
De Torcedor pra Torcedor
Impressionante o jogo sujo praticado pelos atleticanos, seja dentro ou fora de campo.
Centremos a análise no 'Caso Manoel'.
Trata-se de um jovem atleta que, endeusado por parte da mídia esportiva paranaense - que insiste em transformar um jogador comum num craque da noite para o dia, foi alçado à condição de um dos melhores zagueiros do país.
Talvez acreditando nesta falácia, o defensor rubro negro tratou de arranjar uma forma de 'manter a pose' e, se com a bola nos pés não encontra meios suficientes, se utiliza da força física e deslealdade para 'impor respeito'.
Foi assim no primeiro AtleTIBA disputado na baixada, empate em 1x1, quando num mesmo lance, o 'Maldini das Araucárias' agrediu covardemente o jogador Alviverde Marcos Aurélio que estava no chão e, ato contínuo, não satisfeito, tratou de completar o serviço lesionando o jogador Renatinho.
Heber Roberto Lopes afirma não ter visto o lance, mesmo que tenha sido 'sob suas barbas'. Resultado? Uma agressão absurda que foi inimaginavelmente ignorada pelo TJD-PR - uma vergonha.
Como se isto não bastasse, em São Paulo - pela Copa do Brasil, o 'santo' jogador atleticano mais uma vez resolveu imaginar que seu porte físico resolveria a parada. Envolvendo-se em outra confusão, desta vez com o defensor palmeirense Danilo.
Entendamos os fatos: Danilo se desentendeu com Manoel. Como revide, o defensor rubro negro esboça uma cabeçada no palmeirense - numa clara demonstração de sua forma truculenta de querer 'impor respeito'. A partir daí é que começa o erro de Danilo: ao xingar Manoel de 'Macaco', e logo em seguida cuspir em seu rosto - simplesmente inconcebível.
As duas últimas agressões são tão estúpidas que não merecem maiores explicações quanto a sua reprovabilidade. Nada, absolutamente nada justificaria dois atos tão bestiais.
Logo após, num lance muito parecido com o que já fizera com Marcos Aurélio (que estava caído no gramado da baixada quando foi agredido), Manoel resolve simplesmente pisar no tornozelo de Danilo de forma dolosa, intencional - devidamente confessada aos repórteres que lá estavam presentes.
Abro um parênteses e pergunto ao arauto da justiça, paulo schmitt: será necessária mais alguma prova para denunciar ambos os atletas, impingindo-lhes as mais severas punições?! Fecho o parênteses.
Após essa sucessão lamentável de agressões, sejam morais ou físicas, passou-se a ver a moeda somente por uma face.
A hipocrisia generalizada difundida entre torcedores e jornalistas fez com que as atenções se voltassem somente ao lastimável ato de discriminação racial promovido por Danilo, deixando de lado a beligerância com a qual o zagueiro atleticano costuma exercer sua profissão - quanto a isso, pouquíssimas linhas foram mais uma vez traçadas, como se a brutalidade se justificasse pela agressão racial.
Um erro não justifica o outro e já chego na questão do racismo. Antes, só gostaria de saber: por que ninguém repercutiu a agressão premeditada de Manoel em Danilo (pisão)? Pelo fato dele ser negro e ter sido ofendido, sua agressão está impassível de condenação?
Volto a dizer: hipocrisia pura, pois estão simplesmente e mais uma vez 'passando a mão' na cabeça deste jovem jogador, sob o manto de uma imagem de 'coitado', de 'vítima', de 'ofendido', jamais de também agressor.
Entremos na questão do racismo e desde já que fique claro que sua exteriorização deve ser combatida, pois um ato de absoluta ignorância.
Antes de qualquer coisa, é preciso verificar que a questão do racismo contra os negros não é uma questão que envolve somente o futebol, ao contrário, no esporte este ato bestial encontra somente mais uma de suas faces.
Trata-se de um problema cultural, que se manifesta em escala global há tempos. É um fato histórico que remonta a época da escravidão e seus lamentáveis e escabrosos desdobramentos.
Uma pergunta que cada um precisa fazer para si mesmo é: eu também não me sinto contaminado por essa prova de bestialidade humana? Será que eu também, no meu íntimo, não sou racista, enquanto um cidadão comum?
Quando falo em racismo, não me restrinjo aos negros, mas a todas as formas de segregação de um ser humano, sob um pretenso parâmetro de superioridade/inferioridade.
Voltando ao futebol, acho 'engraçado' que boa parte da torcida atleticana se sinta no direito de julgar a torcida Coxa Branca, impingindo-lhe a alcunha de 'clube racista' ou 'bando de nazistas' (referindo-se claramente à origem germânica do clube do Alto da Glória).
Fazem isso com tamanha desfaçatez, como se em algum jogo, em qualquer momento da história, ao menos um torcedor rubro negro jamais tenha proferido uma palavra discriminatória a qualquer jogador adversário (ou jamais tenham cuspido no rosto de adversários).
Para os menos avisados, a alcunha de 'Coxa Branca' surgiu quando um atleticano - em inequívoca intenção de ofender e discriminar, se dirigiu a um jogador coritibano para lhe diminuir o valor. Isso não seria uma forma de discriminação também?
