
De Torcedor pra Torcedor
"Ufa, enfim, o Tetra"...
Esse é o sentimento que marcou boa parte da torcida Coxa-Branca ao apito final do clássico atleTIBA. Ao invés de somente comemorarmos um feito que entra para a história, é quase natural que o sentimento de alívio tenha sido o último experimentado neste campeonato estadual.
Não há dúvida que este alívio veio em decorrência de um fato: o Coritiba detinha a "obrigação" de conquistar esta competição. Qualquer outro resultado nesta temporada seria desastroso.
Se havia alguma equipe que entrava em campo sempre pressionada em busca desta conquista, muito mais do que os três pontos a cada partida, esta equipe era o Coritiba.
E foi o que se viu. Em diversas ocasiões o time Alviverde se mostrou abaixo da crítica, realçando ainda mais as desconfianças que recaem sobre vários jogadores do elenco e também na jovem comissão técnica.
Na prática, essa "obrigação" de conquista fez mais mal do que bem ao Verdão. Quando se esperava que a maturidade da equipe se originaria justamente com ela, o que se viu foram poucos jogadores se destacando individualmente, enquanto outros simplesmente "sumiram".
Dia desses o capitão Coxa-Branca concedeu uma entrevista a uma rádio da capital paranaense, na qual revelou, ao menos na minha opinião, o principal motivo que ainda prende este elenco ao chão: a "fraqueza mental".
Antes que se diga que a "fraqueza" é SÓ mental, é evidente que se verifiquem as carências que o elenco Alviverde possui no âmbito técnico e que sejam suprimidas diante das contratações que se mostram necessárias.
O que é importante frisar é que, por se tratar de um esporte coletivo, se a equipe estiver disposta a superar as limitações individuais em busca de um objetivo comum, o caminho para a conquista se tornará sempre mais abreviado.
Citarei dois exemplos de equipes Coritibanas que alcançaram seus objetivos justamente por serem "fortes mentalmente": os times de 1985 e de 1999.
A equipe campeã brasileira, comandada pelo grande Ênio Andrade, não contava com nenhum destaque individual. O ponto forte que a levou à glória máxima do clube foi a força, a entrega e a confiança de cada jogador de que o sonho era possível.
Não foram poucas as ocasiões que, conversando com Heraldo, Rafael e Tobi ouvi relatos de que aquele time até podia perder, mas deixava a alma dentro de campo. Quando um atleta esmorecia, os demais corriam por ele - o que lhe renovavam as forças e o ânimo.
Nada estava perdido para o time que calou o Mineirão e o Maracanã. Quando todos pensavam que o time Coxa ficaria pelo caminho, a garra, a vontade de vencer sempre eram recompensadas.
Por seu turno, a equipe liderada pelo polêmico atacante Cleber Arado, em 1999, é outro bom exemplo. O Coritiba estava prestes a completar uma fila de 10 anos e tinha pela frente uma forte equipe que invariavelmente lhe impunha as derrotas naquela fatídica década, o Paraná Clube.
Assim como o time de 1985, o Coxa não apresentava jogadores que se destacassem, mas contava com uma equipe aguerrida, disposta a pôr fim àquele jejum.
Após vencer a primeira partida no Estádio Couto Pereira, o time verde e branco enfrentou duas batalhas históricas contra a equipe que detinha a hegemonia paranaense. Após sair duas vezes atrás do marcador com placar de 2x0, buscou o empate em ambos os confrontos e ficou com o cobiçado trofeu.
O ponto em comum entre as duas equipes e que se mostrou o diferencial para as conquistas foi justamente essa "força mental", esse querer a qualquer custo, esse nunca se entregar, esse lutar até o fim.
É o que falta a alguns atletas do atual elenco. Durante os momentos de dificuldade dentro ou fora das partidas é preciso que haja obstinação, confiança, atitude e o que se tem visto é justamente o contrário.
A conquista de 2013, diferente das duas mencionadas, se deu sim pela melhor qualidade técnica de determinados atletas. Na hora H esta qualidade apareceu e fez a diferença.
Se hoje o time Coxa-Branca conta com a destacada qualidade técnica de Leandro Almeida, Emerson, Alex, Rafinha, Bottinelli, Deivid e Keirrison, entre outros, que tal somá-la ao componente de "força mental" que marcava aquelas outras duas equipes?
Imagino ter sido esse o pensamento do capitão Alviverde ao conceder a entrevista. Ao expor essa necessidade de atingir a "força mental", creio que entenda ser esse o ingrediente que falta à equipe para dar o passo adiante neste constante processo de fortalecimento.
A chance para o time Alviverde começar a demonstrar uma mudança de atitude no quesito "força mental" se dará na próxima quinta-feira, diante do Nacional/AM.
Quem sabe o destino reservou a necessidade de fazer 3 ou mais gols de diferença justamente para conceder a este grupo de jogadores a oportunidade de mostrar que muito mais do que a bola no pé, o sucesso no futebol começa com uma equipe "forte mentalmente".
Abro e fecho um parêntese para registrar que as competições que se avizinham deflagram a inequívoca necessidade de reforçar, além da mente, a qualidade técnica de alguns setores da equipe - missão para a diretoria cumprir.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
facebook
twitter.com/percycoxa
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)