
De Torcedor pra Torcedor
Após receber algumas críticas pela postura pouco ambiciosa demonstrada pelo time Coxa-Branca nas primeiras partidas disputadas longe do Estádio Couto Pereira, o treinador Marcelo Oliveira teve a humildade em se "render" ao apelo popular, escalando um time ofensivo, que agrediu o adversário do começo ao fim da partida contra o Bahia, mostrando-se superior mesmo quando jogou com um atleta a menos, após a expulsão de Leandro Donizete. Ponto positivo para o comandante técnico Alviverde.
O placar de 0x0 não reflete o que foi o jogo em Salvador, ao contrário, a partida diante do Campeão Brasileiro de 1988 foi uma das melhores da competição e merecia, no mínimo, um empate com muitos gols.
Desde o início do jogo, o time Coxa-Branca jogou solto, fácil, justamente porque a sua principal característica se fez presente: a busca incessante do gol.
Foi assim que a incrível série de 24 vitórias consecutivas foi construída, foi assim que o Coritiba venceu o campeonato paranaense de forma invicta, aplicando a clássica goleada de 3x0 sobre seu maior rival na partida que lhe garantiu o 35º título estadual na casa rubro-negra, foi assim que chegou às finais da Copa do Brasil (desperdiçando a chance de conquistá-la, justamente por uma opção defensiva no momento decisivo).
Creio que esta constatação ficou definitivamente comprovada: após o jogo final contra o Vasco da Gama, dos primeiros jogos deste campeonato brasileiro longe do Alto da Glória e agora com a grande atuação em terras baianas, imagino que o treinador Alviverde tenha encontrado, na prática, a certeza de que este elenco Coxa-Branca não pode receber a orientação técnica para atuar com cautela excessiva.
Já havia manifestado este pensamento em diversas outras oportunidades, mas nunca é demais relembrá-lo: jogando pra frente, sem medo, tentando alcançar a vitória, até mesmo uma possível derrota fica muito mais fácil de ser "digerida", pois o espírito guerreiro, a atitude de um time vencedor sempre confortará os torcedores no caso de resultados negativos que o esporte também comporta.
As decisões tomadas por Marcelo Oliveira antes e durante a partida contra o tricolor da "Boa Terra", conferiram-lhe sua melhor atuação no comando técnico do Coritiba, nos últimos meses.
O time entrou em campo de forma equilibrada e as substituições foram feitas de forma irrepreensível, em que pese a reclamação de Marcos Aurélio e a pouca contribuição ofensiva proporcionada pelo jovem atacante Geraldo, aliás, o angolano demonstrou mais uma vez que, jogando longe do Alto da Glória, surgindo como uma opção ofensiva para decidir uma partida a favor do Coritiba, mostra-se muito afoito e individualista - características que precisam ser corrigidas para que se torne uma realidade, não mais uma promessa.
Quanto a Marcos Aurélio, um capítulo à parte.
Trata-se de um dos principais jogadores do elenco, um atleta verdadeiramente talentoso e decisivo.
Sua ausência nas finais da Copa do Brasil (jogou a finalíssima na base do sacrifício) fez muita falta ao time Coxa-Branca. Com ele em campo (com reais condições de jogo), a história poderia ser bem diferente, com um final feliz para a torcida Alviverde.
Contudo, para que o seu futebol diferenciado "apareça" plenamente, sua condição física precisa estar 100% em ordem, caso contrário, passa a imagem de ser um jogador displicente ou "firulento".
É uma característica constante do atacante Coritibano "incrementar" um pouco mais as jogadas, seja no momento de um drible, de um lançamento ou de um arremate a gol. Estando em suas condições físicas ideais, esta característica é que faz de Marcos Aurélio um jogador diferenciado.
Voltando de uma séria lesão, é natural que não esteja rendendo aquilo que dele se espera, então, nada mais natural do que ser substituído, como assim decidiu o treinador Coxa-Branca, até que, com o passar dos jogos, alcance a sua melhor forma.
É preciso ter cautela e paciência, Marcos Aurélio. Por um lado é muito bacana ver a sua reação de contrariedade à substituição, tendo em vista que se mostra interessado em acertar, em retomar o bom momento que vivia antes da contusão, voltando a ser decisivo no Coritiba.
Por outro, é preciso lembrar que o aspecto individual jamais poderá sobrepor-se ao coletivo, que há uma hierarquia no comando do clube e que o atleta, seja qual for, é apenas mais uma peça de uma grande engrenagem que é capaz de levar todos ao sucesso ou ao fracasso.
O bom ambiente vivido no Coritiba, desde que o clube passou a ter na palavra profissionalismo o seu norte, não pode correr o risco de ser maculado.
Acredito que com a experiência de Felipe Ximenes, a tranquilidade de Marcelo Oliveira e a compreensão de Marcos Aurélio, o episódio isolado ocorrido em Salvador será internamente discutido e resolvido.
O próximo compromisso Alviverde contra o São Paulo, nesta quarta-feira, poderá representar a arrancada definitiva do Coritiba na competição, consolidando, rodada a rodada a busca dos pontos que lhe garantam uma honrosa classificação, não mais havendo a diferença abissal de comportamento quanto ao local onde os jogos vindouros venham a ser disputados.
De primeira:
Será muito complicado para Marcelo Oliveira encontrar dois jogadores para suprir a ausência simultânea de Leandro Donizete e Tcheco para a difícil partida diante do time paulista - que o treinador seja feliz nestas escolhas.
Complicado criar tantas oportunidades de gol nas partidas fora de casa (nos momentos em que ataca seus adversários) e desperdiçá-las. Não adianta ser um dos ataques mais positivos da competição (vencendo somente em casa) e não ser eficiente como visitante. Um jogador verdadeiramente "matador" precisa entrar na pauta de prioridades do clube, sob pena de não sairmos da "zona do agrião".
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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