
De Torcedor pra Torcedor
O Coritiba é a única equipe invicta no Campeonato Paranaense 2011. Campeão do primeiro turno, o time Alviverde encerrou a primeira metade da competição sete pontos à frente do vice-líder e oito pontos à frente do seu mais tradicional - uma campanha inquestionável, portanto.
Engana-se, porém, aquele que imagina que somente números e coincidências positivas envolvem o clube do Alto da Glória nesta temporada.
Em doze jogos disputados até aqui na competição estadual, o Coritiba não teve nenhuma penalidade máxima marcada a seu favor - um dado, no mínimo, "curioso".
Como justificativa, pode-se questionar se efetivamente houve algum lance que caracterizasse a infração máxima a favor do Coxa. Bem, o lance em que Bill foi calçado na grande área, na última partida do primeiro turno, contra o Cianorte/PR, é a mais recente lembrança e prova inquestionável.
O contraponto perigoso é que do lado vermelho e preto da disputa, seu principal goleador na competição marcou cinco gols em cobranças de penalidades máximas. "Curioso", não?!
A distribuição de cartões aos jogadores Alviverdes também causa estranheza.
Quem não se recorda da partida em que o Coritiba venceu o C. Paranaense, de virada, no Ecoestádio? O árbitro Leandro Júnior Hermes conseguiu a proeza de amarelar sete dos onze jogadores Alviverdes, aplicando somente três cartões aos jogadores do time da casa.
Seria o Coritiba um time tão violento assim?
O jogo contra o Cianorte/PR teve um lance que penso ser semelhante a outro - ocorrido no jogo contra o P. Clube.
O zagueiro Valdir do time interiorano colocou a mão do rosto de Willian - volante Alviverde. Na sequência do lance, o jovem prata da casa Coxa-Branca atirou-se ao gramado e a confusão se estabeleceu. O que fez o árbitro Ricardo de Lima Legnani? Expulsou os dois atletas.
Comparo esse lance àquele em que o jogador Rafinha, ao sofrer um carrinho criminoso de Taianan - jogador do time da Vila Capanema -, levantou e simulou querer agredi-lo com uma cotovelada. O que Heber Roberto Lopes fez? Expulsou somente o jogador Alviverde.
Bem, no lance ocorrido em Cianorte/PR, digamos que o árbitro tenha entendido que o zagueiro Valdir tenha agredido o volante Alviverde e que este tenha 'simulado' uma gravidade maior da agressão, a ponto de também colocá-lo para fora da partida - o que já é um absurdo.
Sendo assim, alguém da FPF ou o próprio 'Colina das Araucárias' conseguiriam explicar o por quê do jogador tricolor não ter sido expulso no lance em que só não lesionou gravemente o jogador Coxa-Branca porque este, espertamente, pulou para não ser deslealmente atingido?
Não satisfeito com a expulsão de Willian, na partida contra o Cianorte/PR, o 'homem de preto' resolveu ter os seus cinco minutos de fama ao também expulsar o meia Tcheco.
Faço uma ressalva quanto à atitude absolutamente condenável praticada por Tcheco, quando atirou, de forma acintosa, a faixa de capitão ao gramado para reclamar da arbitragem. Naquele lance, se tivesse sido expulso, não haveria nenhum exagero por parte de Ricardo de Lima Legnani.
Contudo, se o 'homem do apito' entendeu pela aplicação do cartão amarelo, o jogo seguiu até que novamente Tcheco desse margem ao recebimento do segundo cartão amarelo, este sim, o qual contesto.
É elementar no futebol que o jogador que veste a faixa de capitão da equipe seja aquele que mais se dirigirá ao árbitro, no transcorrer de uma partida.
Tcheco sempre exerceu essa liderança. Quem não se recorda do jogo entre Coritiba x Grêmio/RS, no Estádio Couto Pereira, em 2008, quando o time gaúcho venceu pelo placar de 0x1, com gol de Marcel, e o experiente meia simplesmente 'apitou' aquela partida?
É evidente que Tcheco precisa se mostrar mais calmo - até porque serve de referência para os jogadores mais novos do elenco, contudo, o recebimento do segundo cartão amarelo em Cianorte/PR - quando ainda contestava a expulsão indevida de seu companheiro -, é mais um lance em que fica nítida a forma diversa como os jogadores Alviverdes vêm sendo sistematicamente tratados pelas nefastas arbitragens.
Aliás, retomando a "curiosidade" de não ter sido anotado nenhum pênalti a favor do Coritiba nesta temporada, até mesmo na Copa do Brasil tivemos que presenciar uma das maiores aberrações de arbitragem dos últimos anos.
Após uma cobrança de falta, o zagueiro do time do Ypiranga/RS claramente cortou a trajetória da bola com a mão direita, atitude que levou o árbitro Milton Etsuo Ballerini, meio a contra gosto, a anotar a penalidade máxima a favor do time Alviverde. Após a pressão dos visitantes e de uma conversa fugaz com o assistente, o absurdo: Milton voltou atrás e anotou o tiro de meta para a cobrança do goleiro gaúcho. O Coritibano Felipe Ribeiro registrou as imagens que comprovam a descrição deste inacreditável lance:
Será que esta atitude veio para compensar o gol irregular marcado pelo lateral direito Jonas, na partida disputada lá em Erechim/RS? Sendo afirmativa a resposta, o erro é maior ainda, pois não há nenhuma norma que determine que uma irregularidade seja compensada com outra.
