de ver respondidas:
O chamado Projeto Vencer, entre inúmeras promessas, dizia que não haveria a venda dos chamados 'pratas da casa'. Não foi o que vimos. Da geração de Keirrison, Pedro Ken, único remanescente, está prestes a sair do clube, numa clara demonstração de que esta inverdade serviu somente aos propósitos eleitoreiros.
Sabe-se ser impossível que um clube como o Coritiba não precise dispor de seus talentos para 'fazer caixa', ou pior: perder os atletas em decorrência das prerrogativas existentes na Lei Pelé, então pergunto: pra que prometer uma coisa impossível de ser cumprida?
Outra falácia: o índice de 90% de acerto nas contratações de novos atletas para o Coritiba. Tão insana quanto a proposta anterior, imagino ser desnecessário tecer maiores comentários quanto ao percentual de 'acerto' das contratações feitas por estes dirigentes, então, novamente questiono: por que prometer algo que é impossível de se verificar na prática, tomando como base a forma medíocre de condução do clube?
Tem mais: o papo furado do novo estádio Alviverde é tão 'verdadeiro' quanto nota de R$ 3,00. O amadorismo que envolve esta questão é digno de aplausos. Mesmo que haja negociações em torno do tema, não entendo porque os dirigentes insistiram em divulgar uma data (12 de outubro) para a 'apresentação do projeto do novo Couto Pereira'. É uma vergonha atrás da outra. É um papelão atrás do outro. É uma mentira atrás da outra.
Não há dúvida que o Projeto Vencer, na teoria, contem importantes avanços para o clube e que estes avanços requerem tempo para a sua implementação. No entanto, para comprovar mais uma mentira e um dos maiores exemplos de descaso para com o futuro do clube, uma significativa promessa poderia ser cumprida já no primeiro mês de mandato: a reforma estatutária.
Gostaria que o senhor Tico Fontoura viesse a público, como presidente do Conselho Deliberativo do clube, e apresentasse as 'justificativas' para que essa promessa de campanha não vire realidade, transcorridos quase dois anos de sua gestão. Que se apresentem os obstáculos para que possamos transpô-los ou será que a conveniência da permanência deste arcaico estatuto - que serve tão somente para manter a mesma oligarquia no poder, irá imperar?
E o chamado plano de fidelização "Eternamente Coxa"? Fidelização sim, porque este não é um plano de sócios, porquanto o direito a voto foi sumariamente tolhido pelos atuais mandatários - essa, talvez, a maior vergonha destes campeões de promessas não cumpridas.
Espero que a promessa de que o Coritiba voltaria a fazer campanhas condizentes com a sua grandeza não termine, paradoxalmente, com o rebaixamento. Tomara que as mentiras e/ou promessas não cumpridas não se encerrem com esta tragédia.
É preciso que os dirigentes acordem do sonho encantado que vivem enquanto há tempo e façam o que for preciso para o time (?) ganhar do Cruzeiro. Se houver salários atrasados que sejam pagos. Os jogadores não são ‘flor que se cheire’ - todos sabemos disso, e não guardam nenhum laço com o clube senão aquele em que esperam seus pomposos salários pelo 'trabalho' desenvolvido. Como se não bastassem as promessas não cumpridas dirigidas à torcida, que não façam o mesmo com os jogadores, pois estes entram em campo e podem nos afundar ou salvar, de acordo com os seus interesses.
Por mais que se queira negar, o clima que envolve a torcida coritibana se assemelha a um barril de pólvora, cujo pavio aceso está próximo do fim.
Temo, sinceramente, pelo o que acontecerá no jogo contra o Fluminense, caso o Coritiba volte de Belo Horizonte com outra goleada nas costas.
A torcida Coxa-Branca que se transformou positivamente quanto ao seu comportamento nas arquibancadas após o vexame do rebaixamento de 2005, está, proporcionalmente, com menos tolerância a tanta mediocridade administrativa.
O ocorrido nas arquibancadas do Couto Pereira, diante deste mesmo Cruzeiro, no primeiro turno da competição - que culminou com a queda de Renè Simões, foi somente o trailler do filme de horror que assistiremos, caso o Coritiba seja novamente atirado ao segundo escalão do futebol brasileiro e isto nada mais é do que a constatação de uma reação natural que se seguirá à iminente sentença de morte do clube mais tradicional do Paraná.
Que jogadores, comissão técnica e principalmente os dirigentes mostrem que são homens na acepção da palavra, parem de agir como meninos levados que brincam com esta camisa e terminem o campeonato com o mínimo de honra que ainda lhes sobrou - se isto for realmente possível.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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