
De Torcedor pra Torcedor
Depois de ter sentido o sabor amargo do "quase" em pleno Estádio Couto Pereira, diante do Vasco em 2011, eis que o destino reservou ao Coritiba uma segunda chance de ser campeão da Copa do Brasil.
Esse poderia ser o enredo de uma história de superação, de inequívoca e imediata recuperação de um revés puramente esportivo, contudo amigos, tal qual ocorrera contra o time carioca quando ficou para a história a dúvida do que aconteceria se o árbitro Sálvio Spínola Fagundes Filho anotasse a claríssima penalidade cometida pelo zagueiro Dedé no atacante Leonardo, novamente nos deparamos com a sordidez que marca os bastidores do futebol brasileiro.
Se em 2011 o Coritiba errou, em 2012 na primeira partida da decisão também o fez ao desperdiçar várias oportunidades de marcar gols em Barueri - isto é indiscutível: faltou competência nos momentos de matar os adversários com suas próprias forças.
O que não está no enredo esportivo é a influência direta da arbitragem na frustração do que acontecera no ano passado e o que vimos diante do Palmeiras há quase uma semana.
É óbvio que um árbitro de futebol possa tomar a decisão errada ao julgar em frações de segundo um lance polêmico. O que é inconcebível é que a dúvida persista somente quando em favor do chamado "time menor" (menor por que? Porque não tem a mídia a seu favor?!)
Tomo como exemplo os dois lances de penalidades máximas que ocorreram na Arena Barueri. No agarra-agarra de Jonas e o atacante palmeirense o árbitro tinha três opções: deixar a jogada seguir tendo em vista a recíproca infração; anotar a falta em favor do Coritiba ou mostrar a "marca da cal". Optou por esta, principalmente porque seria um "perigo" deixar que os times fossem para os vestiários com a igualdade no placar...
O outro lance de penalidade máxima envolveu um jogador Coritibano - Tcheco. Quase ao final da partida, num lance que não comportava nenhum tipo de dupla interpretação, diante de sua flagrante ilicitude, o homem do apito mais uma vez deixou de apontar para a marca fatal (como ocorrera com Leonardo diante do Vasco).
Coincidência os lances de "dúvidas" não serem anotados em favor do Coritiba?
Eu creio que não. O que estamos presenciando é a safadeza do futebol brasileiro na sua mais cristalina prática e é contra tudo isso que o Coritiba precisará encontrar forças para desta vez levantar a taça no Alto da Glória.
Estive ao lado de vários amigos e de milhares de torcedores Coxas-Brancas nas arquibancadas da Arena Barueri.
Pude ver o time Coxa-Branca dominar a partida, mas ser ineficiente na hora de colocar a bola nas redes do gol adversário. Isto faz parte do jogo. Foi assim no Morumbi, onde o Coritiba mais uma vez dominou as ações diante do São Paulo e, sem a interferência da arbitragem, saiu derrotado pelo placar mínimo, num raro lance de qualidade individual do endiabrado Lucas.
O que não se pode aceitar, no entanto, é ver aqueles lances em que não é o jogador Coxa-Branca que define sua sorte, mas o homem do apito - sempre fazendo vistas grossas aos lances capitais que deixam de ser marcados, conforme determina as regras do jogo.
A torcida Coxa-Branca saiu de Barueri num misto de decepção, revolta e esperança. Decepcionada por ver seus jogadores não sabendo concluir as jogadas com eficiência. Revoltados com a safadeza da arbitragem e esperançosos por saber que no Couto Pereira a história pode e vai ser diferente.
Tenho notícia de que os jogadores saíram de campo revoltados. "Perder na bola é uma coisa, mas da forma como nosso time foi minado...", revelou-me um dos atletas que teria esmurrado os vestiários do estádio paulista.
Tal sentimento creio encontrar lastro nas palavras e atitudes do treinador Marcelo Oliveira. Depois de um ano e meio à frente do comando técnico da equipe Coritibana, ao final da partida foi tirar satisfação com o árbitro pelo prejuízo causado ao seus comandados, bem como fez questão de não poupar as críticas à arbitragem na sua entrevista coletiva.
Bom sinal. Sinal de raiva, sinal de que isso não vai ficar assim. Sinal que jogadores e comissão técnica não aceitam perder no apito.
No sábado que sucedeu a partida, cerca de 200 torcedores compareceram ao aeroporto Afonso Pena para recepcionar os jogadores titulares que regressaram a Curitiba para iniciar os trabalhos para o jogo da próxima quarta-feira.
O clima era de total apoio, de cânticos de incentivo, muitos deles compartilhados por alguns atletas já no interior do ônibus que levou a delegação à sede Coxa-Branca. Excelente clima de esperança no ar!
A poucas horas da decisão, deixo um pedido ao treinador Marcelo Oliveira e jogadores Coritibanos: usem e abusem dessa raiva, desse inconformismo.
Utilizem-no como um infindável combustível para correr e lutar em campo como se esta fosse a última partida de suas vidas.
Comprovem a Lei de Lavoisier que preconiza: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"!
Que a raiva se transforme em gana; que a frustração se transforme em luta; que o jogo sujo se transforme em motivação para responder na bola do que vocês são capazes, mas façam tudo isso com muita cabeça no lugar.
Que a necessidade de marcar gols não se transforme em pressa. É gol a gol que a conquista será alcançada. Marcar o adversário, sufocá-lo com a volúpia na medida certa - nem mais, nem menos.
Cuidado com a possibilidade da continuidade da "operação" iniciada em Barueri.
Não entrem "em fria"! Não se preocupem com o árbitro, não tentem "peitá-lo" porque é tudo do que ele precisa para "terminar o serviço".
Não entrem nas provocações que os jogadores paulistas certamente farão a mando de seu treinador que bem sabemos "fala muito".
Entrem em campo para fazer o que vocês sabem: defender a honra Coxa-Branca no solo sagrado do Estádio Couto Pereira. Joguem bola, joguem com gana, com raça, com total entrega e sobretudo alegria.
Chegou o momento de deixarmos de ser os "bonzinhos", os "gente boa" que de todas as formas são sacaneados e permanecem em silêncio, lamentando-se. Já sentimos o gosto amargo de assistirmos atônitos e incrédulos a "garfada" do infeliz árbitro da final do ano passado. Acabamos de acompanhar a safadeza do árbitro da primeira partida desta final.
Ficaremos calados (torcedores) ou passivos (jogadores e comissão técnica)? CHEGA! Agora É GUERRA!
Não vai faltar cânticos, palmas e apoio (torcida). Não vai falta esforço, amor à camisa e também a si mesmos (jogadores e comissão técnica).
Não preciso dizer que esta guerra não contempla violência, mas tão somente uma luta incessante na busca do restabelecimento da justiça no esporte.
Eu não quero nem saber, fico sem voz e sem mãos, mas não fico sem este troféu. Eu não desisti nem por um segundo. Há aqueles incrédulos, mas estes também estarão lá apoiando e se contagiando com a partida histórica que nossos atletas construirão em campo.
Está chegando a hora e eu vou estar lá até o fim, ao teu lado nesta luta, Coritiba!
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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