Voltando ao campeonato estadual, dos 33 pontos disputados no primeiro turno, o Coritiba conquistou 29. Ater-me-ei à análise dos quatro pontos perdidos.
Já expressei neste espaço a opinião acerca da partida contra o P. Clube, onde o árbitro Heber Roberto Lopes foi o fator determinante para a perda dos dois primeiros pontos Alviverdes no campeonato.
Nesta oportunidade, entretanto, pretendo expor os fatos relacionados à partida diante do Arapongas/PR, disputada num 'gramado' absolutamente impraticável, como aquele do Estádio dos Pássaros.
Parto do princípio que o time mais qualificado tecnicamente será aquele que mais se ressentirá em jogar num piso com aquelas inconcebíveis condições. Imagino a diferença que um jogador Coxa-Branca tenha sentido ao sair de um gramado como o do Estádio Couto Pereira, para enfrentar o verdadeiro 'pasto' que encontraram no Estádio dos Pássaros.
Ainda assim, numa partida muito ruim tecnicamente, o Coritiba vencia o confronto contra o time da casa, quando, ao final da partida, tomou o gol de empate, perdendo outros dois pontos no campeonato.
Por ser dinâmico, jamais seria possível prever o placar final da partida no caso do gramado apresentar um estado normal de condições - qualquer projeção seria uma mera conjectura, entretanto, como mencionado, as chances de um melhor rendimento por parte do time mais técnico seriam infinitamente maiores.
Além do fator técnico, o estado do gramado do Estádio dos Pássaros, além de atrapalhar o rendimento do próprio time da casa, também colocou em risco todos os atletas que por lá foram obrigado a jogar.
Além da equipe do Arapongas/PR, Coritiba, Cascavel/PR, Rio Branco/PR e P. Clube também ficaram na iminência de ver seus jogadores lesionados, ou seja, o risco foi certo e perene desde o momento em que a comissão de vistoria da FPF concedeu o aval para a abertura dos portões daquela praça esportiva.
Acho engraçada a desfaçatez contida nas declarações do presidente da Comissão de vistoria da Federação Paranaense de Futebol, Reginaldo Cordeiro, quando afirmou que com a colocação de adubos no gramado, o risco para os jogadores se tornou evidente, motivo pelo qual, entendeu-se pela interdição do Estádio dos Pássaros.
Por favor, não subestime a inteligência dos consumidores do produto futebol, Sr. Reginaldo Cordeiro!
Gostaria de questioná-lo se os jogadores do Arapongas/PR e das demais equipes que passaram pelo Estádio dos Pássaros nesta temporada não correram estes riscos desde o momento em que suas vistorias foram ineficientes a ponto de liberar aquele gramado para a prática do futebol profissional?
Aliás, os riscos só foram identificados para a próxima partida que - coincidentemente é contra o único time da capital que ainda não se apresentou por lá?
A interdição não contempla um prazo determinado. Isso quer dizer que, passada a partida contra o A. Paranaense, estes mesmos riscos podem desaparecer como num 'passe de mágica' e as partidas voltarem a ser disputadas por lá?
Seria somente uma coincidência ou esta verdadeira manobra não teria um único propósito: tentar forçar a conquista do segundo turno pelo clube que receberá as benesses públicas para a Copa do Mundo em 2014?
Seria cômico, se não fosse uma verdadeira palhaçada esta interdição do Estádio dos Pássaros.
Em verdade, se os trabalhos de organização do campeonato paranaense fossem minimamente sérios, tal estádio sequer poderia ter aberto suas portas para o campeonato estadual desta temporada.
Confesso estar absolutamente indignado diante dos reiterados "erros" das arbitragens das partidas que envolvem o Coritiba e da evidente tentativa de se forçar uma decisão do campeonato estadual em duas partidas finais.
Creio não haver um movimento maior de cobranças por parte da coletividade Alviverde, porque o time está sobrando no início desta temporada.
Porém, é neste momento, em que o clube está passando por cima de qualquer adversidade, que se consubstancia a legitimidade para cobrar tratamento igualitário.
A falta de critérios devem ser apontadas sempre, independentemente do momento e dos resultados alcançados pelo time objeto de uma análise global - questão de isonomia, idoneidade e justiça.
Por fim, registro que não temo as manobras de bastidores que tendam a favorecer A ou B. Acredito no time Coxa-Branca e na sua capacidade de continuar passando por cima de tudo e de todos.
Acaso algum time jogue mais bola que o Coritiba neste segundo turno do campeonato estadual, que o faça em campo, pois do contrário, o Estatuto do Torcedor é uma arma que está ao alcance daqueles que apreciam o futebol e não admitem ser ludibriados.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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