
De Torcedor pra Torcedor
Há exatos 188 anos, às margens do Riacho Ipiranga, o Príncipe Regente do Brasil Dom Pedro I desembainhou sua espada, erguendo-a aos céus e bradando para quem quisesse ouvir: "Independência ou Morte"!
O grito, muito mais do que um ato heróico, simbolizou o processo de desfazimento do laço que prendia a colônia à metrópole. O Brasil desvinculava-se de Portugal, tornando-se independente.
Eis o motivo do feriado nacional que hoje comemoramos. Por certo que os livros de história escondem todo o bastidor político que permeou o processo de independência do nosso país, contudo, importa destacar aquele momento simbólico que marcou o fim da dominação portuguesa e a submissão brasileira.
Não à toa que o Coritiba Foot Ball Club encerra neste mesmo dia 7 de setembro seu exílio imposto por aqueles que se sentem no direito de dominar, espezinhar, sobrepujar.
Após os acontecimentos lamentáveis (mas não os pioneiros, nem tampouco os únicos) do dia 06 de dezembro de 2009, os 'arautos da justiça' que infestam o antro do superior tribunal de justiça desportiva (stjd) aplicaram ao Coritiba a inconcebível pena de perda de 30 mandos de jogos e R$ 600.000,00 de multa.
Após toda uma novela para julgar o recurso interposto pelo clube, tal pena fora 'diminuída' para 10 jogos e R$ 100.000,00 - mesmo que a primeira sanção tenha se mantido no patamar máximo previsto na 'lei' desportiva.
Irresignado, o clube seguiu na sua luta solitária - haja vista a nossa Federação ter sido vergonhosamente omissa neste episódio e, salvo alguns 'gatos pingados' do meio político que ao menos demonstraram suas contrariedades à arbitrariedade que o clube mais tradicional do futebol paranaense estava sendo submetido -, em busca de uma 'justiça desportiva' que nunca veio e nem nunca virá.
Mesmo sendo alvo de dirigentes que mais se preocuparam com "contratos de 38%"; de marginais travestidos de torcedores; de uma imprensa hipócrita, nojenta e parcial e de uns pseudo juristas que brincam de promotores e juízes, eis que o Coritiba, neste dia 7 de setembro de 2010, na Arena Joinville, também gritará bem alto, para quem quiser ouvir: Independência ou Morte - que bem poderia ser traduzido por: Respeito e Justiça!
Queremos a nossa independência de gestões amadoras e lesivas aos interesses do clube - a atual forma de como o clube vem sendo gerido já serve como um fio de esperança ao grande público torcedor -; queremos a nossa independência de marginais que se sentem no direito de imaginar que são mais 'reais que o rei', ou seja, mais importantes do que a própria instituição, a ponto de fazê-la sofrer a sanção que ora se encerra - diga-se de passagem que não se trata de individualizar condutas, mas estendê-las a todos aqueles que se dizem torcedores do Coritiba; queremos nossa independência dos efeitos nocivos de jornalistas hipócritas que tanto esforço fizeram para criar a imagem de um monstro vestido de verde e branco; queremos nossa independência dos tentáculos pegajosos do procurador geral (torcedor declarado do A. Paranaense) Paulo Schmitt, bem como de seus pares no stjd, mas acima de tudo, queremos a nossa independência da aplicação parcial da 'lei desportiva' vigente neste país.
Que todos nós, torcedores Coxas Brancas, por uma questão de justiça, nunca nos esqueçamos dos malefícios a que fomos submetidos e cobremos a aplicação do mesmo peso da sanção que suplantamos àqueles que se enquadrarem no precedente que criamos. Tal cobrança deverá ser feita pelas vias legais, se preciso for.
Tudo o que exigimos é respeito. Nossa imagem vitoriosa será reconstruída e não será os Paulos Schmitts da vida que nos farão fraquejar.
Escrevi que a meta Coxa Branca deveria ser a conquista dos 30 pontos em Joinville. As dificuldades se somaram e alguns pontos foram diminuídos desta matemática. Importa destacar, no entanto, que o Coritiba pagou pelos seus 'pecados' e poderá voltar para casa de cabeça erguida, sem dever nada a ninguém.
Os anos passarão e JAMAIS alguém poderá nos acusar da utilização de subterfúgios para nos eximirmos de nossa 'pena' - algo tão corriqueiro neste país. Voltaremos para o Couto Pereira para a arrancada final rumo à Série A, bem como ao título desta maldita competição que mais parece um purgatório.
Que ainda antes do final do ano, tenhamos consolidado uma nova realidade composta por dirigentes que efetivamente se esmerem em bem conduzir os destinos do clube; por torcedores que sequer sonhem em atirar um copo plástico dentro do gramado do Couto Pereira e por jogadores e comissão técnica que busquem incessantemente elevar este clube ao seu lugar de direito.
Hoje, ao lado do meu grande amigo Cláudio Réus e demais coritibanos de 'corpo e alma', estarei cumprindo a décima parte da promessa que fiz a mim mesmo de ir a todos os jogos em Joinville.
Lembro do dia em que, na companhia dos amigos Ricardo Fernandes, Camilo, Samir e Niltinho, assisti o primeiro jogo na bela cidade catarinense e não via a hora do décimo jogo chegar... ele chegou! É hoje, às 21h00.
A partir das 23h00, aproximadamente, o Coritiba estará voltando para a sua casa, desta vez para ficar.
Não tenho dúvida que ao sair da Arena Joinville pela última vez nesta série de 10 jogos, uma forte emoção me contagiará.
Com os olhos marejados, sentirei um misto de saudade, agradecimento e alegria por saber que dentro de alguns dias estarei novamente cruzando os portões de acesso às cadeiras da reta da Mauá.
No dia 18/09, no entanto, tenho a certeza de que já não conseguirei segurar as lágrimas.
União, trabalho e muitos sócios = Coritiba forte e vencedor!
Saudações Alviverdes,
Percy Goralewski
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