
De Torcedor pra Torcedor
13 de dezembro de 1995. Estádio Couto Pereira. Coritiba 3x0 Atlético/PR. Coritiba retorna à elite do futebol brasileiro após a canetada de Ricardo Teixeira em 1989.
Lembro daquela noite como se fosse ontem. Lembro do primeiro gol marcado por Alex e seu lançamento preciso, milimétrico para o Pachequinho fazer o terceiro e proporcionar uma das maiores alegrias que vivi no Alto da Glória.
Eu estava lá e vi. Ninguém me contou. Eu senti aquela emoção, seria impossível alguém descrevê-la para mim.
Aquele garoto ainda franzino destacava-se e logo depois teve que ser negociado a preço vil diante da situação caótica que o clube se encontrava.
Passaram-se 18 anos e como foram longos todos eles.
Sempre confiei que o coração guiaria o "garoto de ouro" para a sua casa. Muitos poderiam dizer: "Ah, pensar assim é só alimentar o sonho do torcedor". Não, não seria assim no caso de Alex.
Eu mesmo já havia escrito que esta volta poderia ter se dado em 2011. Não era a hora. Ele sabia quando a mesma chegaria.
06 de junho de 2013. Estádio Couto Pereira. Coritiba 2x1 Fluminense. O clube do Alto da Glória assume a liderança do Campeonato Brasileiro pela primeira vez no sistema de pontos corridos. O lançamento primoroso, preciso, frio e único de Alex possibilitou a abertura do placar. Ainda mais formidável foi o seu gol marcado aos 42 minutos da segunda etapa. Um gol simbólico, o gol 400, um gol que valeu a vitória, a liderança e um orgulho incontido no peito dos mais de 1,2 milhões de torcedores Coxas-Brancas espalhados pelo mundo.
Eu estava lá e vi. Ninguém me contou. Eu senti aquela emoção, seria impossível alguém descrevê-la para mim.
Estes dois momentos separados por tantos anos jamais sairão da minha memória.
Se aquele garoto promissor que foi embora em 1995 pudesse interagir com este atleta consagrado de 2013 juro que gostaria de estar à mesa para ouvir eles conversarem, um momento que refletiria a essência do futebol, certamente.
Obrigado Alex!
Obrigado ídolo Alex! Obrigado gênio Alex! Obrigado amigo Alex!
Vida longa e muita saúde!
Sinto-me absolutamente privilegiado por ver este gênio vestir mais uma vez esta centenária camisa. Não teve proposta milionária, status de clube grande, mídia, pressão de grande treinadores capazes de impedir que voltasse ao seu lugar: o estádio Couto Pereira.
O que lamento e até de certo modo me envergonho é saber que este craque está em campo com a camisa 10 do Coritiba e ver tantos e tantos lugares vazios neste estádio.
Boa parte da torcida Coxa-Branca ainda não se deu conta da oportunidade que está ao seu alcance.
O cara que veste a nossa camisa 10 é nada mais, nada menos que um dos maiores craques que o futebol mundial já produziu. Sua simples presença em campo, ela por si só, deveria servir de motivo mais do que suficiente para que a casa Alviverde estivesse lotada a cada vez que seus pés pisassem aquele gramado.
Talvez consigam dimensionar esta oportunidade quando o Alex parar definitivamente, passar de ídolo à lenda e deixar saudades. Aí, quem sabe, coloquem a mão na consciência e, num misto de arrependimento e nostalgia, percebam o que perderam.
Numa das cenas do filme Coração Valente, William Wallace faz um discurso para encorajar seus compatriotas a não desistirem da luta frente ao poderio do exército inglês. Naquele momento ouviu de um dos seus soldados uma frase que revelava a vontade de não lutar, voltar para casa e continuar vivo.
Wallace olhou em seus olhos e disse: "Sim, vá embora e viverá, mas por quanto tempo? O pior acontecerá no futuro quando olhará para trás e tudo o que gostaria era de uma chance, somente uma chance de voltar no tempo, estar aqui e agora para falar aos nossos opressores que eles podem nos tirar tudo, menos nossa liberdade"!
O discurso, como era esperado, encheu de brios os escoceses e, batalha após batalha, conquistaram o seu ideal de liberdade.
Faço esta analogia e a trago para o universo Coxa-Branca: torcedores, não se permitam serem tomados pelo arrependimento. Vivam com intensidade e participação cada um destes mágicos momentos que nós, e somente nós, temos a oportunidade de presenciar este gênio em campo.
Ele abriu mão de muita coisa para aqui estar, sendo feliz. É tão difícil que saiamos da inércia para lotarmos o estádio a cada jogo em que ele esteja defendendo nossas cores?
Se você, caro amigo Coritibano pensa que o que aqui está escrito é exagero, pergunte a qualquer torcedor turco qual é o sentimento que lhe tomou conta desde a partida do grande capitão.
Caso ainda não tenha se convencido, dá uma conferida num dos milhares de vídeos que mostram um pouco do repertório deste gênio.
Quem sabe assim, já a partir do jogo contra o Náutico você não deixa o comodismo de lado e vai até o Couto Pereira para aplaudi-lo juntamente com seus companheiros?
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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