
De Torcedor pra Torcedor
O futebol é apaixonante por se tratar de um esporte onde a imponderabilidade é a tônica principal.
Após a derrota Coxa-Branca na primeira partida da Copa do Brasil, a torcida apreensiva e a mídia esportiva voltaram seus olhos para o meia atacante Marcos Aurélio, com a justificativa dele se mostrar como a grande solução para os problemas do time Alviverde, não como sendo uma entre outras soluções.
Não há dúvida que a participação do experiente e decisivo jogador seja um dos desejos mais inequívocos de cada torcedor Coxa-Branca, contudo, ela precisa ser muito bem dosada, dimensionada.
Coritiba e Vasco da Gama se enfrentaram pelo Campeonato Brasileiro no último domingo. O placar elástico, sobretudo, a excelente performance de vários atletas Coritibanos trouxeram ao treinador Marcelo Oliveira algumas peças que não estavam assim, digamos, latentes aos olhos.
Sem desmerecer a atuação de nenhum atleta que goleou o time reserva do adversário da próxima quarta-feira, a atuação de Maranhão, Eltinho, Djair, Tcheco, Anderson Aquino e Leonardo, reservaram ao comandante Alviverde um leque de opções técnico/táticas para a montagem do time que buscará o tão almejado título da Copa do Brasil, ainda que o autor de três gols pelo Brasileirão esteja suspenso da grande final.
Quero destacar, entretanto, um personagem do último jogo: Tcheco. O experiente jogador foi o responsável pela cadência na hora certa, na aceleração no momento exato, na liderança em todo o tempo e na precisão nas bolas paradas.
Quem acompanhou as últimas partidas do Coritiba, especialmente aquela disputada em São Januário facilmente constatou um grave e recorrrente erro: a completa ineficiência nos cruzamentos alçados à área adversária – sempre com pouca altura, facilmente rechaçados pelos defensores.
Com Tcheco em campo no último domingo, as cobranças de faltas, escanteios e cruzamentos eram sempre direcionados à chamada 'área da muvuca', onde o goleiro não sai e os atacantes encontram a bola vindo na medida.
Numa partida que provavelmente se decida nos detalhes, uma cobrança de escanteio de Tcheco poderá significar o empate Alviverde nos 180 minutos e esta hipótese não pode ser simplesmente descartada.
Com as opções que se apresentaram para o treinador Alviverde, os holofotes que miravam o decisivo Marcos Aurélio mudaram de direção – o que é muito bom. Marcelo Oliveira terá ao seu dispor várias peças e queiram os astros que encontre o equilíbrio necessário na formação que entrará em campo.
Sejam quem forem os onze titulares, importa se atentar para os mais diversos panoramas da partida. É preciso que time e torcida estejam preparados para as mais diversas situações possíveis, como se estivesse movimentando as peças de xadrez ou encaixando as pequenas partes de um grande quebra-cabeça.
O que fazer se o gol não sair no primeiro tempo? Como agir se até o final da partida o placar não for aberto e ainda estejamos em busca do gol que levará a decisão para os pênaltis? Aliás, se a decisão se assemelhar à de 1985, teremos o sangue frio para as cobranças?
E se na hipótese do adversário abrir o placar, como os jogadores em campo e a torcida nas arquibancadas reagirão à árdua tarefa de chegar às redes por três vezes? Como ter o controle psicológico das ações para não se querer buscar o terceiro, sem ter feito os dois primeiros? Muitos times não se prepararam para este tipo de hipótese e ficaram pelo caminho – o regulamento da Copa do Brasil não admite erros.
É preciso ter uma estratégia para suplantar até mesmo as desigualdades que certamente serão promovidas pelo árbitro. O jogo do último domingo serviu como alerta, visto que a arbitragem de Célio Amorim foi de uma sordidez sem tamanho: diferentes critérios na anotação das faltas – sempre a favor do time do grande eixo, a não marcação de um pênalti claro em cima de Anderson Aquino, entre outras formas já manjadas e que servem para minar o time escolhido para ser prejudicado.
O placar de 5x1 pode ter feito com que a nefasta arbitragem tenha sido esquecida pela mídia esportiva, mas é preciso que nós, torcedores, não caiamos no mesmo erro.
Esse é o momento em que cada qual precisa discutir, mentalizar, se preparar para não ser surpreendido com as variáveis da decisão.
É preciso estudar a fundo estas possibilidades, a fim de que, transcorrido os 90 minutos, não corramos o risco de se arrepender de não ter dispensada toda a atenção aos pequenos detalhes antes do jogo.
Equilíbrio, frieza, cabeça no lugar, inteligência, foco, preparo, concentração, gana, denodo, força, velocidade, persistência, precisão e controle são apenas alguns dos 'metais' que forjam uma taça como essa.
Não será na marra, será no jeito, na paciência, no 'jogando junto com o time' sem parar de cantar.
Apoiemos os jogadores tal qual fazem algumas torcidas na Argentina (sem entrar no mérito de nacionalidades e afins). Chovendo ou fazendo sol, ganhando ou perdendo, jogando bem ou mal, os torcedores 'hermanos' parecem entrar em transe e, com suas palmas e músicas, se transportam para uma outra dimensão.
Se encarnarmos esse espírito, nem que seja somente nesta partida, as chances de triunfo se agigantarão.
É preciso entender que o Vasco da Gama, depois de sofrer as agruras de um rebaixamento, vem buscando retomar o seu espaço perdido no futebol brasileiro – tal assertiva se aplica também ao Coritiba, contudo, o clube do Alto da Glória precisou trilhar um caminho infinitamente mais tortuoso para chegar a este momento.
Se tiver alguém que mereça esta conquista, especialmente pelo desdém que enfrentou e ainda continua enfrentando por parte da crítica 'especializada', esse clube é o Coritiba. Por se tratar de um esporte, fica difícil falar em justiça, pois triunfará aquele que for mais competente.
Assim, se for a competência o ingrediente que necessitaremos para alcançar esta glória, que ela nos sorria muito mais que ao adversário.
Cabeça no lugar, energia positiva, jogadores suando sangue no gramado, tem que ser agora, há que ser agora.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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