
De Torcedor pra Torcedor
Edson Bastos, Ângelo (Sandro), Jéci, Pereira e Cleiton; Leandro Donizete, Ramon, Enrico e Dudu (Marcos Aurélio); Rafinha (Fabinho Capixaba) e Betinho - esta foi a escalação do time Coxa Branca na sua melhor apresentação na segunda divisão do campeonato brasileiro. A vitória por 2x1 diante do Sport conquistada no dia 24/07/2010, na Arena Joinville trouxe uma esperança enorme à torcida que imaginava poder contar, finalmente, com um time equilibrado em campo.
Coincidência ou não, Triguinho não jogou aquela partida, Ângelo foi mais uma vez o destaque negativo e pela primeira vez o Coritiba jogou com três zagueiros - Jeci, Pereira e Cleiton.
Sabe-se que o treinador Ney Franco não gosta de posicionar o seu time com três zagueiros. Para azar do Coritiba e 'alegria' dos adversários, a dupla Jeci-Pereira tem na lentidão a sua marca registrada - comprovada no absurdo saldo zero de gols do Coritiba nesta Série B 2010 o que atesta também o desequilíbrio tático da formação teimosamente repetida pelo treinador Alviverde.
A inconstância do Coritiba ao longo da competição é algo latente - mesmo na boa fase, não assistimos uma partida sequer em que o time Alviverde tenha alcançado a vitória com tranquilidade, sem sufoco, sem sustos. Não obtivemos nenhuma goleada e, mesmo nas vitórias, os placares magros nos davam a falsa sensação de que o time iria sobrar na segunda divisão.
Ledo engano. Não gosto do papel da crítica pela crítica e exatamente por isso não me manifestei antes, de forma mais explícita e direta, com relação aos laterais coritibanos - os verdadeiros 'calcanhares de Aquiles' do time do Alto da Glória. Bem medidos e bem pesados, não contamos em nosso elenco com nenhum jogador, seja pela direita ou pela esquerda, que reúna um mínimo de condições físico/técnicas para vestir a camisa do Coritiba ou merecer tantas oportunidades do treinador Alviverde. A dupla Ângelo-Triguinho chega a ser risível - pena que os risos se abrem nos rostos dos torcedores adversários ao ver a facilidade com que seus jogadores passam pelos nossos 'laterais'.
É preciso que fique claro que esta crítica não está se dando com base na última partida, mesmo que o segundo gol do Figueirense tenha saído pelo lado direito da defesa coritibana - quando o atacante catarinense passou com absoluta tranquilidade pela inexistente marcação do lateral direito do Coritiba. Confesso que esta crítica vinha sendo guardada há algumas rodadas e chegou o momento de fazê-las - pelo bem do Coritiba, doa a quem doer.
Tem jogador de futebol que reclama não lhe darem oportunidades para mostrar seu verdadeiro futebol, mas tem outros que podem receber todas as oportunidades do mundo que lhes faltará o essencial para bem desempenhar seu ofício - a falta é de 'bola', mesmo!
Ângelo é um jogador que teve destaque quando jogou no P. Clube, especialmente nas cobranças de bola parada. No Coritiba, além de não ter 'calibrado' o pé, mostra-se ineficiente no apoio/cruzamentos e totalmente incapaz de marcar o atacante adversário que cai pelo seu lado. Triguinho não fica atrás. Um jogador que teve um momento espetacular no São Caetano, no Coritiba não é nem sombra do jogador eficiente que fora. Para piorar, sua condição física é um 'prato cheio' para os adversários, pois numa dividida qualquer, sua fragilidade física é tamanha, que invariavelmente perde a bola e arma a jogada de contra ataque do time adversário.
Sem atacar ou defender com um mínimo de qualidade, tornam-se duas peças NULAS em campo, jogo após jogo. Se fizessem pelo menos uma das duas funções a contento, suas 'cadeiras cativas' no time titular estariam justificadas. O que não consigo entender é o porque de suas reiteradas escalações por parte do treinador Ney Franco - estaria ele regido por uma ilusória esperança de que algo positivo e diferente possa acontecer de forma espontânea, quase milagrosa?