Parece desnecessário afirmar, mas é bom que se diga para que não paire qualquer dúvida: não estou defendendo, não estou tentando 'limpar a barra' de quem quer que seja que tenha cometido agressões discriminatórias, apenas demonstrando que a memória seletiva e conveniente costuma ser utilizada por alguns.
Hipocrisia chamar a torcida do Coritiba de racista? Quase nada, afinal, todos são santos, os males do mundo estão centralizados somente na coletividade Alviverde, por certo!
Decidi abordar este tema ao me deparar com uma matéria veiculada num site da torcida atleticana, na qual há um vídeo gravado supostamente por um(a) torcedor(a) coritibano(a) em que se pode escutar algumas ofensas dirigidas ao jogador Manoel, uma delas, o grito de 'macaco'.
A matéria é, no mínimo, inoportuna e sensacionalista, porquanto uma eventual comprovação da veracidade do vídeo ainda não tenha sido realizada por pessoal técnico especializado.
Os falsos moralistas (aqueles que nunca ofenderam, discriminaram ou simplesmente imaginaram discriminar alguém), clamam por 'justiça' traduzida em punições que deveriam ser dirigidas ao Coritiba Foot Ball Club, numa clara demonstração de perseguição via tribunais, com o propósito de subjugar o Coritiba além das quatro linhas - coisa que há tempos não conseguem fazer!
Além de inoportuna, uma atitude ridícula, bem ao estilo do 'não sei perder' (não à toa que veiculada logo após a perda de mais um clássico e uma desclassificação na Copa do Brasil).
Custo a acreditar que se utilizarão deste subterfúgio para deslocar o centro das atenções do pós AteTIBA - seria muito leviano.
Algumas coisas causam-me um pouco menos indignação e espanto que a própria suposta ofensa registrada, todas elas diretamente ligada à hipocrisia acima comentada.
Primeiramente, gostaria de saber sobre a autenticidade de tal vídeo. Interessante saber também quem o registrou, bem como a identificação das pessoas que supostamente (pois uma montagem em vídeo é uma coisa que até uma criança sabe fazer nos dias de hoje) teriam ofendido o jogador.
Uma vez apurados os fatos por quem de direito e não pelos 'arautos da justiça', que se apliquem as reprimendas legais a quem tenha transgredido às normas vigentes neste país, resguardados os direitos constitucionais, especialmente o do Devido Processo Legal.
Acusar, bancar o moralista, o perfeito (aquele que nunca proferiu ou pensou em proferir palavras discriminatórias) é uma tarefa cômoda. Difícil é fazer uma sincera e profunda reflexão para constatar que a hipocrisia é a arma dos fracos.
Sou absolutamente contra qualquer ato discriminatório, seja ele qual for. Não precisa ser necessariamente ligado à cor da pele, pois um conceito muito mais amplo.
Contudo, estamos diante de um problema social, muito mais abrangente no meio em que vivemos do que uma simples partida de futebol. O combate à discriminação deve se dar de forma diária, primeiramente dentro de cada um de nós mesmos (negros, brancos, amarelos, etc) para depois alcançar um contexto geral.
Por que é 'aceitável' que um negro seja chamado de 'macaco' ou algo que o valha, quando tal acontecimento se dá de forma isolada? A agressão é menos deplorável do que a sofrida por Manoel?
Precisa-se, em verdade, é de educação e tolerância para aniquilar os genes segregacionistas que ainda compõem o sangue de negros, brancos, amarelos, etc.
O problema é muito maior do que simplesmente a cor da camisa que se veste!
'Macaco' e 'Coxa Branca' nada mais são do que formas diversas de se chegar a um mesmo fim degradante e lamentável.
Não sejamos hipócritas - esse o primeiro passo para exterminar os fantasmas raciais que, de uma forma ou de outra, ainda tomam conta de todos. Só assim se poderá 'acusar' ou 'julgar' quem quer que seja.
Quanto ao zagueiro atleticano, lamentável e absolutamente condenável qualquer tipo de ofensa racial que tenha recebido. Contudo, isso também não o redime do dever de, como qualquer homem de bem, praticar sua profissão de forma lícita, sem truculência, afinal, agressão seja física ou moral é algo que deve ser evitado.
Para finalizar a questão, é bom deixar bem claro aos atleticanos que no próprio time coritibano há inúmeros negros que se assemelham à cor de Manoel, entre eles, Edson Bastos - talvez o maior ídolo cultuado atualmente pela torcida coritibana (e o é justamente por seu caráter inquestionável, independente da quantidade de melanina que carrega em seu corpo).
Como registro histórico, quatorze anos antes do C. A. Paranaense surgir, o Coritiba já tinha em suas fileiras um atleta negro: Natálio Santos - jogador e tesoureiro do clube. 
Diante deste fato que afasta de forma irrefutável as covardes e ignorantes insinuações atleticanas, é preciso questionar: como um clube 'nazista' ou 'racista' colocaria um negro para cuidar de seu dinheiro?! Para pensar... se for possível!
É preciso se informar antes de falar ou escrever besteiras, afinal, de 'criminoso' e 'santo' todo mundo tem um pouco, bastando a cada qual saber reconhecer em si mesmo os erros que só encontra para atacar os outros.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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