
De Torcedor pra Torcedor
Ainda contagiado com a altíssima dose de adrenalina que corre nas veias, diante de um jogo épico no Alto da Glória, é preciso tentar compreender tudo o que houve no Estádio Couto Pereira, sobretudo, projetar os novos dias que seguirão após o jogo contra o Vasco.
Esse é o futebol: três jogos contra o time carioca, duas vitórias com a marcação de muitos gols (5x1 e 3x2) e uma derrota magra por 1x0, justamente a que mais pesou. Se tentar explicar isso para um matemático que não conheça os regulamentos das competições, o cidadão certamente enlouquecerá.
Lembrando das peculiaridades do jogo de ontem, penso que o treinador Marcelo Oliveira errou ao tentar uma nova formação, ainda não testada, num jogo de tamanha importância. Foi uma aposta que tinha 50% de dar certo. Não deu! A entrada de Marcos Paulo não atingiu a sua finalidade, o Coritiba saiu perdendo, mas o treinador teve humildade em reconhecer o equívoco, voltando à formação usualmente utilizada.
Perdemos 27 minutos de jogo, mas fomos para os vestiários com o placar de 2x1 - absolutamente dentro da disputa pela taça - faltaria mais um gol em 45 minutos.
E aí o imponderável mais uma vez se fez presente. Num chute venenoso, cheio de curvas, a bola acabou por enganar o grande goleiro Edson Bastos, entrando no meio do gol.
Lá ia o Coritiba novamente em busca de mais dois gols.
Um deles veio dos pés de um garoto que foi um gigante. O jovem Willian fez um golaço e o Coritiba voltou a jogar por apenas mais um gol (exatamente como voltou para o segundo tempo), isso aos 21 minutos de jogo na etapa complementar.
A partir daí, muita disposição, nervosismo e dedicação extrema dos jogadores. O lance capital foi a penalidade não marcada em cima do atacante Leonardo. Não afirmo aqui que seria o lance que decidiria uma melhor sorte ao Coritiba, pois a penalidade marcada não é sinônimo de convertida, mas o árbitro deveria ter feito o seu serviço pura e simplesmente.
O Coritiba lutou até o final, fez uma partida digna da condição de finalista e por muito pouco não ficou com a taça, mas ficou com muitas lições que devem ser absorvidas em prol de uma continuidade neste trabalho de reestruturação do clube.
Creio ser dispensável ressaltar, mas não há razão alguma para que o goleirão Edson Bastos se sinta "culpado" pela não conquista do título! Este infortúnio não pode e nem o marcará. Não é preciso sair em sua defesa, sua história fala por si.
Edson, fique absolutamente tranquilo, goleirão! Se tem alguém que deve ter vergonha do que fez é o seu colega de profissão que estava do outro lado, que tomou oito gols Alviverdes em dois jogos e, sob a conivência do árbitro, se utilizou daquilo de mais sórdido que existe no esporte para buscar seu objetivo.
Alguns poderão dizer que Fernando Prass usou da experiência e coisa e tal. Digo sem medo de errar: ficou com uma taça desbotada, amarga, conquistada na base do anti jogo, do jogo sujo - que faça bom proveito dela.
A você Edson Bastos o meu agradecimento, pois tudo o que conquistou e ainda conquistará com a camisa Coxa-Branca, se pautou em conceitos de honra, de trabalho, de suor, de jogo limpo, de caráter - isso, meu caro, ninguém lhe tirará.
Estendo este agradecimento a todos os atletas, funcionários e dirigentes Alviverdes. O Coritiba "caiu em pé", como menciona o jargão esportivo.
O trabalho de reconstrução institucional é inequívoco e nos devolveu a alegria de voltar a figurar entre os grandes do futebol brasileiro, disputando uma final de competição nacional. O título não veio dessa vez pelas mais variadas circunstâncias, contudo, mais uma vez o Coritiba dá mostras que sua armadura ganhou uma nova camada forjada a ferro e fogo, nos aproximando de um estágio que permitirá decidir estas competições de forma rotineira.
Precisamos entender que muito mais importante que a conquista do título, é a continuidade de um planejamento que não nos permita mais ver este tipo de final como um acontecimento único, que se repete a cada 25 anos.
O sentimento que causa desconforto à torcida Coxa-Branca é crer que perdemos uma chance única.
Ela não é e nem será uma oportunidade única. Seguindo este planejamento, estaremos mais fortes numa próxima final que se avizinha. Precisamos ter constância neste tipo de disputa - esse o maior objetivo a ser atingido.
Havíamos sido semifinalistas da Copa do Brasil em três oportunidades. Desta vez chegamos à final e ficamos muito próximo da conquista. Não tenho dúvida que em breve, muito em breve, a glória nos sorrirá, mas para isso é preciso que os dirigentes não esmoreçam e que os novos sócios não ajam de forma oportuna, abandonando o clube pela ausência do trofeu.
Parcimônia e equilíbrio para refletir sobre o que faltou nesta oportunidade e foco no trabalho que não pode parar no Alto da Glória, afinal, temos um Campeonato Brasileiro pela frente, com grandes chances de abreviar ainda mais a espera por dias gloriosos.
O fato pitoresco da decisão ficou por conta do clima em Curitiba. Na véspera do grande jogo uma chuva torrencial. o clima melhorou, o jogo aconteceu em condições tranquilas, mas os deuses do futebol não aprovaram a não marcação do penalti antes mencionado: se não houve correção aqui na terra, os céus trataram de se encarregar do castigo mandando uma providencial chuva de granizo como forma de protesto.
Nada é por acaso!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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