Ney Franco merece todos os elogios pela postura séria e comprometida com o Coritiba - isso é inegável. No entanto, ele ou qualquer jogador não está acima dos interesses da instituição Coritiba Foot Ball Club, não podendo ter o direito, portanto, da teimosia em querer forçar uma situação que reiteradamente se mostra ineficaz.
É preciso que Ney Franco crie um fato novo, como ele mesmo afirmou que faria em Florianópolis. Ney mexeu no time, é verdade, mas no setor mais carente de uma revolução - a defesa, os quatro jogadores menos regulares do time mantiveram-se entre os titulares.
Não sou o técnico do Coritiba e por isso mesmo quero possibilitar-me o direito ao equívoco, mas uma coisa para mim é certa: Ângelo, Jeci, Pereira e Triguinho vão colocar toda a boa campanha do Coritiba a perder, sob a batuta de Ney Franco que resiste à possibilidade de escalar a defesa de forma diferente, como fizera, forçosamente, contra o Sport.
Será que é impossível tentar uma formação com Enrico na ala direita (ele já jogou por ali no campeonato paranaense - indo muito bem, inclusive) e Renatinho na ala esquerda? Com a entrada de Cleiton na zaga e a manutenção de dois volantes, o time ficaria mais encorpado tanto defensiva como ofensivamente - encontrando o equilíbrio entre os setores.
Enrico poderia fazer uma excelente parceria com Rafinha pelo lado direito e Renatinho com Marcos Aurélio pelo lado esquerdo (ou vice-versa, já que os atacantes coritibanos trocam muito bem de posição durante as partidas). Acredito que aí sim, poderíamos ter a convicção final da capacidade técnica de Betinho, pois a bola finalmente começaria a lhe chegar com qualidade.
Não temos dinheiro para contratar, como alegado por um dos integrantes do G9? Ótimo, tentemos as soluções que temos no próprio elenco. O que não dá mais para aceitar é ver a mesmice derrotista imperar na escalação de um sistema tático falido, composto por jogadores defensivos sem a qualidade suficiente para desempenhar suas funções.
Que o treinador e sócio coritibano Ney Franco não demore demais para promover as alterações que, em seu íntimo, sabe necessárias. De nada adianta pagar a mensalidade do clube como forma de ajudá-lo se, na sua principal função, continuar pecando por resistência à ideia de tentar algo diferente e que já deu resultado.
Contra o Figueirense a única coisa que comemorei foi a expulsão de Triguinho aos 44 minutos do segundo tempo - quando a 'viola já estava em caco' novamente. Ao menos assim, temos uma certeza: como consequência do cartão vermelho recebido, o lateral esquerdo ficará em casa, 'reforçando' a torcida para que a vitória contra o Icasa aconteça. Acho que com ele na torcida e não em campo, a chance do sucesso se torna significativamente maior. 
Após a derrota em Florianópolis, passei no Couto Pereira, fotografei o placar que marcava o número de dias que faltam para o Coxa voltar ao Couto e coincidentemente me lembrei do atacante adversário deixando o Ângelo no chão para logo depois construir a jogada do segundo gol alvinegro. O número 20 é que estava na fachada do estádio, quase como sendo uma referência ao 'trabalho' do lateral Alviverde, explico: separando os dois algarismos (2 - 0), temos o número da camisa do jogador e a nota que ele mais uma vez mereceu receber pela partida!
Estamos a 18 dias do retorno ao Couto. Se o treinador Coxa Branca não 'baixar a guarda' e realmente fazer algo novo, temo pelo retorno. Se os dirigentes projetam e acreditam que a volta ao lar por si só vai ser o bálsamo para todas as nossas feridas ou a garantia do acesso à Série A, a chance de se equivocarem é bastante grande.
A torcida já está 'comprando a ideia' de voltar para casa. Junto com esta 'ideia' vem de brinde a expectativa de belas apresentações e bons resultados.
Porém, é preciso lembrar que o mesmo Ângelo e o mesmo Triguinho que não jogam nada em Joinville ou em qualquer outro gramado desta segunda divisão é que pisarão no gramado do Couto Pereira.
Será que eles passarão a ser solução? Torço, mas torço mesmo para estar errado, mas acho que não vale a pena correr este risco!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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